Em 785, quando seu pai, Tanetsugu foi assassinado, Nakanari recebeu o título de Jū go i ge (従五位下,oficial júnior de quinto escalão?) apesar da sua juventude. Na corte de Kanmu, ocupou vários cargos regionais, bem como posições na guarda imperial e no Daijō-kan. Foi promovido três vezes, culminando com o posto de Jū shi i ge ( 従四位下 ,oficial júnior de quarto escalão?) em 801.
Na corte do imperador Heizei, sua irmã mais nova Kusuko se tornou a preferida do Imperador, e Nakanari aproveitou do fato para angariar maior poder político. Mas apesar disso, suas ações traiçoeiras e arbitrárias acabaram tornando-o impopular. Se envolveu no Incidente do Príncipe Iyo de 807, em que o irmão mais novo de Heizei, o príncipe Iyo foi acusado de liderar uma conspiração que terminou com o seu suicídio, após o qual Nakanari foi promovido a posições mais importantes. Em 809 foi nomeado Kansatsu-shi ( 観察使 ,Kansatsu-shi?) de Hokurikudō, uma posição equivalente a de sangi, juntando-se assim as fileiras do kugyō.[2]
Mais tarde nesse ano, Heizei abdicou do trono em favor de seu irmão mais novo, o Imperador Saga. Nakanari e Kusuko, temendo a perda de sua influência política, mudaram-se com Heizei para Heijō-kyō e planejaram retomar o trono, encorajando Heizei a criar uma Corte adversária a de Saga, fato que ficou conhecido como o Incidente Kusuko.[3] Em 810, Saga eliminou o Sistema Kansatsu-shi criado por Heizei. Heizei ordenou que a sede da capital deveria retornar para Heijō-kyō no outono, as relações entre as duas Cortes pioraram ainda mais. Saga decidiu vetar a mudança da capital. Quatro dias após a proposta da Heizei, enviou delegados para as províncias de Ise, Omi, e Mino ordenando-lhes para fechar suas fronteiras. Alguns dias mais tarde Nakanari foi capturado. Foi preso e rebaixado a Kokushi (governador provisório) de Sado, para que no dia seguinte pudesse ser fuzilado por Ki no Kiyonari ( 紀清成 ) e Sumiyoshi no Toyotsugu ( 住吉豊継 ).[4]Kusuko morreu envenenada, Heizei fez a tonsura e se tornou um Bhikkhu (monge budista).
A execução de Nakanari foi considerada a última realizada pela Corte até a Rebelião Hōgen de 1156. No entanto, de acordo com o estudioso Masataka Uwayokote.[5] como o método de execução utilizado não seguiu as opções definidas no Código Yōrō: decapitação ou estrangulamento, e como aconteceu depois que Nakanari foi oficialmente rebaixado, esta execução seria uma ordem pessoal do Imperador, ao invés de uma execução formal sob o ritsuryō.
↑ Michelle Ilene Osterfeld LiAmbiguous Bodies: Reading the Grotesque in Japanese Setsuwa Tales (em inglês) Stanford University Press, 2009 pp. 136-137 ISBN 9780804771061
↑H. Richard OkadaFigures of Resistance: Language, Poetry, and Narrating in The Tale of the Genji and Other Mid-Heian Texts (em inglês) Duke University Press, 1991 pp 140-143 ISBN 9780822311928