Humberto Linden Jr., filho do serralheiro Humberto Linden e Cecília Gülden,[2] nasceu na cidade de Düsseldorf em setembro de 1876, sendo o último de quatro filhos do casal.[1] As fontes fornecem poucas informações quanto a infância de Humberto,[1][2][12] exceto que ele cresceu no bairro industrial de Oberbilk e foi educado na religião católica. A casa onde viveu foi destruída durante bombardeios na segunda guerra mundial junto da Igreja onde foi batizado.[1][13] Quando Humberto completou 15 anos, perdeu o pai.[1] Alguns anos depois, em 13 de maio de 1894,[1] decidiu matricular-se no seminário de Harreveld, no município de Oost Gelre, na Holanda, perto da fronteira com a Alemanha.[1] Esse seminário recolhia os noviços provindos desse país,[14] em época na qual todas as ordens religiosas haviam sido extintas no Império Alemão, devido à Kulturkampf.[1][15]
Carreira Religiosa e Vinda ao Brasil
Ao iniciar a carreira franciscana, Humberto recebeu o hábito franciscano e um novo nome, em homenagem a São Bruno.[1] Logo no início donoviciado em Harreveld, Frei Bruno foi convocado a ser missionário no Brasil e aceitou o convite,[2] embarcando no vapor Argentina em Hamburgo no ano de 1894, junto com outros 23 noviços. Chegou a Salvador, na Bahia, em 10 de julho do mesmo ano.[1] Completou os três anos de profissão simples no Convento São Francisco em Salvador, em seguida terminou os estudos em filosofia em 1897.[1][12] Em terras baianas, Frei Bruno completou o noviciado, saiu-se ileso da febre amarela, estudou filosofia e teologia e fez profissão solene, esta a 19 de maio de 1898. No ano seguinte, seguiu para Petrópolis a fim de realizar o estudo da teologia por dois anos.[1] Em 24 de fevereiro de 1900 foi ordenado subdiácono e em 1 de maio recebeu o diaconato, um ano depois, recebe a ordenação sacerdotal, todas as ordenações recebeu-as de Dom Francisco do Rego Maia.[1]
Frei Bruno continuou em Petrópolis como padre coadjutor, visitando capelas distantes, tais quais Nova Iguaçu e Duque de Caxias, hoje dioceses. Em 1902, foi transferido para Gaspar, em Santa Catarina, pois os franciscanos haviam aceitado a paróquia daquele município. Em 1903 assume a paróquia de Cebolas, retornando à diocese de Petrópolis.[1] Em 1909, a ordem franciscana devolveu a paróquia de Cebolas à diocese de Petrópolis e Frei Bruno assume a paróquia São José em Santa Catarina.[1] Permaneceu nessa paróquia até 1917, ano de importância para a vida de Frei Bruno, quando Venceslau Brás declarou guerra contra a Alemanha.[1][16][17] Na noite de 29 de outubro de 1917, um grupo de fanáticos patriótas em São José atacou o convento franciscano, a Igreja e a escola paroquial, caçando os frades durante a noite por serem alemães.[17] Nesse mesmo dia, também atacaram várias residências de famílias alemãs.[1][17] Devido ao início da guerra e a hostilidade de alguns habitantes à população alemã, Frei Bruno foi enviado à Não-Me-Toque e assumiu a paróquia ali sediada.[1][2] Durante esse tempo, viveu também em Tapera e atendeu todas as outras capelas da região.[1] Em 1926, assume a paróquia de Rodeio, onde passará os próximos 19 anos.[1][18] Em 1945, foi enviado para suprir a paróquia de Esteves Júnior, uma pequena vila que na época fazia parte do município de Concórdia,[1] mas hoje faz parte de Piratuba.[19]
Últimos Anos
Em agosto de 1945, devido à doença do pároco de Xaxim, Frei Bruno assume o seu lugar na paróquia daquela cidade.[1] Nessa paróquia, algum tempo depois, inaugurará uma nova igreja matriz, em estilo neogótico.[1][20] Em 1955, a sua saúde degenera, enfraquecendo-o e dificultando suas atividades como padre.[1] Nessa época, a população já cultivava sua fama de santidade, e ele é descrito no diário de um frade que o conheceu como: "Velhinho, corcunda, simples, mãos calejadas e santo".[1] No mesmo ano, é acometido por uma forte crise de insuficiência cardíaca.[1] Devido à doença, é transferido para a paróquia de Luzerna, a fim de repousar.[1] Passou então, os últimos anos na paróquia de Joaçaba, mesmo com a doença, continuou realizando as longas caminhadas que o tornaram famoso, interessou-se pelos detentos e pelas confissões, que realizou até os seus últimos dias.[1] Além disso, preocupado com a situação precária das empregadas domésticas, organizou a União das Empregadas em Joaçaba.[1] Em três de junho de 1959, celebrou a missa pela última vez, e no dia 25 de fevereiro de 1960 faleceu, tendo atendido confissões até o dia anterior à sua morte.[1]
Legado
Processo de Beatificação
Em 2013, iniciou-se o processo de beatificação de Frei Bruno, sob a supervisão de Dom Mário Marques.[8] Assim, deu-se início à coleta de documentos e relatos de milagres realizados pela intercessão de Frei Bruno.[8][10] Foi coletada a documentação de três milagres para ser enviada ao Vaticano, para a Congregação para as Causas dos Santos, além disso, iniciou-se a confecção de uma biografia para documentar a vida de Frei Bruno.[21][22]
Monumentos e Homenagens
Pelas cidades nas quais passou, Frei Bruno deixou forte impressão na mentalidade popular e na religião do povo,[1][2][7] principalmente pelo seu estilo de vida ascético e pela fidelidade ao cristianismo.[1] A maior homenagem é o Monumento Frei Bruno, uma estátua construída em Joaçaba, com 37 metros de altura, uma das maiores do Brasil, somente três metros menor que o Cristo Redentor (40 m).[9][23] Anexo a estrutura há um museu dedicado ao Frei Bruno.[9] Também, na Catedral Santa Terezinha do Menino Jesus, em Joaçaba, há um museu com itens pessoais de Frei Bruno, abaixo da secretaria paroquial[9]. Na cidade de Rodeio, há um oratório dedicado a Frei Bruno.[24] Em Xaxim, há uma praça batizada Praça Frei Bruno,[25] além do hospital Frei Bruno.[26] Além disso há ruas em diferentes cidades que foram nomeadas em homenagem a Frei Bruno, como Timbó, Ascurra e Porto Belo.[1][27][28] Ademais, anualmente organiza-se a romaria penitencial Frei Bruno em Joaçaba, que já chegou a reunir 60 mil pessoas.[3][4][5][6]
Relatos Sobrenaturais
Além das curas, outros milagres são atribuídos a Frei Bruno, como a bilocação[1][21]. Frei Bruno costumava caminhar muito, por vezes cobrindo grandes distâncias, há relatos de que ele conseguia cobrir essas distâncias em grande velocidade, por vezes superando a velocidade de automóveis[1]. Além disso, há relatos de momentos nas quais o Frei estaria rezando a missa em dois lugares distintos ao mesmo tempo, fenômeno conhecido na hagiografia católica como bilocação[1][29].
↑STANTON, Shelby (2006). World War II Order of Battle: An Encyclopedic Reference to U.S. Army Ground Forces from Battalion through Division, 1939–1946. [S.l.]: Stackpole Books. p. p. 174 !CS1 manut: Texto extra (link)
↑SARETH, Paul J (1991). «History of the Franciscan Institute Library». St. Bonaventure University - Franciscan Institute Publications. Franciscan Studies - The Franciscan Institute Fiftieth Anniversary Edition. 51: 69-72. Consultado em 1 de janeiro de 2021
↑ARAÚJO, Jonny Santana de (2014). «A guerra que vai acabar com todas as guerras"». Universidade de Passo Fundo. História; Debates e Tendências. 14 (2): 318-333. Consultado em 1 de janeiro de 2022
↑ abc«O Estado»(PDF). Florianópolis (746). 31 de outubro de 1917: 1-4. Consultado em 1 de janeiro de 2022