Francisco Monteiro Pereira de Azevedo nasceu em Resende, Diocese de Lamego, e foi batizado a 24 de setembro de 1738[1], filho de Francisco Monteiro[6]. Com 10 anos, a 4 de maio de 1748 vai para o seminário de Lamego[1]. Completa o bacharel a 12 de novembro de 1758[1][6], e licenciado a 27 de janeiro de 1759, no curso de Direito Civil da Universidade de Coimbra[6]. A 8 de fevereiro de 1759, começa a lecionar Direito Civil na Universidade, nomeado pela Inquisição de Coimbra. A 21 de setembro de 1781, é feito subdiácono, e no dia seguinte é doutorado em Direito Civil pela Universidade de Coimbra.[1] Com a morte de José do Menino Jesus, bispo de Viseu, a 14 de janeiro de 1791, é eleito bispo de Viseu a 1 de maio do mesmo ano, e é lhe enviada carta para o mesmo efeito a 4 do mesmo mês.[7]
Mandato Episcopal
Após ter sido eleito bispo de Viseu, D. Francisco Pereira de Azevedo começou um período de grandes obras e reformas pela Diocese de Viseu.
Com o crescente aumento da necessidade da edificação de outro hospital, além do antigoHospital das Chagas, era necessário a criação de outro hospital na cidade.[8] Portanto, a 29 de março de 1793, depois da doação de quantias avolumadas de dinheiro, tanto por parte de clérigos como de particulares, Dom Francisco Pereira de Azevedo lança a primeira pedra, daquele que iria ser, mais tarde, o Hospital de São Teotónio.[8][4] Sob a pedra, colocou um exemplar de todas as moedas portuguesas cunhadas, até àquela altura no reinado de D. Maria I e doa mil trezentos e doze contos de reis para a construção da mesma.[4]
Durante o seu mandato episcopal, também se vão denotar várias visitas às diferentes paróquias da Diocese de Viseu. Em 30 de Agosto de 1795, visita a Igreja do Castelo de Penalva[9], e faz outras visitas pelas várias paróquias da Diocese. Entre 1794 e 1797 é Provedor da Misericórdia.[10]
A 24 de março de 1800, faz uma visita a Espinho, Mangualde.[11]
Em 1801, durante o seu mandato, os moradores de Carregal do Sal decidem edificar a Igreja de São Brás.[12]
Por volta de 1807, Abraveses recebe o título de paróquia do Aro de Viseu, no entanto, com atribuições espirituais limitadas. Esta situação orientada por um Cura, sujeito à paróquia Oriental, durou cerca de oitenta anos.[13] Depois de visitar o bispado e verificando que a sua área e situação demográfica, distribuída por cinco arciprestados, era demasiado vasta foi criada uma nova divisão territorial. Assim, dos anteriores cinco arciprestados passaram a dezasseis, obtidos pelo desmembramento de cada um em vários outros. O Aro, paróquias à volta da sede, é dividido, então, em cinco novos arciprestados urbanos e suburbanos.[13]
No caso da Catedral de Santa Maria de Viseu (Sé), foi em 1808, por sua ordem, dada a instalação do órgão da igreja, elemento que se encontrava na Sé até aos anos 60 do século XX[14], entre as duas primeiras colunas da nave do lado esquerdo. Os seus motivos decorativos também assim o atestam, estando a sua parte superior rematada com o brasão do bispo. Foi seu construtor Luís António dos Santos, marceneiro e organista.[15]
O bispo Dom Francisco Pereira de Azevedo pela sua bondade e pelas suas virtudes,[15][3] gozava da maior simpatia e popularidade em Viseu, fazendo imensa caridade aos pobres da Diocese.[15][16]
Invasões Francesas e a Junta dos Prudentes
Durante a primeira invasão francesa a Portugal, e breve ocupação por parte das forças francesas de Viseu, é em 30 de junho feita a aclamação da Junta Provisional do Governo Supremo, tendo o próprio bispo de Viseu procedido à aclamação do Príncipe Regente como Rei de Portugal e declarado a ocupação francesa ilegítima, juntamente com as autoridades locais, tendo sido eleito como o presidente da Junta de Viseu.[17]
Na manhã de 11 de julho, mais de três mil habitantes da cidade dirigiram-se em grande alvoroço para o Colégio e o adro da Sé, de modo a darem ao bispo e à sua Junta todo o poder da governação da cidade. A junta decide portanto, a prisão do governador de Armas da região, Florêncio José Correia de Melo, e a prisão do juiz de fora da cidade e dos camaristas.[17] Dom Francisco é, com isto, eleito pela multidão "Generalíssimo Bispo"[17][18], e eleito como general adjunto António da Silveira Pinto da Fonseca.[17][18]
Com o conhecimento da sublevação de Viseu e da prisão dos seus representantes pela Junta dos Prudentes de Viseu, a Junta Provisional do Governo Supremo ordena a 9 de setembro a libertação do juiz de fora, juntamente com o general.[18]
Em 1810, no decurso da terceira invasão francesa, e temendo retaliação aos populares semelhante à realizada por Loison em 1808, aconselha os vários abades da Diocese, desta vez, a persuadirem as populações a manterem-se pacíficas e não retaliarem, a bem das suas vidas.[19]
De mesmo modo, a 18 de Junho de 1810 encarrega-se da preservação, catalogação e armazenamento dos livros paroquiais de batismo, casamento e óbito do seu seminário episcopal.[2]
Ainda em 1810, é Dom Francisco Monteiro Pereira de Azevedo que define o Palácio Episcopal de Fontelo, em Viseu, como a residência permanente dos bispos de Viseu. O Seminário e Paço dos Bispos foram gentilmente cedidos por D. Francisco Monteiro de Azevedo para hospital militar anglo-luso. o Palácio Episcopal iria se manter como residência oficial dos bispos de Viseu, até à revolução republicana e à laicização do Estado e da Igreja Católica em 1912.[20][5][21]
Depois de doença prolongada[22], a 3 de fevereiro de 1819, no Palácio Episcopal do Fontelo, falece pelas oito da noite, provocando grande comoção na cidade.[1][5][3][2] No dia seguinte, é feito o cortejo fúnebre até à Sé de Viseu, onde está sepultado, na mesma sepultura de seu predecessor, bispo Dom Manuel de Saldanha (1669-1671).[1][15]