Francisco Monteiro Pereira de Azevedo

Francisco Monteiro Pereira de Azevedo
Bispo da Igreja Católica
Bispo de Viseu
Francisco Monteiro Pereira de Azevedo
Brasão de armas usado por D. Francisco Monteiro Pereira de Azevedo.
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Viseu
Nomeação 1 de maio de 1791
Predecessor José do Menino Jesus
Sucessor Francisco Alexandre Lobo
Mandato 23 de junho de 1791 - 3 de fevereiro de 1819
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 21 de setembro de 1781
Nomeação episcopal 23 de junho de 1791
Ordenação episcopal 4 de maio de 1791
Dados pessoais
Nascimento Resende
24 de setembro de 1738
Morte Paço Episcopal do Fontelo, Viseu
3 de fevereiro de 1819 (80 anos)
Nacionalidade português
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

D. Francisco Monteiro Pereira de Azevedo (Resende, 24 de setembro de 1738[1] - Paço Episcopal do Fontelo, 3 de fevereiro de 1819[2][3]) foi um clérigo e bispo português, sendo o Bispo de Viseu aquando das Invasões Francesas. Foi, também, o responsável pela instalação do órgão de tubos na Catedral da Sé de Viseu, movido para o Convento dos Néris nos anos 60 aquando das obras de restauro da Sé de Viseu, da edificação do Hospital de São Teotónio, e da mudança da residência dos Bispos de Viseu para o Palácio Episcopal de Fontelo, que perdurou até 1912.[2][4][5]

Biografia

Francisco Monteiro Pereira de Azevedo nasceu em Resende, Diocese de Lamego, e foi batizado a 24 de setembro de 1738[1], filho de Francisco Monteiro[6]. Com 10 anos, a 4 de maio de 1748 vai para o seminário de Lamego[1]. Completa o bacharel a 12 de novembro de 1758[1][6], e licenciado a 27 de janeiro de 1759, no curso de Direito Civil da Universidade de Coimbra[6]. A 8 de fevereiro de 1759, começa a lecionar Direito Civil na Universidade, nomeado pela Inquisição de Coimbra. A 21 de setembro de 1781, é feito subdiácono, e no dia seguinte é doutorado em Direito Civil pela Universidade de Coimbra.[1] Com a morte de José do Menino Jesus, bispo de Viseu, a 14 de janeiro de 1791, é eleito bispo de Viseu a 1 de maio do mesmo ano, e é lhe enviada carta para o mesmo efeito a 4 do mesmo mês.[7]

Mandato Episcopal

Após ter sido eleito bispo de Viseu, D. Francisco Pereira de Azevedo começou um período de grandes obras e reformas pela Diocese de Viseu.

Com o crescente aumento da necessidade da edificação de outro hospital, além do antigoHospital das Chagas, era necessário a criação de outro hospital na cidade.[8] Portanto, a 29 de março de 1793, depois da doação de quantias avolumadas de dinheiro, tanto por parte de clérigos como de particulares, Dom Francisco Pereira de Azevedo lança a primeira pedra, daquele que iria ser, mais tarde, o Hospital de São Teotónio.[8][4] Sob a pedra, colocou um exemplar de todas as moedas portuguesas cunhadas, até àquela altura no reinado de D. Maria I e doa mil trezentos e doze contos de reis para a construção da mesma.[4]

Órgão da Sé de Viseu, 1937

Durante o seu mandato episcopal, também se vão denotar várias visitas às diferentes paróquias da Diocese de Viseu. Em 30 de Agosto de 1795, visita a Igreja do Castelo de Penalva[9], e faz outras visitas pelas várias paróquias da Diocese. Entre 1794 e 1797 é Provedor da Misericórdia.[10]

A 24 de março de 1800, faz uma visita a Espinho, Mangualde.[11]

Em 1801, durante o seu mandato, os moradores de Carregal do Sal decidem edificar a Igreja de São Brás.[12]

Antigo Órgão presente na Sé no Convento dos Neris em Viseu, 2011

Por volta de 1807, Abraveses recebe o título de paróquia do Aro de Viseu, no entanto, com atribuições espirituais limitadas. Esta situação orientada por um Cura, sujeito à paróquia Oriental, durou cerca de oitenta anos.[13] Depois de visitar o bispado e verificando que a sua área e situação demográfica, distribuída por cinco arciprestados, era demasiado vasta foi criada uma nova divisão territorial. Assim, dos anteriores cinco arciprestados passaram a dezasseis, obtidos pelo desmembramento de cada um em vários outros. O Aro, paróquias à volta da sede, é dividido, então, em cinco novos arciprestados urbanos e suburbanos.[13]

No caso da Catedral de Santa Maria de Viseu (Sé), foi em 1808, por sua ordem, dada a instalação do órgão da igreja, elemento que se encontrava na Sé até aos anos 60 do século XX[14], entre as duas primeiras colunas da nave do lado esquerdo. Os seus motivos decorativos também assim o atestam, estando a sua parte superior rematada com o brasão do bispo. Foi seu construtor Luís António dos Santos, marceneiro e organista.[15]

O bispo Dom Francisco Pereira de Azevedo pela sua bondade e pelas suas virtudes,[15] [3] gozava da maior simpatia e popularidade em Viseu, fazendo imensa caridade aos pobres da Diocese.[15][16]

Invasões Francesas e a Junta dos Prudentes

Durante a primeira invasão francesa a Portugal, e breve ocupação por parte das forças francesas de Viseu, é em 30 de junho feita a aclamação da Junta Provisional do Governo Supremo, tendo o próprio bispo de Viseu procedido à aclamação do Príncipe Regente como Rei de Portugal e declarado a ocupação francesa ilegítima, juntamente com as autoridades locais, tendo sido eleito como o presidente da Junta de Viseu.[17]

Na manhã de 11 de julho, mais de três mil habitantes da cidade dirigiram-se em grande alvoroço para o Colégio e o adro da Sé, de modo a darem ao bispo e à sua Junta todo o poder da governação da cidade. A junta decide portanto, a prisão do governador de Armas da região, Florêncio José Correia de Melo, e a prisão do juiz de fora da cidade e dos camaristas.[17] Dom Francisco é, com isto, eleito pela multidão "Generalíssimo Bispo"[17][18], e eleito como general adjunto António da Silveira Pinto da Fonseca.[17][18]

Com o conhecimento da sublevação de Viseu e da prisão dos seus representantes pela Junta dos Prudentes de Viseu, a Junta Provisional do Governo Supremo ordena a 9 de setembro a libertação do juiz de fora, juntamente com o general.[18]

Em 1810, no decurso da terceira invasão francesa, e temendo retaliação aos populares semelhante à realizada por Loison em 1808, aconselha os vários abades da Diocese, desta vez, a persuadirem as populações a manterem-se pacíficas e não retaliarem, a bem das suas vidas.[19]

De mesmo modo, a 18 de Junho de 1810 encarrega-se da preservação, catalogação e armazenamento dos livros paroquiais de batismo, casamento e óbito do seu seminário episcopal.[2]

Ainda em 1810, é Dom Francisco Monteiro Pereira de Azevedo que define o Palácio Episcopal de Fontelo, em Viseu, como a residência permanente dos bispos de Viseu. O Seminário e Paço dos Bispos foram gentilmente cedidos por D. Francisco Monteiro de Azevedo para hospital militar anglo-luso. o Palácio Episcopal iria se manter como residência oficial dos bispos de Viseu, até à revolução republicana e à laicização do Estado e da Igreja Católica em 1912.[20][5][21]

Depois de doença prolongada[22], a 3 de fevereiro de 1819, no Palácio Episcopal do Fontelo, falece pelas oito da noite, provocando grande comoção na cidade.[1][5][3][2] No dia seguinte, é feito o cortejo fúnebre até à Sé de Viseu, onde está sepultado, na mesma sepultura de seu predecessor, bispo Dom Manuel de Saldanha (1669-1671).[1][15]

Precedido por
Dom José do Menino Jesus

Bispo de Viseu

17911819
Sucedido por
Dom Francisco Alexandre Lobo

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g «Hierarchia catholica medii aevi». Internet Archive. 1913. p. 443 
  2. a b c d Pereira Alves, Carlos Filipe (2015). «A evolução arquitetónica e artística da Catedral de Santa Maria de Viseu» (PDF) 
  3. a b c Referido como "prelado isigne e verdadeiramente apostólico, de eminentes virtudes". «Gazeta de Lisboa». Gazeta de Lisboa (24 de março de 1819) 
  4. a b c «Monumentos». www.monumentos.gov.pt (em inglês). Consultado em 18 de julho de 2024 
  5. a b c «Monumentos». monumentos.pt (em inglês). Consultado em 18 de julho de 2024 
  6. a b c «Francisco Monteiro, vide Pereira de Azevedo». Archeevo Universidade de Coimbra. 7 de maio de 2021. Consultado em 18 de julho de 2024 
  7. Conceição, Brother Claudio da (1818). Gabinete historico: Desde a origem dos lusitanos até 1325 1818. [S.l.]: Na Impressāo regia 
  8. a b Monteiro, António (30 de junho de 2016). «Centro Hospitalar Tondela-Viseu e Medicina Interna». Medicina Interna (2): 75–77. ISSN 2183-9980. doi:10.24950/rspmi.799. Consultado em 18 de julho de 2024 
  9. Paróquia de Antas [Penalva do Castelo] - Livros de Pastorais. [S.l.: s.n.] 
  10. Castilho, Liliana. Viseu nos Séculos XVII e XVIII (PDF). [S.l.: s.n.] 
  11. Mind. «Espinho : visita do Bispo D. Francisco Monteiro Pereira de Azevedo, 24 de Março de 1800». catalogobmm.cmmangualde.pt. Consultado em 18 de julho de 2024 
  12. Lourenço Teles, Ana Paula (2015). «Os edifícios religiosos de Carregal do Sal - Um Guia Turístico» (PDF) 
  13. a b «História | Junta Freguesia de Abraveses». Junta de Freguesia de Abraveses. Consultado em 18 de julho de 2024 
  14. «Monumentos». www.monumentos.gov.pt (em inglês). Consultado em 18 de julho de 2024 
  15. a b c d Almeida Moreira, Francisco de (1937). Imagens de Viseu. [S.l.: s.n.] 
  16. Gazeta de Lisboa, nº71, 1819 "[...]Foi o pai dos pobres do seu bispado."
  17. a b c d «Atas das 3ªs Conferências do Museu de Lamego/CITCEM by Museu de Lamego - Issuu». issuu.com (em inglês). 10 de janeiro de 2016. Consultado em 18 de julho de 2024 
  18. a b c «Historia geral da invasão dos francezes em Portugal e da restauração deste reino». purl.pt. Consultado em 18 de julho de 2024 
  19. Oliveira, Eduardo Nuno (20 de junho de 2023). SÃO PEDRO DO SUL NO SÉCULO XIX: FRANCESES, LIBERAIS... E OUTRAS COISAS MAIS! (em inglês). [S.l.]: . 
  20. Barros Cardoso, António Barros (2018). As Terras de Dão-Lafões - Uma região vinícola centenária (PDF). [S.l.]: Faculdade de Letras da Universidade do Porto 
  21. Lucena e Vale, Alexandre (1945). «A Catedral de Viseu». Beira Alta 
  22. "moléstia diuturna" in Gazeta de Lisboa e Jornal de Coimbra