O Festival da Ilha de Wight de 1969 aconteceu de 29 a 31 de agosto de 1969 na cidade de Wootton, na ilha de Wight, na Inglaterra. Teve um público de aproximadamente 150 000 pessoas,[1] que assistiram a apresentações de Bob Dylan, The Band, The Who, Free, Joe Cocker, The Bonzo Dog Band e The Moody Blues. Foi o segundo de três festivais de música que aconteceram na ilha de Wight entre 1968 e 1970. Foi organizado por Rikki Far e a empresa Fiery Creations, de Ronnie e Ray Foulk. Tornou-se famoso principalmente devido à apresentação de Bob Dylan, que havia passado os três anos anteriores em semiaposentadoria.[2]
Bob Dylan
A edição de 1969 do festival foi bem maior do que a edição do ano anterior. Falava-se pouco de Dylan desde seu supostamente quase fatal acidente de moto em julho de 1966. Tendo evitado o festival de Woodstock, que havia acontecido perto de sua casa, no norte do estado de Nova Iorque,[3][4] Dylan estava, inicialmente, relutante em fazer sua apresentação de retorno na pouco conhecida ilha de Wight. Depois de semanas de negociações, os irmãos Foulk lhe mostraram um pequeno filme sobre a herança cultural e literária da ilha: isso tocou na sensibilidade artística de Dylan, pois ele se entusiasmou em combinar um feriado com a família com uma apresentação na terra de Alfred Tennyson.[5] A família de Dylan programou-se para viajar a bordo do navio Queen Elizabeth 2 e quase perdeu a apresentação quando o filho de Dylan, Jesse, se machucou com a porta de uma cabine e teve de ser hospitalizado. Dylan acabou viajando de avião e chegou no último momento.[6]
Antes do festival, Dylan e The Band, ambos moradores de Woodstock, ensaiaram na fazenda Forelands, em Bembridge, na ilha de Wight. Lá, eles receberam a visita de George Harrison, o único que visitara Dylan em seu enclave nas montanhas Catskill.[7][8][9] Em 30 de agosto, no sábado, o dia anterior à apresentação de Dylan, John Lennon e Ringo Starr chegaram à ilha,[10] junto com Keith Richards e Eric Clapton.[11] Também sentados na área VIP em frente ao palco estavam as esposas dos Beatles Pattie Harrison, Yoko Ono e Maureen Starkey, além de celebridades como Jane Fonda, Françoise Hardy, Georges Moustaki, Syd Barrett, Donald Cammell e Elton John.[12][13]
Graças a rumores de que um ou todos os Beatles se reuniriam com Dylan no palco,[14] a apresentação de retorno de Dylan se tornara, nas palavras do jornalista musical John Harris, "aumentada para a apresentação da década".[5] Em 31 de agosto, Dylan subiu no palco com um terno de cor creme recordando Hank Williams.[15] Acompanhado por The Band, ele tocou canções recentes de seus álbuns Nashville Skyline e John Wesley Harding, assim como versões country de músicas mais antigas como Maggie's Farm, Highway 61 Revisited e Like a Rolling Stone. A ordem das músicas tocadas por Dylan foi:
Quatro canções dessa apresentação foram incluídas no álbum de Dylan Self Portrait (1970): Like a Rolling Stone, The Mighty Quinn (Quinn the Eskimo), Minstrel Boy e She Belongs to Me.
Um ídolo tanto do The Band quanto de Dylan, Harrison escreveu uma música country inspirada pelo evento e a dedicou a Dylan: Behind that locked door, que foi lançada no álbum triplo All Things Must Pass.[16]
Em 2013, a gravação completa da apresentação de Dylan foi lançada na edição de luxo do álbum The Bootleg Series Vol. 10: Another Self Portrait (1969–1971).[17]
The Who
O The Who tocou sua apresentação padrão na época, que incluía a ópera roque Tommy, cujo álbum havia sido lançado recentemente. O grupo havia acabado de retornar de uma excursão aos Estados Unidos, onde havia tocado no festival de Woodstock duas semanas antes. Eles tocaram Heaven and Hell, seguido por I Can't Explain, Fortune Teller, Young Man Blues, e então tocaram a ópera quase inteira, finalizando com Summertime Blues, Shakin' All Over/Spoonful e duas faixas como bis: My Generation e o final de Naked Eye.[18]
↑Howard Sounes (2001). Down the Highway: The Life of Bob Dylan. [S.l.]: Doubleday (Londres). pp. 236, 251.
↑Alan Clayson (2003). George Harrison. [S.l.]: Sanctuary (Londres). pp. 242–43
↑John Harris (julho de 2001). A Quiet Storm. [S.l.]: Mojo. 68 páginas
↑Barry Miles (2001). The Beatles Diary Volume 1: The Beatles Years. [S.l.]: Omnibus Press (Londres). 351 páginas
↑Bill Wyman (2002). Rolling with the Stones. [S.l.]: Dorling Kindersley (Londres). 342 páginas
↑Chris O'Dell com Katherine Ketcham (2009). Miss O'Dell: My Hard Days and Long Nights with The Beatles, The Stones, Bob Dylan, Eric Clapton, and the Women They Loved. [S.l.]: Touchstone (New York). 87 páginas
↑Bill Wyman. Rolling with the Stones. [S.l.]: Dorling Kindersley (Londres). 342 páginas
↑Howard Sounes (2001). Down the Highway: The Life of Bob Dylan. [S.l.]: Doubleday (Londres). 251 páginas
↑Howard Sounes (2001). Down the Highway: The Life of Bob Dylan. [S.l.]: Doubleday (Londres). 252 páginas
↑George Harrison (2002). I Me Mine. [S.l.]: Chronicle Books (San Francisco, CA). 206 páginas
↑Neill, Andy; Kent, Matt (2002). Anywhere Anyhow Anywhere: The Complete Chronicle of The Who. [S.l.]: Virgin Books. ISBN 978-0-7535-1217-3 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)