O Festival da Canção, conhecido também como Festival RTP da Canção, inicialmente designado por Grande Prémio TV da Canção Portuguesa, é um concurso anual promovido pela Rádio e Televisão de Portugal, desde 1964, com o objectivo de seleccionar uma canção para o Festival da Eurovisão.
História
O "Grande Prémio TV da Canção Portuguesa" teve a sua estreia, nos Estúdios do Lumiar, na noite de 2 de Fevereiro de 1964. O objetivo era escolher, pela primeira vez, a canção candidata de Portugal ao Concurso Eurovisão da Canção criado em 1956. Até 1964 realizaram-se três concursos de música, no chamado Festival da Canção Portuguesa, mas estes sem ambições europeias[1].
A designação inicial manteve-se até 1975. Em 1976 chamou-se "Uma Canção Para A Europa" e em 1977 foi o ano de "As Sete Canções". Em 1978 foi adoptado o nome "Uma Canção Portuguesa".
A partir de 1979, o nome do certame fixou-se em "Festival RTP da Canção".
1980 foi o ano que marcou o arranque das emissões regulares a cores da RTP. A primeira emissão foi precisamente com o Festival da Canção a 7 de Março transmitido, desde o Teatro São Luiz, ganho por José Cid.
Ao longos dos anos foram sendo introduzidas mudanças na organização do festival e nos critérios de selecção. Em 1986 designou-se "Uma Canção para A Noruega", em 1988 criou-se um pré-festival denominado "Prémio Nacional de Música" e "Gostamos de Estar Consigo" foi a designação adoptada em 1990.
Durante alguns anos, a RTP seleccionou uma canção para a Eurovisão sem organizar um festival a nível interno. Foi o caso de 2003, 2004 e 2005. Em 2003, a RTP seleccionou a cantora Rita Guerra e o público, através de televoto, escolheu uma entre três canções a concurso. A apresentação das mesmas foi efetuada no talent showOperação Triunfo. Em 2004, os três primeiros vencedores da Operação Triunfo apresentaram uma canção cada um e os telespectadores, por televoto, escolheram aquela que achavam melhor, tendo sido selcionado o tem interpretado por Sofia Vitória. Em 2005, a RTP seleccionou uma equipa de produtores/compositores, chefiada por José da Ponte, que escolheu dois cantores (Luciana Abreu e Rui Drummond, que se apresentaram juntos com o nome "2B") para interpretarem a canção da sua autoria. Na última década, houve canções portuguesas consideradas fortes no concurso eurovisivo, sendo de realçar a prestação de Vânia Fernandes (2008), uma das revelações da Operação Triunfo, que era uma das favoritas, mas que acabou por ficar na 13ª posição na final.
O Festival RTP da Canção não se realizou em 2002, 2013 e 2016, sendo que nesses mesmos anos Portugal também não participou no Festival Eurovisão da Canção. Foi, entretanto, efectuado um estudo, com base numa linha de investigação científica (no quadro da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias), que concluiu que "nunca houve enquadramento político e financeiro para potenciar a exportação da imagem de Portugal a nível internacional", numa investigação para apurar "que imagem do país a televisão do Estado tem exportado através do Festival da Canção?". Até à vitória de Salvador Sobral, no Festival Eurovisão de 2017[2], - e apesar de algumas faltas de comparência -, Portugal era o país que participava há mais anos sem nunca ter vencido, sendo que em 50 anos apenas nove canções ficaram dentro do top 10 das posições finais.
Em 2017, o certame regressou, mas com um novo formato: 2 semifinais semanais, realizadas nos estúdios da RTP, em Lisboa, com 8 canções cada (13 em 2018) com 4 finalistas (em 2018 7) a serem decididos por um júri de sala e televoto, sendo que, em caso de empate, a decisão é feita pelo júri; e 1 final, realizada numa sala de espetáculos no país, com 8 canções (14 em 2018) com o vencedor a ser decidido por 7 júris regionais e televoto, sendo que, em caso de empate, a decisão é feita pelo televoto. Assim, sendo, o formato passou a preencher 3 semanas. As canções são feitas por compositores convidados pela RTP, sendo que, a partir de 2018, uma canção foi esclohida através do concurso da Antena 1, Masterclass, e outra através de concurso público. O formato revelou-se um sucesso, com a vitória de Salvador Sobral, com a canção "Amar pelos dois", no Festival Eurovisão da Canção 2017, em Kiev, sendo o utilizado até hoje. Em 2017 e 2018, os espetáculos realizavam-se ao domingo, tendo passado para sábado em 2019.
O Festival da Canção foi organizado em 1970 e em 2000, mas Portugal optou por não participar do Festival Eurovisão. Já em 2005, Portugal participou na Eurovisão, mas a escolha da canção resultou de uma seleção interna ao invés de realizar o Festival da Canção. Em 2003 e 2004, a escolha foi efectuada em paralelo com o concurso "Operação Triunfo". Portugal também não participou do Festival da Eurovisão nos outros três anos em que não houve festival da canção (2002, 2013 e 2016).
Portugal venceu o Festival da Eurovisão uma vez em 2017, com a música Amar pelos dois interpretada por Salvador Sobral. Curiosamente, em 1977, o certame foi ganho pela canção francesa "L'Oiseau et L' Enfant" interpretada pela luso-francesa Marie Myriam, filha de pais portugueses e nascida no antigo Congo Belga.
Em 2008, Vânia Fernandes com "Senhora do Mar" alcançou a final com um excelente 2º lugar na semi-final com 120 pontos, a melhor pontuação de Portugal desde que foi imposto a semi-final (só atrás da Ucrânia que pontuou 152 pontos). Na final, Vânia ficou 13º lugar com 69 pontos entre 25 países.
Em 2021, os The Black Mamba foram apurados para a grande final em 4º lugar na semi-final com 239 pontos. Na final, Pedro Tatanka e seu grupo alcançaram o 12º lugar com 153 pontos entre 26 países, tendo a 3ª melhor classificação no século XXI, sendo que a 2ª foi obtida no ano seguinte por MARO com um 9º lugar.