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A aparência de Jesus é um tema discutido desde início do Cristianismo. Não há relatos em primeira mão a respeito da aparência física de Jesus. Alguns autores sugerem que suas características físicas podem ter sido removidas da Bíblia, em algum momento, para enfatizar a sua universalidade [carece de fontes?]. Entretanto, a maioria dos estudiosos acredita que Jesus assemelhava-se aos atuais habitantes do Oriente Médio, uma vez que a Bíblia, bem como outros relatos históricos [carece de fontes?], refere-se a ele como um galileu israelita.
Várias teorias sobre a etnia de Jesus têm sido propostas e debatidas.[1] Na Idade Média, uma série de documentos, geralmente de autores desconhecidos ou de origem duvidosa, circulavam sobre os detalhes da aparência de Jesus. Esses documentos foram considerados falsificações conforme análises mais recentes.[2]
Referências bíblicas
O Novo Testamento não inclui descrições da aparência física de Jesus antes de sua morte, e as narrativas do Evangelho são, geralmente, indiferentes as aparências ou características das pessoas relatadas nele.[3][4]:48–51
Os Evangelhos Sinóticos usam do relato da Transfiguração de Jesus, durante o qual ele foi glorificado com "o Seu rosto brilhando como o sol",[5][6] mas que, no entanto, referem-se à forma sobrenatural de Jesus.
O Apocalipse relata a visão que João teve do Filho do Homem: "e os seus pés eram semelhantes ao bronze, e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve" [outras traduções: "bronze polido"] (1:13-16), mas este testemunho é normalmente considerado uma referência à forma celestial de Jesus e não necessariamente a sua aparência em vida terrena.[7][8]
Tradições literárias
Igreja primitiva da Idade Média
Apesar da falta de descrições bíblicas ou referências históricas do século II em diante, várias teorias sobre a aparência de Jesus se desenvolveram, com muitas concentrando-se mais em suas características físicas do que acerca de raça ou ascendência.
Justino Mártir defende a genealogia de Jesus através da linha Davídica de Maria, bem como de seu pai não biológico, José,[9] mas isso só implica em uma ascendência judaica, geralmente reconhecida pelos autores nessa área.
Como citado por Eisler,:393–394, 414–415João de Damasco afirma que o judeu Flávio Josefo descreveu Cristo como tendo sobrancelhas com bons olhos, face arredondada e bem cultivada.[10]
De acordo com a maioria dos estudiosos modernos, a Carta de Lentulus, uma carta forjada supostamente por Publius Lentulus, o Governador da Judeia, ao Senado Romano, foi feita para compensar a falta de qualquer descrição detalhada de Jesus na Bíblia.
Da mesma forma, Nicéforo Calisto cita uma descrição de Jesus como alto, bonito e com cabelos ondulados,[14] entretanto, e muito provavelmente, seu relato pode ter sido influenciado pela imagem artística de Jesus naquela época.
Representações artísticas
Apesar da falta de referências na Bíblia ou registros históricos mais apurados, uma ampla gama de representações de Jesus tem aparecido, por dois milênios, muitas vezes influenciada por contextos culturais, políticos e teológicos.[17] Como em outras artes Cristãs, as primeiras representações datam do final do segundo ou do início do terceiro século e são encontradas principalmente em Roma.[18] Nestas primeiras representações, Jesus é normalmente apresentado como um jovem sem barba e com o cabelo encaracolado, por vezes com características diferentes dos outros homens desenhados nessas obras como, por exemplo, seus discípulos ou cidadãos romanos. No entanto, ilustrações sua com barba também apareceram muito cedo, talvez se baseando em um estereótipo do mundo grego em relação as feições dos muitos filósofos da região da Judeia.
Representações do 5º século sobre a Paixão de Cristo começaram a surgir, talvez refletindo uma mudança no foco teológico da igreja primitiva. O século VI inclui algumas das primeiras imagens de sua crucificação e ressurreição. Por volta do século VI, a representação de Jesus com barba havia se tornado padrão tanto no Oriente quanto no Ocidente. Essas obras o retratando com cabelo castanho avermelhado repartido no meio e com olhos em forma de amêndoa mostraram uma base de apoio durante vários séculos. Nessa época, várias lendas foram desenvolvidas para tentar validar esses estilos de representação como, por exemplo, na Imagem de Edessa e, mais tarde, Véu de Verônica.
O século XIII testemunhou um ponto de virada com os Franciscanos, iniciando uma enfatização da humildade de Jesus em seu nascimento e morte, através do Presépio e da crucificação, respectivamente.[19][20][21] Os Franciscanos aproximaram-se de ambas as extremidades do espectro de emoções e, como as alegrias do Natal foram adicionadas à agonia da crucificação, toda uma nova gama de sentimentos foram inauguradas, com amplo impacto cultural sobre a imagem de Jesus.[22][23]
O Renascimento trouxe uma série de mestres artísticos que focaram em suas próprias concepções sobre Jesus, e, depois de Giotto, Fra Angelico e outros pintores, desenvolveu-se sistematicamente imagens que incluíam Jesus como um ideal supremo de beleza humana. Leonardo da Vinci, em A Última Ceia, que é considerada a primeira obra de arte da Alta Renascença devido ao seu alto nível de harmonia artística, tornou-se bem conhecido por retratar Jesus cercado por diferentes sensações.[24][25]
↑Robin M. Jensen "Jesus in Christian art", Chapter 29 of The Blackwell Companion to Jesus edited by Delbert Burkett 2010 ISBN1-4051-9362-X page 477-502
↑The likeness of the king: a prehistory of portraiture in late medieval France by Stephen Perkinson 2009 ISBN0-226-65879-1 page 30
↑The Cambridge companion to the Gospels by Stephen C. Barton ISBN pages 132–133
↑The Content and the Setting of the Gospel Tradition by Mark Harding, Alanna Nobbs 2010 ISBN978-0-8028-3318-1 pages 281–282