Esta gare situa-se junto à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, no quadrante sudoeste da cidade de Tomar, distando do seu centro (Praça da República) menos de um quilómetro.[6]
Infraestrutura
Esta interface apresenta quatro vias de circulação, numeradas de I a IV, com comprimentos entre 207 e 230 m e todas, exceto a via II, acessíveis por plataformas de 215 m de comprimento e 90 cm de altura; em dados de 2022, não são oficialmente indicadas quaisquer vias secundárias,[3] numa configuração assaz reduzida em comparação com a de décadas anteriores.[7] O edifício de passageiros, concebido por Cottinelli Telmo em 1928, apresenta uma volumetria austera e uma formalização clássica, que se integrava na arquitectura tradicionalista e nacionalista do Estado Novo.[8] Situa-se ao topo da via,[9][10] já que esta foi concebida como estação terminal.[11][8]
Em 1844, Benjamim de Oliveira, que foi um dos primeiros defensores da introdução do caminho de ferro em Portugal, propôs a construção de várias linhas, incluindo uma de Lisboa a Tomar; no entanto, estes projectos foram cancelados com a criação da Companhia das Obras Públicas de Portugal, que por seu turno, seria dissolvida após a Revolução da Maria da Fonte.[13]
Antes da chegada dos caminhos de ferro, as comunicações na região industrial compreendida entre Torres Novas, Tomar e Abrantes eram muito primitivas, sendo o principal meio de transporte as embarcações fluviais,[14] ao longo dos rios Nabão, Zêzere e Tejo.[15] Com efeito, durante a discussão do traçado da futura Linha do Norte, em Abril de 1857, a autarquia de Peniche defendeu que a linha férrea devia passar pela região litoral, uma vez que no interior já existiam os eixos fluviais.[15]
Em 1911, foi criada uma comissão regional para reivindicar a construção de uma linha de Tomar a Rio Maior, passando por Torres Novas.[16]
Em 18 de Julho de 1913, a autarquia de Tomar foi autorizada a construir um caminho de ferro a partir de Paialvo, na Linha do Norte,[17] tendo o projecto sido posteriormente alterado para Lamarosa.[11] Assim, este ramal entrou ao serviço em 24 de Setembro de 1928, originalmente com a denominação de Caminho de Ferro de Lamarosa a Tomar.[11] O edifício de passageiros foi construído em 1931.[8]
Ligação planeada à Nazaré
Em 1913, a câmara dos deputados autorizara igualmente a instalação de um caminho de ferro de Tomar à Nazaré, passando pelo Entroncamento; no entanto, as obras não chegaram a ser iniciadas, uma vez que entretanto já tinha sido dada a concessão do Ramal de Tomar à autarquia.[18] Em 15 de Novembro de 1926, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses apresentou ao estado uma proposta para construir um caminho de ferro de via estreita de Tomar à Nazaré, com um ramal para Leiria.[19]
Década de 1930
Em 7 de Maio de 1939, foi realizado um comboio especial de Lisboa a Tomar, para a festa anual de confraternização do antigo Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro.[20][21]
Décadas de 1950 a 1990
No âmbito do II Plano de Fomento, nas décadas de 1950 e 1960[22] a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses projectou a electrificação de vários troços, incluindo o Ramal de Tomar.[23]
Em Janeiro de 2011, esta interface dispunha de quatro vias de circulação, todas com 210 m de comprimento, enquanto que as plataformas tinham todas 215 m de extensão, e 90 cm de altura[26] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[3]
↑GUIMARÃES, Vieira (2012) [1912]. A trilogia monumental de Alcobaça, Batalha, Thomar e o caminho de ferro. Tomar: Heart Books. 138 páginas. ISBN978-989-98001-0-6
↑«Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no Ano da Grande Guerra 1ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN978-989-741-128-1
MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
ROCHA, Francisco Canais (2009). Para a História do Movimento Operário em Torres Novas. Durante a Monarquia e a I República (1862/1926). Torres Novas: Câmara Municipal. 221 páginas. ISBN978-972-9151-72-9
SARAIVA, José Hermano; GUERRA, Maria Luísa (1998). Diário da História de Portugal. 3. Lisboa: Difusão Cultural. 208 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros. Estudo económico-agrícola dos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas !CS1 manut: Usa parâmetro autores (link)
Leitura recomendada
GUIMARÃES, Vieira (2012) [1912]. A trilogia monumental de Alcobaça, Batalha, Thomar e o caminho de ferro. Tomar: Heart Books. 138 páginas. ISBN978-989-98001-0-6