O Conservatório Geral de Arte Dramática foi fundado em 1836 por Decreto[1] da rainha D. Maria II de Portugal, no âmbito de um plano para a fundação e organização de um Teatro Nacional proposto por João Baptista de Almeida Garrett. Este estava então dividido numa Escola Dramática ou de Declamação, numa Escola de Música e numa Escola de Dança, Mímica e Ginástica Especial.
Incorporou-se neste estabelecimento o Conservatório de Música, criado na Casa Pia por Decreto de 1835.
A Escola de Teatro apenas começaria a funcionar em 1839.[2]
Em reformas posteriores, o nome do Conservatório foi alterado para Conservatório Real de Lisboa e o da Escola Dramática ou de Declamação para Escola de Arte de Representar, já depois da implantação da República, quando o Conservatório passou a ser designado por Conservatório Nacional.
Por Decreto de 4 de julho de 1914 foi concedida, pela primeira vez, à Escola de Arte de Representar autonomia administrativa.
Nesta Escola foi criado, por Decreto de 19 de maio de 1914, o curso de cenografia e decoração teatral (cujo ensino seria ministrado no salão grande de pintura do Teatro Nacional Almeida Garrett, o qual, considerado como dependência da Escola de Arte de Representar ficava “exclusivamente destinado ao serviço e oficinas do respectivo professor”) e, por Decreto de 6 de agosto de 1914, o curso de indumentária prática teatral.
Toda esta tradição foi sendo mantida e desenvolvida nas reformas posteriores do ensino da área do Teatro e transparece hoje nos cursos ministrados na Escola Superior de Teatro e Cinema.
Foi então criada a Escola Piloto para a Formação de Profissionais de Cinema, cujo curso se iniciou em 1973 e teve, desde o princípio, a preocupação de aliar à transmissão de conhecimentos técnicos inerentes à prática das profissões do Cinema uma vertente mais artística.
O curso que a Escola Superior de Teatro e Cinema hoje ministra é ainda o resultado de uma evolução radicada naquele primeiro curso de cinema que, aliás, foi pioneiro no ensino superior público português.
Em 1983, o Decreto-Lei n.º 310/83 de 1 de Julho determina o seguinte:"Art. 19.º O Conservatório Nacional será reconvertido nos termos previstos nos artigos seguintes, sucedendo-lhe, para todos os efeitos legais, os estabelecimentos de ensino agora criados, considerando-se extinto a partir de data a fixar por portaria do Ministro da Educação (...). Art. 20.º - 1 - São criadas em Lisboa as Escolas Superiores de Música, de Dança e de Teatro e Cinema".[3]
Pelo Decreto do Governo n.º 46/85, de 22 de novembro,[4] a Escola Superior de Teatro e Cinema que até então funcionara sob a dependência da Direcção-Geral do Ensino Superior e fora dirigida desde 1983 por uma Comissão Instaladora composta pelos professores Jorge Listopad, como presidente, e José Bogalheiro, como vogal, é integrada no Instituto Politécnico de Lisboa, estabelecimento de ensino superior politécnico público criado pelo Decreto-Lei nº 513–T/79, de 26 de Dezembro.
A Escola Superior de Teatro e Cinema passou, assim, a constituir uma unidade orgânica do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL) e manteve-se em regime de instalação, sob a direção da referida comissão instaladora, até à publicação dos seus Estatutos no Diário da República, 2ª série, n.º 15, de 18 de janeiro de 1995.[5]
A construção na Amadora, dentro da zona da grande Lisboa, de um edifício de raiz para a Escola Superior de Teatro e Cinema, o primeiro destinado a uma escola de ensino superior artístico em Portugal, permitiu, finalmente, a transferência em 1998 das suas atividades do velho edifício do Convento dos Caetanos em Lisboa, onde Almeida Garrett instalara com carácter provisório em 1836 o Conservatório Geral de Arte Dramática, para umas instalações modernas, dotadas de espaços letivos adequados, de estúdios, de salas de espetáculos e de visionamento, de biblioteca e refeitório que possibilitam as melhores condições de trabalho para os alunos que a frequentam. As instalações da Escola Superior de Teatro e Cinema na Amadora são inauguradas oficialmente pelo então Ministro da Educação, Guilherme d'Oliveira Martins, no dia 10 de dezembro de 1999.
A estrutura bi-departamental da Escola, resultante da herança histórica das preexistentes escolas de Teatro e de Cinema do Conservatório Nacional, levou a que os seus Departamentos sejam dotados de alguma autonomia pedagógico-científica interna, consagrada estatutariamente.
Em 2013 celebrou os 175 anos de existência da Escola de Teatro com uma homenagem a Manoel de Oliveira e a Luís Miguel Cintra, que receberam a Medalha de Conhecimento e Mérito do Instituto Politécnico de Lisboa.[6]
Em dezembro de 2013, Heiner Goebbels, compositor e encenador alemão de instalações performativas músico-teatrais, uma das mais importantes figuras da vanguarda musical contemporânea e da cena teatral, realiza uma conferência no Centro Cultural de Belém (CCB) e um encontro na Escola Superior de Teatro e Cinema, a convite da própria ESTC e da Universidade de Lisboa, nos quais fala da sua obra.[7]
Esta preocupação pela internacionalização fez também com que a Escola reforçasse a sua participação ativa em programas de intercâmbio de discentes e docentes com Escolas estrangeiras, no âmbito de programas específicos como o Sócrates/Erasmus e o Leonardo Da Vinci, bem como através de programas bi-laterais com Universidades da América Latina (Brasil, Argentina, México).[9]
Os cursos
Na ESTC são lecionados quatro cursos: dois de licenciatura e dois de mestrado, que se dividem em ramos e especializações.
A licenciatura em Teatro divide-se em três ramos: Atores, Design de Cena e Produção, e apenas existem algumas unidades curriculares (cadeiras) comuns entre estes ramos, especialmente as teóricas. Já na licenciatura em Cinema, o primeiro ano é comum, sendo que no segundo ano os alunos optam por um destes seis ramos: Argumento, Produção, Realização, Imagem, Som ou Montagem.
O acesso às licenciaturas é realizada através de um concurso local de acesso, o que significa que os candidatos terão de efetuar a sua candidatura na própria escola e realizar uma série de provas de seleção. Normalmente, as candidaturas são abertas em meados de maio e terminam a meio de junho.
No que diz respeito ao mestrado em Teatro, o mesmo divide-se em cinco especializações: Artes Performativas, Design de Cena, Encenação, Produção e Teatro e Comunidade. No caso das Artes Performativas existem quatro vertentes: Escritas de Cena, Interpretação, Teatro do Movimento e Teatro-Música. O mestrado em Desenvolvimento de Projeto Cinematogrático tem três especializações: Narrativas Cinematográficas, Dramaturgia e Realização e Tecnologias de Pós-Produção.
Em agosto de 2008, o Conselho Ibero-americano para a Qualidade Educativa, no seu 4.º encontro realizado na cidade de Guayaquil, no Equador distinguiu a Escola Superior de Teatro e Cinema com o prémio excelência educativa 2008. Este prémio tinha por objetivo realçar o esforço e dedicação dos profissionais da ESTC em prol da melhoria do desenvolvimento da educação iberoamericana. Deste prémio faziam parte as seguintes distinções: troféu de honra e excelência educativa 2008, título e medalha de "doutor honoris causa", título e medalha de "master" em Gestão Educativa.
Cinema
Filmes premiados produzidos na Escola Superior de Teatro e Cinema:
- Primária, de Hugo Pedro: prémios de Melhor Curta Nacional e Prémio do Público no Córtex — Festival de Curtas-Metragens de Sintra.[19]
- Rhoma Acans, de Leonor Teles: menção honrosa no Córtex — Festival de Curtas-Metragens de Sintra.[19]
- 5040, de Inês Teixeira: prémio Novos Talentos da 1.ª edição do Arquiteturas Film Festival.
- Depois dos Nossos Ídolos, de Ricardo Penedo: prémio In My Shorts (competição de curtas-metragens de escola) na 17.ª edição do QueerLisboa.[20]
- Rhoma Acans, de Leonor Teles: prémio Take One! (competição de filmes de escola) na 21.ª edição do Curtas Vila do Conde.[21]
- Rhoma Acans, de Leonor Teles: menção honrosa do Prémio Árvore da Vida para Filme Português da 10.ª edição do IndieLisboa — Festival Internacional de Cinema Independente.[22]
2014
- O Corpo Maior, de Marta Moreno: Prémio Melhor Documentário na 11.ª edição da MIFEC — Mostra Internacional de Filmes de Escolas de Cinema.[23]