Este artigo ou se(c)ção trata de um evento climático recente ou em curso. A informação apresentada pode mudar com frequência. Não adicione especulações, nem texto sem referência a fontes confiáveis. Editado pela última vez em 14 de janeiro de 2025.
Enchentes e deslizamentos no Vale do Aço em 2025
Rua coberta de lama no bairro Canaã, em Ipatinga, após as enchentes.
Duração
12 e 13 de janeiro de 2025
Danos
Pessoas desabrigadas e desalojadas, vias e pontes interditadas, prejuízos no comércio e perdas humanas
A Região Metropolitana do Vale do Aço se encontra em uma região de relevo predominantemente acidentado[4] e com notável presença de favelas e comunidades urbanas, o que é resultado do crescimento urbano rápido e desordenado, ocorrido sobretudo no decorrer da segunda metade do século XX.[5] Sem ter para onde crescer, foi observada a expansão da zona urbana na direção dos cursos hídricos e morros que cercam as cidades, o que incentivou a multiplicação de moradias em áreas de risco de enchentes e deslizamentos de terra.[4]
Descrição
Em 11 de janeiro de 2025, um sábado, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu um alerta laranja de tempestades para as cidades da região,[6] com condições de chuvas provocadas pelo calor e umidade do ar elevada.[7] No entanto, os institutos de meteorologia não previram um evento na intensidade do que foi registrado nos dias seguintes.[8]
Na madrugada de 12 de janeiro de 2025, domingo, um núcleo de chuva pequeno, porém intenso, estacionou-se sobre a Região Metropolitana do Vale do Aço. De acordo com um pluviômetro do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), instalado no bairro Betânia, em Ipatinga, da meia-noite às seis horas da manhã foi registrado um acumulado de pouco mais de 200 mm,[9][10] sendo que a média de janeiro, o segundo mês mais chuvoso do ano no município, é de 260,5 mm.[11] Outro pluviômetro do Cemaden, no Bom Retiro, registrou um volume de 122,8 mm,[10] enquanto que no município de Timóteo uma estação meteorológica automática do INMET no bairro Primavera registrou 115,8 mm.[12] Uma medição da prefeitura de Santana do Paraíso aferiu um acumulado de 216 mm durante a madrugada.[3]
Entre a noite do dia 12 e a madrugada do dia 13, precipitações intensas voltaram a atingir os municípios do Vale do Aço, com acumulados de mais de 90 mm em Ipatinga no bairro Bom Retiro e 80 mm no Canaã, de acordo com o Cemaden. No ponto de medição do Canaã o volume de chuva registrado de 10 a 13 de janeiro chegou a 326 mm.[10] Na estação do INMET de Timóteo o acumulado entre a noite do dia 12 e madrugada do dia 13 foi 72,6 mm.[12] Durante esse segundo episódio de chuvas intensas alertas emitidos pela Defesa Civil foram recebidos nos celulares de moradores com toques de sirenes, diante do alto risco de novos deslizamentos e enchentes.[13] A Climatempo atribuiu as precipitações extremas à zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS), ressaltando que o fenômeno provocou chuvas volumosas em outras áreas do Sudeste do Brasil no decorrer da primeira quinzena de janeiro de 2025.[14]
Consequências
Ipatinga e Santana do Paraíso
As precipitações extremas causaram deslizamentos de terra em vários locais da região, sobretudo em Ipatinga e Santana do Paraíso.[15][16][17][18][19] Em Ipatinga dez pessoas morreram soterradas por deslizamentos, com vítimas fatais nos bairros Betânia, Canaã e Vila Celeste,[20] incluindo duas crianças de sete e oito anos.[9] Uma morte causada pelo mesmo motivo foi registrada em Santana do Paraíso.[3] Todas essas mortes foram confirmadas no decorrer do dia 12 de janeiro.[1]
Aproximadamente 150 pessoas ficaram desabrigadas em Ipatinga,[21] porém 85 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas na cidade, segundo informações de 14 de janeiro.[22] Em Santana do Paraíso foram registrados 57 desabrigados e 558 moradores afetados até o dia 14.[23] Quedas de barreiras, desmoronamentos e deslocamentos de taludes também foram responsáveis por interditar casas e vias.[24] O bairro Taúbas, em Ipatinga, ficou isolado com o acesso à localidade bloqueado.[25] Em Santana do Paraíso deslizamentos interromperam o acesso à cidade de Mesquita[26] e ao distrito de Bom Jesus do Bagre em Belo Oriente.[27] No decorrer dos dias seguintes mais residências foram desocupadas pela Defesa Civil devido ao risco de novos deslizamentos.[28]
Além dos deslizamentos, as chuvas intensas provocaram enchentes e alagamentos em vários pontos, com casas, estabelecimentos comerciais e prédios públicos sendo invadidos pela água.[29] A cheia dos mananciais que banham Ipatinga, sobretudo do ribeirão Ipanema, que corta a cidade, foi responsável por provocar enchentes em diferentes bairros, sendo que o Veneza foi um dos mais afetados.[30][31]
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Canaã, em Ipatinga, foi inundada, teve que ser interditada e os pacientes tiveram que ser transferidos para outras unidades de saúde do município e das cidades vizinhas.[32] O comércio também foi afetado, com registros de lojistas que perderam tudo.[33] A Avenida José Selim de Sales, que é uma das principais vias comerciais de Ipatinga, foi fortemente atingida pelas enchentes. Depois que a água das cheias baixou, casas, estabelecimentos, ruas e avenidas permaneceram cobertos de lama.[34]
Também em Ipatinga, uma rotatória no bairro Canaã foi destruída devido ao desabamento do asfalto.[25] A Avenida Pedro Linhares Gomes, trecho urbano da BR-381 que passa pela cidade, ficou totalmente alagada perto do Shopping Vale do Aço, impedindo o fluxo de veículos pela rodovia federal. Depois da liberação pela manhã, o trânsito seguiu congestionado.[35] Um trecho da Avenida Maanaim, uma das principais vias da cidade, foi destruído devido à cheia do córrego Taúbas (córrego Gerasa).[36]
Coronel Fabriciano e Timóteo
Em Coronel Fabriciano foram registrados deslizamentos de terra e alagamentos.[37] Há menos de um mês, em 17 de dezembro de 2024, o município havia sido afetado por outra tempestade que provocou uma enchente de grandes proporções, tendo deixado 1 009 desabrigados ou desalojados na cidade.[38] Durante a tempestade da madrugada de 12 de janeiro, um motociclista perdeu o controle da moto e morreu quando atravessava um trecho alagado da Avenida Presidente Tancredo de Almeida Neves.[2]
No dia 13 de janeiro, uma encosta que ameaçou desabar levou à interdição da Avenida Rubem Siqueira Maia, uma das principais de Coronel Fabriciano.[39] Uma ponte sobre o ribeirão Caladão também precisou ser isolada devido ao comprometimento da estrutura pela força das águas e a estrada que liga a cidade à Serra dos Cocais, zona rural municipal, foi interditada por causa de obstruções no caminho.[37] Em Timóteo um deslizamento isolou uma parte da cidade[40] e o Fórum Geraldo Perlingeiro de Abreu foi invadido pela água nas chuvas da madrugada do dia 12.[41] Neste município cerca de 260 famílias foram atingidas,[42] incluindo desalojados e desabrigados.[43]
Reações e repercussão
A prefeitura de Ipatinga decretou estado de calamidade pública,[44] enquanto Santana do Paraíso[23] e Timóteo decretaram estado de emergência.[43] Coronel Fabriciano, por sua vez, estava em situação de calamidade pública devido às chuvas de dezembro.[45] A prefeitura de Ipatinga liberou o estádio Estádio Municipal João Lamego Netto (Ipatingão) para receber desalojados e desabrigados,[30] além de estruturar um centro de recebimento de doações no local.[46] Ao mesmo tempo, em Santana do Paraíso foram disponibilizados uma escola para quem precisar de abrigo e pontos de coleta de doações.[47]
Os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo enviaram máquinas e trabalhadores para Ipatinga, além de disponibilizarem equipamentos de saúde para a demanda do município vizinho.[48] A Usiminas também disponibilizou uma equipe para ajudar na busca por desaparecidos que foram soterrados.[49] O governador Romeu Zema viajou à região para acompanhar as operações emergenciais no dia 13 de janeiro.[48] A Defesa Civil Nacional foi mobilizada[50] e apenados do sistema penitenciário local foram empenhados para ajudar na limpeza das ruas de Ipatinga.[51]
↑ abCentro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) (agosto de 2014). «Região Metropolitana do Vale do Aço - diagnóstico final (volume 4)»(PDF). Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). 4: 234–239. Consultado em 12 de janeiro de 2025. Arquivado do original(PDF) em 16 de agosto de 2016
↑Diário do Aço (1999). Vale do Aço 2000: Um século de história. Ipatinga-MG: Empresa Jornalística Revisão Ltda. p. 55–56