Canetti era o filho mais velho de uma família de judeus sefarditas que extraíam sustento do comércio. Passou seu primeiro ano de vida na Bulgária e na Inglaterra. Alguns de seus irmãos foram o produtor musical Jacques Canetti e o médico Georges Canetti.[2] Após a morte prematura do pai, em 1912, a família migrou para Viena. Em 1916, devido ao patriotismo que se instalou na Áustria com a Primeira Guerra Mundial, a mãe, a irmã e ele se mudaram para a Suíça, país neutro naquele conflito. Lá, entre 1917 e 1921, frequentou o colégio Realgymnasium Rämibühl em Zurique. Nesse último ano, partiu com os parentes para a Alemanha, onde concluiu o ensino médio em 1923, em Frankfurt.
A partir de 1924, tornou a viver em Viena. No ano seguinte, preocupou-se pela primeira vez com o fenômeno psicossocial das "massas", tema que pesquisou durante toda a vida. Em 1928 conseguiu, em Berlim, durante o semestre de férias, um trabalho como tradutor para a editora Malik-Verlag. Após o doutorado em química, continuou atuando como tradutor. Na época, concebeu um ciclo romanesco de oito tomos, cujo primeiro livro — Auto de fé (1931) — lançou em seguida. Foi o único romance da carreira.
A anexação da Áustria à Alemanha nazista, em 1938, obrigou-o a migrar com a mulher, Veza Canetti, para Londres, onde permaneceu após a Segunda Guerra Mundial e recebeu a nacionalidade britânica. Mas foi, aos poucos, trocando a Inglaterra pela Suíça — inicialmente nos anos 1970 e de vez nos anos 1980. Morreu em 1994 em Zurique.
Biografia
Elias Canetti nasceu em 25 de julho de 1905 em Ruse, localidades situada na margem sul do rio Danúbio, na atual Bulgária, na fronteira com a Romênia. Seus pais, Jacques Elias (Elieser) Canetti e Mathilde Arditti, originam-se de famílias prósperas de comerciantes judeussefarditas. Originalmente, o sobrenome era grafado Cañete, de origem toponímica em referência à aldeia de Cañete, província de Cuenca, atual Espanha. Considerando suas origens, a língua materna de Canetti o judeu-espanhol, também denominado ladino.[3]
Depois que a Bulgária obteve sua independência total do Império Otomano em 1908, Canetti conservou a nacionalidade turca. Dois irmãos nasceriam em 1909 e 1911, respectivamente Nissim e Georg.
Em 1929 graduou-se em química. Teve como modelo, no âmbito da literatura e da crítica da linguagem, o escritor e ensaísta austríaco Karl Kraus. Em 1934, casou-se com Venetiana Taubner-Calderon, que adotou o nome Veza Canetti. Emigrou em 1938, e passou a viver em Londres a partir de 1939, recebendo a nacionalidade britânica em 1952.
Sua primeira obra literária foi o romance Die Blendung (Auto-de-Fé) (1935). Os dramas Hochzeit (O Casamento) (1932), Komödie der Eitelkeit (Comédia da vaidade) (1950) e Die Befristeten (Os que têm a hora marcada) (1964) desmascaram o rosto de uma sociedade profundamente corrompida. Colocou o fundamento teórico de sua obra no ensaio Massa e Poder (Masse und Macht) (1960), que põe em relevo o significado fundamental dessa fenomenologia para a realidade política. Suas obras posteriores - Die gerettete Zunge (A Lingua Absolvida), 1977; Die Fackel im Ohr (Uma luz em meu ouvido), 1980; Das Augenspiel (O Jogo Dos Olhos), 1985 - tecem comentários e interpretam uma história de vida e trabalho muito singulares.
Prêmios
Recebeu o Grande Prêmio Estatal Austríaco de 1967, bem como o Prêmio Georg Büchner de 1972 e a Condecoração Austríaca de Ciência e Arte de 1972. Também recebeu o Nobel de Literatura de 1981.
Publicações
Edições originais
Die Blendung. Roman. Reichner, Wien 1936.
Fritz Wotruba. Vorwort von Klaus Demus. Rosenbaum, Wien 1955.
Masse und Macht. Claassen, Hamburg 1960.
Die Befristeten. Drama. Hanser, Munique 1964; 2. Auflage ebenda 1982, ISBN 3-446-13567-7.
Hochzeit. Drama. Hanser, Munique 1964; 2. A. ebd. 1981, ISBN 3-446-13467-0.