Descendente de um prefeito de Marselha, Alexis Rostand Joseph (1769-1854), Edmond Rostand nasceu em uma família rica, sendo filho do economista Eugène Rostand.
Em 1880, o pai leva sua família, Edmond, sua mãe e dois primos no elegante spa Bagnères-de-Luchon. Instalado inicialmente no "chalet Spont", em seguida, na "villa Devalz", eles então constróem a "Villa Julia", próximo ao Casino. Edmond Rostand vive 22 anos em Luchon, que inspirou suas primeiras obras.
Diplomado em direito, jamais exerceu a profissão e, desde o início da faculdade, freqüentou as rodas literárias, conhecendo aí seu grande amor, a poetisa Rosemonde Etiennette Gérard, autora do livro "As Flautas".
Carreira literária
Em 1888, Rostand escreveu sua primeira obra, a peça Le Gant Rouge (A Luva Vermelha) e em 1890, casou com Rosemonde.
Em 1891, escreveu a peça Les Musardises (Divagações) e, em 1893, Les Deux Pierrots (Os Dois Pierrôs), mas apenas em 1894 conseguiu a fama, com a peça Les Romanesques (Os Românticos), encenada pela Comédie-Française.
Suas peças seguintes, La Princesse Lointaine (A Princesa Longínqua), La Samaritaine (A Samaritana) e L’Aiglon (O Filhote de Águia) foram interpretados, na época, por Sarah Bernhardt, considerada a maior atriz de teatro de seu tempo.
Sua obra máxima, a peça Cyrano de Bergerac, que estreou com estrondoso sucesso em 1897, em Paris, no Théàtre de la Porte-Saint-Martin, também foi encenada por Sarah, mas apenas em Londres, em 1901. Rosemonde Gerard escreveu, entusiasticamente, em seu livro Edmond Rostand:
"Por que, durante semanas e meses, os porteiros chamarão todo mundo de meu príncipe (...). Por que, amanhã, todos os vendedores de flores terão todas as flores frescas? (...) Porque, nesta noite, representava-se, pela primeira vez, Cyrano de Bergerac, no Théàtre de la Porte-Saint-Martin!".
A peça Cyrano de Bergerac transformou Rostand num verdadeiro ídolo do público francês, tornando-o membro da Academia Francesa, em 1904. Vítima de uma pneumonia, porém, ele se retirou em Cambo-les-Bains, na região basca, onde viveu por nove anos, discretamente. Só voltou aos palcos em 1910, com Chantecler, a história de um galo que acredita que é o seu canto que faz nascer o dia.
Rostand ainda escreveu uma última peça, La Dernière Nuit de Don Juan (A Última Noite de Don Juan), que ficou incompleta, mas foi aos palcos em 1921, três anos após sua morte em Paris, em 2 de dezembro de 1918.
Características literárias
Rostand escolheu para suas peças temas típicos do romantismo, apesar de os ideais românticos, na época, já estarem ultrapassados, em função do realismo. Em sua peça A Princesa Longínqua, inspirou-se na Idade Média, no caso uma história de amor entre um trovador, Rudel, e uma princesa, Melisandre. Também buscou inspiração romântica na religião cristã, com a peça A Samaritana, e histórica, em O Filhote de Águia, que relatava a tentativa do filho de Napoleão, o duque de Reichstadt, em recriar o império do pai.
Para escrever Cyrano de Bergerac, Rostand inspirou-se no poeta e filósofo assim chamado, que viveu entre 1619 e 1655, um questionador dos intelectuais de sua época. A obra, segundo a tradição romântica, foi escrita em versos, e consta que Rostand trabalhava tão febrilmente que chegava a compor 250 versos num único dia.
Muitos críticos, quando Rostand escreveu sua peça Chantecler, chegaram a defender que ela foi um final infeliz para uma carreira que se notabilizou e se imortalizou por uma única obra: Cyrano de Bergerac.
Obras principais
Lista de obras de Edmond Rostand (por ordem cronológica)
Peça criada em 1921, três anos após a morte do autor
Paris, L'Illustration, 1921
A Última Noite de Dom Juan
1915
Le Vol de la Marseillaise
Poemas sobre a guerra (1915)
Paris, Fasquelle, 1919
Le Cantique de l'Aile
Poesia
Paris, Fasquelle, 1922
Faust de Goethe
Adaptação e tradução de Edmond Rostand
Paris, Éditions Théâtrales, 2007
Referências
↑GÉRARD, Rosemonde. Edmond Rostand. In: Cyrano de Bergerac, A estréia triunfal. Editora Teatral, 1985. Programa por ocasião do lançamento da peça no Teatro Cultura Artística, em São Paulo.
ROSTAND, Edmond (1976). Cyrano de Bergerac. São Paulo: Abril Cultural - Victor Civita. [S.l.: s.n.] pp. Coleção teatro Vivo
VÁRIOS (1985). Cyrano de Bergerac. São Paulo: Editora Teatral. [S.l.: s.n.] pp. Programa lançado por ocasião da estréia da peça Cyrano de Bergerac no Teatro Cultura Artística (SP – Brasil), dir: Flávio Rangel