Edmar teve uma infância como a maioria das crianças de classe média. No entanto, a sua infância fora marcada por inúmeras mudanças de cidades já que seu pai era funcionário público estadual, tendo morado nas cidades de Juazeiro do Norte, Brejo Santo, Iguatu, Sobral e Fortaleza. Edmar tem sua infância resgatada em uma de suas composições – “Meu Quintal”.
Filho de Geraldo Basílio Gonçalves e de Maria Alencar, Edmar é quarto filho do casal. A adolescência de Edmar fora marcada pela separação de seus pais, onde ele passou a conviver com uma situação econômica restrita, passando a trabalhar desde então, como vendedor porta a porta, ajudante de garçom e garçom.
Foi pai aos 24 anos e viúvo aos 29 anos. Edmar teve sua única filha em 1986, passando a criá-la sozinho e com ajuda da família.
Música
Sua paixão pela música e seu desenvolvimento nos diversos tons aconteceram concomitantemente ao seu desenvolvimento nas artes plásticas. O artista começou sua carreira musical cantando MPB na noite, em bares e restaurantes, e assim foi durante doze anos.
Pouco depois ele passou a se apresentar em teatros, abriu shows de artistas renomados, como Alceu Valença, e então rapidamente começou a fazer seus próprios shows. Em diversos anos Edmar participou do festival Canta Nordeste. Em 1993 se apresentou com “Saberei” e no ano seguinte, em 1994, foi o vencedor do seu estado com a música “Canto sem Eira nem Beira”, de Edmar Gonçalves e Evaristo Filho.[1]
Nos anos subsequentes ele continuou se apresentando em demais festivais e shows e em 1996 foi premiado novamente no Canta Nordeste - Etapa Ceará com o 1º lugar com a música “Miragem”, feita também em parceria com Evaristo Filho.
Para Edmar, as artes plásticas são elementos mais reservados, uma obra de arte fica dentro de casa para você e seus convidados contemplarem, enquanto a música é algo que você aproveita em conjunto, com diferentes energias reunidas em um só lugar.
Artes Plásticas
Edmar começou a desenhar com lápis, porém quando estava programado para começar a usar a tela, o pai de Edmar foi transferido de seu posto no trabalho e a família se mudou para Fortaleza, capital do Ceará. Desde então Edmar se desenvolveu de forma autodidata, buscando novas técnicas e formas de expressar a sua arte.
Edmar desenvolve-se em várias vertentes das artes plásticas, pintando desde o Paisagismo, passando por Natureza-morta, Nus, Regionalismo brasileiro, Abstrato, Surrealismo, Nanquim, para culminar em sua obra-prima, a fase Guerreiros do Arco-íris.[2]
Discografia
Em Cima do Tempo (2017)
Em Cima do Tempo é o trabalho mais recente do cantor e traz um Edmar mais maduro, contemplativo, reflexivo e com certa
urgência em aproveitar a vida nos pequenos detalhes. O álbum tem forte presença do amigo Marcos Lupi e reúne músicas como
“Ceará Bonito”, “Madrugada”, “Entre Nós”, “Fruto”, “Terra Mãe”, entre outras.[3]
Faixas
Absoluto (Edmar Gonçalves / Cyda Olimpio)
Ceará Bonito (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi / Fernando Fernandes)
Cidade (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi)
Em Cima do Tempo (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi)
Entre Nós (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi / Fernando Fernandes)
Fronteira (Edmar Gonçalves / Adelmar Carlos)
Fruto (Edmar Gonçalves)
Fuga (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi)
Madrugada (Edmar Gonçalves / Almicir Pinto)
Outra Madrugada (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi / Fernando Fernandes)
Pra Você que Esteve Lá (Flávio Paiva)
Terra Mãe (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi)
Toada da Saudade (Edmar Gonçalves / Marcos Lupi)
Visita (Edmar Gonçalves / Fernando Fernandes)
Bússola (1999)
O CD Bússola traz Edmar reunido com outros compositores e músicos como Manassés, Nilson Chaves, Cristiano Pinho, Ricardo Pontes, entre outros. Além disso, a penúltima faixa do CD é uma releitura do clássico brasileiro “Que Será”.[4]
Faixas
Bússola (David Duarte)
Temporal (Edmar Gonçalves)
Vidente (Erasmo de Bel)
Miragem (Edmar Gonçalves / Evaristo Filho)
Cigano (Edmar Gonçalves / Adelmar Carlos / Etinho)
Alcôva (Edmar Gonçalves / Almicir Pinto)
Violeiro e Canção (Amaro Pena)
Loucura (Edmar Gonçalves / Jacqueline Fernandes)
Saudade (Edmar Gonçalves / Mano Alencar / João Duarte)
Mariana (Mano Alencar / Amaro Pena)
Lira da Ilha (Edmar Gonçalves / Adelmar Carlos)
Que Será (Marino Pinto / Mário Rossi)
Canto sem Eira nem Beira (Edmar Gonçalves / Evaristo Filho)
Aprendiz (1993)
O vinil Aprendiz foi lançado no início dos anos 90 e conta com músicas autorais de Edmar Gonçalves e também com participações especiais como Belchior, Kátia Freitas, Calé Alencar e Marcus Café. Em 1986 a música “Os Meninos”, de Edmar Gonçalves e Mano Alencar, ficou em primeiro lugar no 1º Festival de Música de Camocim. Já a primeira música do disco Aprendiz, intitulada “Boi Magia”, foi a vencedora do 7º Festival de Música de Camocim, de 1992.
Faixas
Boi Magia (Edmar Gonçalves)
Magia do Olhar (Edmar Gonçalves / Souza Neto)
Sensibilidade (Edmar Gonçalves / Marcos Dias)
Brasileiramente Linda (Belchior) - Part. de Belchior
Cabocla Cubana (Edmar Gonçalves / Adelmar Carlos / João Duarte)
Isadora (Edmar Gonçalves)
Precisamos de Amores (Paulinho Pedra Azul)
Aprendiz (Edmar Gonçalves)
Eterno Retorno (Paulo Sílvio / Ricardo Alcântara)
Participações como Intérprete
Ano
Projeto
Artista ou Produção
Músicas
1994
Parceiros e Amigos
Mano Alencar
Maria Joana; ABC Musical; Praia do Futuro; e, Meruoca
1995
Lua Nova
Evaristo Filho
Boi da Noite; e, Canto sem Eira nem Beira
1995
No Ceará é Assim
Governo do Estado do Ceará
Pobre Bichinho
1995
D'alma
Hermano, Nilo e Roberto
Estado D’Alma
1998
Marca Carmim
Luciano Cléver e Chico Pio
Seda
1999
Água Belas
Ivanildo Pereira
América do Sol; e, Natureza em Festa
2000
Centro Cultural Banco do Nordeste
Centro Cultural Banco do Nordeste
Miragem
2000
Banco de Talentos
Federação Brasileira dos Bancos
Boi da Noite
2000
Outra Esquina
Felipe Cordeiro
Favela; e, Elemental
2000
Um Lugar Chamado Roncador
Marcos Quinan
Maracatutando
2001
Tempo, Trabalho e Cotidiano
CUT Ceará
Canto sem Eira nem Beira
2001
Quadros Urbanso
Marcos Santos
Português Moderno
2002
Miragens
Evaristo Filho
Diferente
2002
Estação Ceará
Ouver Records
Bússola
2003
Vozes e Sons do Ceará
KL Engenharia
Bússola
2003
Patativa do Assaré
Caixa Econômica Federal
Seu Dotô me Conhece?
2004
Guarapiranga
Fernando Rosa
Cachos
2004
Rolimã
Flávio Paiva
Escarlate
2004
Cais Bar. 18 Anos de Praia
Joaquim Ernesto
Vento e Mar
2004
Litisconsortes
OAB - CE
Elemental
2006
Hino do Estado do Ceará
Governo do Estado do Ceará
Hino do Estado do Ceará
2006
Do Sertão ao Mar
Ramon Moreira e Renato Feitosa
Lembrança; e, João e o Inimigo Sol
2006
Canto de Vida
Ubiratan Aguiar
Esquina
2007
Jangada de Areia
Joaquim Ernesto e Silvio Barreira
Não me Diga; e, Chama
2008
V Festival de Inverno da Serra da Meruoca
Festival de Inverno da Serra da Meruoca
Terra Mãe
2008
Canções do Eterno Agora
Ricardo Alcântara
Amor de Verdade
2008
Mesa de Esquina
Silvio Barreira
Valparaido
Artes Plásticas
Guerreiros do arco-íris
Os Guerreiros do Arco-íris são a marca registrada de Edmar Gonçalves. Com suas cores fortes e traços inspirados no cubismo, os guerreiros trazem a espiritualidade para a tela, e consigo carregam uma aura. Eles são seres do 3º milênio que pregam a pacificação do universo e se comunicam através das diferentes cores e formas do olhar. Edmar Gonçalves já pintou mais de 300 guerreiros, em acrílico, nanquim, giz de cera e em outras técnicas. Os olhos de cada um deles podem ser considerados a parte mais autêntica de seu trabalho.
Paisagismo e regionalismo brasileiro
As casas do interior do Ceará são o foco dos quadros de Paisagismo de Edmar Gonçalves, no entanto elas podem ser consideradas como retratos de quaisquer outras cidades do Nordeste. De início, o pintor tirava fotos de algumas casas e reproduzia em suas telas, porém, após ganhar experiência, começou a criar as casas da sua própria imaginação, sempre se atentando aos detalhes, que dão mais veracidade aos quadros. Tais detalhes podem ser vistos no lodo no canto da calçada, nas cadeiras no passeio, no desgaste da pintura da casa e no telhado sujo.
Nu Artístico
Os nus de Edmar Gonçalves trazem consigo não apenas a sensualidade do corpo, mas também um clima de mistério e surpresa advindos da presença de partes de papel rasgado em sua obra e também do encobrimento dos rostos dos modelos. Com a técnica do hiper-realismo, o observador atento não encontra a mais leve marca de pincel, assim, a pintura rica em detalhes faz com que suas telas sejam algumas vezes confundidas com fotos, tal o nível de perfeição adquirido pelo jogo de luz e minuciosidade dos músculos do corpo.
Abstrato
A fase de pinturas abstratas de Edmar Gonçalves foi relativamentecurta, mas não menos cativante. O artista plástico utilizou o Abstrato mais como um laboratório já que precisava ter o domínio do uso da tinta acrílica, pois planejava descontinuar a pintura a óleo. Pode-se dizer então que o Abstrato foi uma fase de transição para o aperfeiçoamento das obras em acrílico.
Natureza morta
As primeiras pinceladas de Edmar Gonçalves fora do Paisagismo resultaram em quadros de Natureza-morta, que propositalmente fogem do padrão europeu, acostumado a retratar maçãs, uvas, vasos de cerâmica e taças de vinho. Desde novo Edmar já deixou o regionalismo nítido em sua obra, visto não apenas nas paisagens, mas também através da preferência do pintor por frutas típicas do Nordeste, como pitomba, mangaba, e da mesma forma, a escolha de frutas do restante do Brasil, como banana, coco, carambola, mamão e abacate.
Outras Facetas
Edmar possui trabalhos em utilizando-se de várias técnicas, como grafite, nanquim, óleo, acrílico, xilogravura, dentre outros. Seu trabalho percorre por diversas fases como hiper realismo, surrealismo, abstrações, figurativo, pontilhismo, cubismo, dentre outros.
Exposições
Principais
1978 – Massafeira do Ceará, no Teatro José de Alencar
1980 – Salão dos Novos, na Galeria Antônio Bandeira
1981 – Exposição coletiva do BNB Clube
1982 – Unifor Plástica
1984 – Nuclearte
1985 – Salão de Abril
1985 – Salão de Camocim como convidado especial
1986 – Galeria Marinho
1987 – Exposição coletiva em Portugal, no Castelo São Jorge
1988 – Exposição do banco Caixa Econômica, 10 Cores na Caixa
1989 – Talento 89, Teleceará
1989 – Uniõor Plástica
Individuais
1985 – Dualibe Galeria
1987 – Galeria Villa Naro, Recife (PE)
1989 – Hotel Municipal, Camocim (CE)
1989 – Caras e Cores, no Cais Bar
1990 – Guerreiros do Arco-íris 1ª galeria, La casa la barca
1994 – Guerreiros do Arco-íris 2ª galeria, Boca de forno
1995 – Guerreiros do Arco-íris 3ª galeiria, Teleceará
2016 – Mostra de arte no Ideal Clube, Fortaleza (CE)
EDMAR Gonçalves. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa12789/edmar-goncalves>. Acesso em: 19 de Jun. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7