Dominação financeira, mais conhecida como findom (abreviação de financial domination), é um fetiche associado ao BDSM e à humilhação erótica onde o submisso (comumente chamado de money slave, paypig ou cash piggy) envia dinheiro e/ou presentes a uma dominadora financeira, de acordo com as ordens dadas por ela.
A prática
Na maioria dos casos de findom, a dominadora e o submisso não se conhecem pessoalmente e todas as interações são feitas na internet através de webcam ou mensagens de texto.[1][2] Porém, há algumas raras situações onde o "escravo financeiro" acompanha sua dominadora nas compras e todos os gastos são pagos com o dinheiro dele.[3] Twitter e Instagram são as redes sociais onde há a maior abundância de dominadoras financeiras, mas também é comum encontrar praticantes desse fetiche em redes sociais de conteúdo adulto como FetLife e ManyVids.[4] Há também o Findoms.com, que é uma rede social exclusivamente voltada para a atividade de dominação financeira.[3]
Há diversas formas de praticar consensualmente a dominação financeira. Na maneira mais comum, a dominadora assume controle total sobre as finanças do submisso. Ela tem acesso as informações de lucro e despesas do money slave, ela decide como ele irá gastar seu dinheiro e quanto ele deve dar à sua "dona", ele deve reportar todo tipo de gasto que for feito, entre outras formas de controle.[5]
Uma outra maneira de realizar o findom é através de uma relação BDSM virtual básica com compensação financeira. O submisso dá presentes à sua dominadora como forma de agradecimento, recebe ordens e é financeiramente penalizado como forma de castigo. Uma relação findom também pode envolver diversos outros fetiches de dominação, como small penis humiliation, cuckold e cintos de castidade.[5]
Também há pessoas que preferem o uso da chantagem como forma de humilhação erótica no findom. O submisso fornece algum tipo de informação e a dominadora pede dinheiro para manter tudo em segredo.[6] A chantagem pode ser real ou pode ser apenas uma forma de encenação, onde não há uma informação comprometedora verdadeira sendo colocada em jogo.[7]
Além das torturas psicológicas, o findom também pode ser conciliado com torturas físicas consensuais feitas via Internet através de diversos fetiches como o cock and ball torture.[6] Nesses casos, além da humilhação financeira, a dominadora geralmente ordena que o submisso faça algo embaraçoso ou doloroso.[8]
Motivos que atraem praticantes
Além do dinheiro em si, ter o controle total sobre outra pessoa de forma geral é visto como prazeroso para as dominadoras do findom. Já o submisso geralmente acha prazeroso o sentimento de ser abusado financeiramente. Ele obtém satisfação sexual ao se sentir usado ou ridicularizado, pois considera humilhante ver uma dominadora tomando o seu dinheiro que foi tão difícil de conquistar. Outro tipo de submisso findom é aquele que está estressado com a vida cotidiana de negócios e gosta de livrar-se desses problemas através do sentimento de vulnerabilidade ao ter outra pessoa assumindo o comando sobre suas finanças.[5] Muitos submissos também gostam do sentimento da prover luxo a uma mulher dominadora.[4]
A psicóloga Lori Bisbey explica que todo tipo de relação possui um jogo dinâmico de poder, mas no BDSM esse jogo de poder é mais explícito. E a dominação financeira utiliza o dinheiro como uma representação de poder. Nesse fetiche, transferir suas finanças para alguém é uma renúncia e entrega nítida e erotizada desse poder.[9]
Muitas mulheres entram no findom com a ideia de que essa é uma maneira fácil de conseguir dinheiro. Esse mesmo motivo atrai muitas pessoas que criam contas falsas fingindo serem dominadoras. Porém, as reais dominadoras de findom desmitificam a ideia de que findom é dinheiro fácil e afirmam que a verdadeira dominação financeira é mais complexa do que parece.[4] De acordo com elas, tem que saber ter o controle psicológico da situação e entender a prática da humilhação erótica. A dominadora precisa entender do que cada submisso gosta e como reagir para obter o poder financeiro sobre ele.[4] Ela também precisa estar ciente dos princípios éticos do BDSM e respeitar os limites dos submissos financeiros.[9] Além disso, existem muito mais mulheres dominadoras do que homens submissos nas práticas de dominação financeira, portanto, é preciso fazer um trabalho constante de publicidade através de vídeos e postagens para concorrer com outras dominadoras.[10]
O que diferencia o sugar baby do findom é que na prática do sugar baby é oferecido dinheiro e presentes em troca de um relacionamento, geralmente sem elementos explícitos de dominação. Enquanto na dominação financeira, o submisso não tem expectativa nenhuma de ter qualquer tipo de contato sexual em troca do dinheiro.[10]
Referências
- ↑ Hosie, Rachel (24 de março de 2017). «What is findom? A submissive man explains the fetish». The Independent (em inglês)
- ↑ Vatomsky, Sonya (28 de julho de 2017). «Meet the Woman Teaching 'Financial Domination' to the Masses». Rolling Stone (em inglês)
- ↑ a b Ellin, Abby (18 de fevereiro de 2015). «Yes, there is such a thing as a 'Financial Dominatrix,' and it's as bizarre as you think». New York Observer (em inglês)
- ↑ a b c d Dawson, Brit (5 de março de 2019). «How social media is changing financial domination». Dazed (em inglês)
- ↑ a b c Chester, Nick (7 de novembro de 2013). «Financial Domination is a very expensive fetish». Vice (em inglês)
- ↑ a b Dickson, EJ (30 de junho de 2013). «"Do it again or I'm gonna call your wife": Inside the world of financial domination». Salon (em inglês)
- ↑ Kane, Miranda (26 de outubro de 2017). «Money for nothing? Here's a guide to financial domination for beginners». Metro (em inglês)
- ↑ Iselin, Kate (8 de junho de 2019). «Inside the hidden world of online dominatrixes». News.com.au (em inglês)
- ↑ a b McAlpine, Dayna (25 de setembro de 2019). «"This new sex fetish is on the rise on Twitter, but why?». Stylist (em inglês)
- ↑ a b Stevenson, Alison (7 de novembro de 2013). «I went to a class to learn how to financially dominate men». Vice (em inglês)