Docudrama, termo que se confunde com docuficção, de que é uma espécie,[carece de fontes?] é um neologismoanglófono que designa em geral uma obra televisiva cujo género se situa entre a ficção e o documentário. Docudrama, também chamado de drama documentário, é um estilo de documentário que apresenta de forma dramática a reconstituição de fatos, utilizando-se atores para isso. Podem ser representados assuntos contemporâneos ou eventos históricos. Deriva-se do jornalismo, cinema e rádio dos séculos XIX e XX.[1] Apesar da tentativa da representar o real, muito é questionado sobre o docudrama, pois críticos defendem que a filmagem nunca é fiel ao fato original, podendo representar ângulos e pontos de vista particulares. Sua diferença dos dramas tradicionais é seu contexto real histórico. É frequente o uso da docuficção em emissões de televisão destinadas a ilustrar com actores um facto real. É nesse sentido que o termo docudrama é mais usado. É por vezes usado também para referir um documentário com fins didácticos ou de ilustração histórica.
A definição docudrama tem como uma de suas primeiras utilizações, a definição dada por Edgar E. Willis, escritor canadense, em 1951: “Um programa que apresenta informação ou explora um problema de forma dramática, com ênfase, geralmente, em seu significado social”.[2] Também no século XX, depois da II Guerra Mundial, o produtor Louis de Rochemont trouxe a estética dos noticiários aos seus filmes. Peter Watkins é também um dos pioneiros em docudramas, responsável por produções como O Jogo da Guerra (1965), Edvard Munch (1973) e La Commune (2000).
Seus antecedentes contam com diversos gêneros, entre eles o teatro e a literatura. Como exemplo, é possível destacar as tragédias gregas, que se utilizavam de histórias ou mitos com interpretações próprias de cada dramaturgo. O mesmo é visto, mais tarde, com o teatro de Shakespeare, que usava também registros históricos em suas peças.
Docuficção em Portugal
A tradição cinematográfica portuguesa está profundamente ligada desde o seu início à docuficção. Em 1930, Maria do Mar de Leitão de Barros, considerada a segunda docuficção a nível mundial, marca o início deste movimento, que, sempre presente nas décadas seguintes, alcançaria a sua maturidade nos anos 70 do século XX, no trabalho de realizadores como António Campos, Ricardo Costa ou António Reis, em filmes como Trás-os-Montes ou Jaime. O trabalho deste último como professor na Escola de Cinema do Conservatório Nacional, entre 1979 e 1991, da qual brotou a quase totalidade dos realizadores portugueses de então até hoje, permitiu que o cinema português assumisse a sua natureza docuficcional, que resultou no trabalho de cineastas como Pedro Costa.
Definições
Compact Oxford English Dictionary: «um filme dramatizado baseado em eventos reais e incorporando aspectos de documentário».
Cambridge Advanced Learner's Dictionary: «um programa de televisão cuja história se baseia num evento ou situação que realmente aconteceu, embora não pretenda ser fiel em todos os detalhes»
Wiktionary: «Um tipo de drama (um filme, espectáculo de televisão, uma peça de teatro) que combina elementos de documentário e drama, mostrando até certo ponto eventos reais e até certo ponto usando actores representando recriações e acontecimentos documentados».
American Heritage: «Uma dramatização televisiva ou cinematográfica de uma situação baseada em factos».
Rhymezone: «um filme ou programa de televisão apresentando factos sobre uma pessoa ou acontecimento»
Características e linguagem
Docudramas costumam ter como características:
Foco em fatos
Casting de atores. Produtores de docudramas buscam por atores parecidos fisicamente com seus personagens históricos.
Nomes reais dos personagens históricos, característica que permite diferenciar docudramas de ficções.
Presença de legendas como uso do discurso direto ou como entrevista direta à câmera.
Uso de voice-over (locução) ou narradores.
Uso da música como elemento dramático, como parte da estrutura do filme.
O choro como um dos efeitos mais favorecidos, produzido no telespectador através de estruturas melodramáticas.
O docudrama tende a convidar o telespectador a participar do debate exposto.
Uso de técnicas literárias e narrativas.
Além do choro como resultado do drama no documentário, o suspense também é elemento dessa narrativa.
Linguagem típica do teatro dramático, possível de ser encenado.
Alguns produtores optam pelo uso da licença dramática, para diminuir o uso dos fatos históricos e engrandecer a arte dramática de suas produções. Tais mudanças incluem diálogos, eventos ou pensamentos não existentes. Para muitos críticos, essa licença dificulta a distinção do telespectador entre o real e a especulação, enfraquecendo a problemática social e os debates criados com os docudramas.
Essas características encontram-se também em programas televisivos e series, também vistos como docudramas. O maior exemplo foi o programa “You Are There” transmitido pela rede CBS News.[3] Nessa série de 90 capítulos, grandes eventos da história foram reconstituídos dramaticamente, contando, inclusive com a ação jornalística de repórteres, que entrevistaram os personagens históricos, interpretados por atores. Tudo se passava como uma grande viagem ao tempo para fazer o telespectador vivenciar o fato.