A banda foi formada em 1986 como um duo na cidade de Nova Iorque, com Lady Miss Kier (nascida Kierin Magenta Kirby) primariamente nos vocais e Supa DJ Dmitry (nascido na União Soviética como Dmitry Brill) como o DJ. Se tornou um trio quando DJ Towa Tei se juntou ao grupo em 1988.
Inicialmente, Kier e Dmitry tocaram suas músicas mensalmente em vários clubes noturnos do Centro da cidade de Nova Iorque de 1986 em diante.[1] Em 1987, Kier comprou o sampler Akai, que influenciou tremendamente seu som. Por essa razão, ela chamou sua companhia de produção de sampladelic.[2] Desde o início, Kier desenhou os pôsteres e convites das apresentações da banda. Ela também foi a desenhista gráfica dos três álbuns e doze singles da banda.[3] A banda tocava tanto em clubes de hip-hop quanto em clubes de house music,[4] e tanto em clubes LGBTQ+ quanto em clubes heterossexuais, incluindo o festival drag Wigstock[5] e a abertura das apresentações de De La Soul e Jungle Brothers. Como descrito pela revista Rolling Stone, eles estavam desenhando multidões vívidas, multirraciais e pansexuais. Parte do apelo da banda era sua inclusividade, como notado pela revista Mademoiselle: como um grupo, eles são um festival de individualidade; como uma banda, eles são uma festa a que qualquer um pode comparecer.[4] Nesses anos iniciais, suas apresentações ao vivo atraíam um público constante, que incluía Towa Tei como fã.
Logo em seguida, Towa enviou, a Kier e Dmitry, uma fita sua. Kier e Dmitry logo perceberam que, como eles, Towa também gostava de uma fusão entre techno e funk. Towa e Dmitry começaram a programar em conjunto o computador da banda. Embora Towa não tocasse nenhum instrumento nem lhes tivesse mostrado nenhuma música de sua autoria, ele era um ávido colecionador de discos, e inseriu samples na música da banda, que se tornou mais escorregadia. Kier e Dmitry convidaram Towa para se juntar à banda em 1988.
World Clique (1990)
Os três juntos produziram seu primeiro álbum, World Clique, em 1990.[6] Kier escreveu todas as letras e melodias, e também organizou o contato com Bootsy Collins para realizarem sessões conjuntas.[7] Dmitry tocou guitarra, teclado e baixo, e Towa juntou samples para preenchimentos e ritmos.[8] Bootsy Collins lhes apresentou The Horny Horns, Fred Wesley, Maceo Parker, Mudbone Cooper e Bernie Worrell. Além disso, ele lhes ajudou a montar a banda da turnê.[9]
O Deee-Lite foi capturado pela cena mainstream com o seu maior single, Groove Is in the Heart, lançado em Agosto do ano, se tornando um sucesso instantâneo em diversos países. A canção apresenta vocais do rapper Q-Tip (do coletivo de hip-hop A Tribe Called Quest), bem como o famoso loop de baixo sampleado da canção Bring down the birds, de Herbie Hancock, e vocais adicionais de Bootsy Collins, um fã da banda. No mesmo mês, lança-se o primeiro álbum da banda, World Clique, com participações de Bootsy Collins, Q-Tip, Fred Wesley e Maceo Parker. O sucesso inicial do álbum ocorreu no Reino Unido, onde teve pico na décima quarta posição em Setembro do mesmo ano. Simultaneamente, na Billboard Hot 200, o álbum estreou na centésima quinta posição, porém, com o sucesso de Groove Is In The Heart, o álbum pulou até a vigésima posição da parada musical. O álbum rendeu mais três singles: Power Of Love, Good Beat e E.S.P.. O álbum rendeu uma turnê com a banda de Bootsy Collins, tendo, como suas apresentações mais famosas, a no Montreux Jazz Festival[10] e a no Rock In Rio:[11] ambas as apresentações no ano de 1991.
Infinity Within (1992)
Towa não participou da turnê mundial do primeiro álbum. Para ela, a banda contou com uma equipe de nove músicos. Ao invés disso, Towa preferiu começar a trabalhar no segundo álbum da banda, Infinity Within, no conforto de sua casa, onde estava próximo a seus discos e samples.[12] Como disse para o MTV News, uma das razões pelas quais eu saí do Deee-Lite foi que eu detestava as turnês - tocar as mesmas canções todas as noites. Eu não sou esse tipo de pessoa: detesto ficar em frente de pessoas.[13]
Dois anos após o sucesso de World Clique, a banda volta com o álbum Infinity Within, este carregado de mensagens políticas e problemas sociais. O carro chefe do álbum, Runaway, acabou por atingir o topo nas paradas dance dos Estados Unidos. Do álbum, também foram lançados os singles Thank You Everyday, I Had A Dream I Was Falling Through A Hole In The Ozone Layer e Pussycat Meow. No entanto, o álbum falhou em obter o mesmo sucesso de seu antecessor. A banda também não recebeu fundos da gravadora para financiar a turnê do segundo álbum, como havia sido prometido no contrato com a Warner.
Dewdrops In The Garden, Dewdrops In The Remix e Sampladelic Relics & Dancefloor Odities (1993 - 1996)
Depois do lançamento do segundo álbum, Kier e Dmitry começaram a imaginar que o seu som poderia estar perdendo contato com a pista de dança. Então começaram a compor o clássico álbum das pistas de dança Dewdrops in the garden.[14] Na época, eram fortes as diferenças criativas entre Towa e os outros dois integrantes do grupo. Towa disse, para o MTV News: quando eu tomei a grande decisão de dar uma parada, eu comecei a ouvir diferentes estilos de música novamente: bossa nova, trilhas sonoras. Eu comecei a obter material que ia além do conceito do Deee-Lite. Para mim, isso era bom, mas para eles, isso não se encaixava.[14] Após dois anos em turnê com a promoção do álbum Infinity Within, Towa Tei deixa a banda para trabalhar em projetos solos como DJ principal, apesar de ter ajudado na produção da canção Call Me. Dewdrops In The Garden é o terceiro e mais arriscado álbum da banda, com uma house music mais pesada, diferente da sonoridade de World Clique. Apesar da popularidade em baixa na cena mainstream, o álbum vendeu mais que seu antecessor por conta da turnê em promoção do álbum. Nesse álbum, entra, no lugar de Towa Tei, o DJ Ani.
Em 1994, o relacionamento conturbado entre Kier e Dmitry chega ao fim, junto com o grupo.[15] Em 1996, é lançado Sampladelic Relics & Dancefloor Odities, que é uma compilação de remixes e vocais de todos os anos da banda.
Pós Deee-Lite (1996 - atualmente)
Desde a saída do grupo, Tei gravou diversos álbuns como artista solo. Atualmente, ele faz parte do supergrupo japonês METAFIVE. Desde o fim do Deee-Lite, Kier, Dmitry e Ani têm mantido carreiras de sucesso na cena de DJs. Em uma entrevista em 2011, Tei descartou as chances de uma reunião da Deee-Lite, citando as diferenças criativas e pessoais que o fizeram sair do grupo.[16]
Nos anos seguintes ao fim da banda, Kier e Dmitry enfrentaram problemas financeiros devido a problemas com o empresário.[17] Atualmente, eles continuam trabalhando como letristas, DJs e produtores. Kier ainda é, primariamente, cantora, compositora e DJ, tendo viajado por todo o mundo e participado de álbuns de vários artistas renomados. Ela sempre é tida como um ícone estilístico por revistas como a Vogue[18] por seu distinto estilo de se vestir e por sua contínua influência no cenário da moda internacional. Dmitry continua a trabalhar como DJ, de Jerusalém a Hong Kong, e da Parada do Amor de Berlim até o Rock in Rio. Ele ganhou o prêmio de DJ do ano em Ibiza, e fez remixagem para vários artistas, como Arthur Russell, Jungle Brothers, Sinead O'Connor, Ziggy Marley, Nina Hagen e Ultra Naté. Ele colaborou com Julee Cruise (que ficou famosa pela música tema do seriado Twin Peaks) para lançar o álbum My secret life. Atualmente, Dmitry mora em Berlim, onde trabalha como DJ, compositor, produtor e remixador.
Lady Miss Kier (Kierin M. Kirby, nascida em 15 de agosto de 1963, em Youngstown, em Ohio, nos Estados Unidos), vocalista, produtor, arranjador, letrista, coreógrafa, diretora de arte, empresária
Towa Tei, nascido em 7 de setembro de 1965, originalmente de Tóquio, no Japão), produção
DJ Ani (Ani Q. Schempf, nascido em 14 de dezembro de 1973, em Kansas City, no Kansas, nos Estados Unidos), mixagem, baixo