A Seleção Costarriquenha de Futebol participou pela segunda vez da Copa do Mundo FIFA depois de se classificar em primeiro lugar na fase final das eliminatórias da CONCACAF, desbancando México e Estados Unidos, as principais seleções da confederação. Além das 3 equipes, jogaram também a fase final Honduras, Jamaica e Trinidad e Tobago.
Contabilizando o desempenho no grupo B (válido pela fase anterior), a seleção venceu 10 jogos, empatou 3 e perdeu 4 partidas, marcando 26 gols e sofrendo 13. Rolando Fonseca foi o artilheiro dos Ticos nas eliminatórias, com 10 gols.
Jogadores convocados
Após ficar de fora das Copas de 1994 e 1998 e treinada desde 2001 pelo ex-meio-campista Alexandre Guimarães (que possui a nacionalidade costarriquenha desde 1980), a Costa Rica terminaria com o vice-campeonato da Copa Ouro da CONCACAF de 2002, que foi seu melhor resultado na história do torneio.
Para a Copa do Mundo, 15 jogadores que disputaram a Copa Ouro foram convocados, inclusive o veterano Hernán Medford (único remanescente da Copa de 1990), deixando de fora Max Sánchez, Óscar Rojas, Austin Berry e Reynaldo Parks - este último foi cortado após uma lesão e foi substituído por Pablo Chinchilla[1]. Outros jogadores ficaram de fora da convocação final, entre eles Ricardo González, Robert Arias, Geovanny Jara, Jafet Soto e Alexander Madrigal.
Apenas 3 jogadores defendiam clubes fora de seu país: Paulo Wanchope (Manchester City), Rónald Gómez (OFI Creta) e Winston Parks (Udinese).
Desempenho
Vitória sobre a China
Sorteada no grupo C juntamente com Brasil, China e Turquia, a Costa Rica iniciou a campanha contra a China (estreante em Copas). A primeira oportunidade dos Ticos veio com Rolando Fonseca, que não conseguiu dominar a bola. Os chineses chegariam com mais perigo apenas no final do primeiro tempo, com Wu Chengying.
Aos 16 minutos da segunda etapa, Rónald Gómez abriu o placar depois de uma jogada construída por ele, que driblou um zagueiro chinês e passou a bola para Paulo Wanchope. A bola sobraria para o mesmo Gómez finalizar, não dando chance a Jiang Jin. Um minuto depois, após cobrança de escanteio, o zagueiro Mauricio Wright ampliou a vantagem costarriquenha. Desestabilizada com o segundo gol, a China partiu para o ataque sem sucesso, sendo neutralizada pela defesa da Costa Rica, que segurou o 2 a 0 até o final[2].
Este jogo foi o primeiro em que o então técnico da China, Bora Milutinović, saiu com derrota em 5 Copas disputadas. Rónald Gómez foi escolhido como o melhor jogador da partida[3], e mesmo com a vitória, Alexandre Guimarães admitiu que sua equipe não jogou bem[4].
Empate com a Turquia
Para o jogo contra a Turquia, Wilmer López foi escalado para a vaga de Fonseca, enquanto os outros 10 titulares eram mantidos. Em conversa com o então presidente da Costa Rica, Abel Pacheco, Alexandre Guimarães prometeu um jogo "na base da raça"[5], e garantiu que a partida seria "equilibrada"[6]
Na primeira etapa, a Costa Rica criou várias chances de abrir o placar, mas as finalizações foram o ponto fraco do time, enquanto a Turquia apostava no oportunismo e na força de vontade, mas não saíram do zero. Foi aos 11 minutos do segundo tempo que os turcos saíram em vantagem: Hasan Şaş driblou Wright e a bola espirrou em Gilberto Martínez, antes de sobrar para Emre Belözoğlu, que bateu de direita para o gol de Erick Lonnis.
Depois do gol, os turcos abdicaram da ofensividade, esperando um contra-ataque, e na parte final, Parks e Medford entraram nas vagas de Walter Centeno e López. E foi o então jogador da Udinese o responsável pelo empate, já aos 41 minutos. Foi o segundo gol de Pug (apelido do atacante) pela seleção, e ele classificou o lance como "o momento mais feliz" de sua vida[7]. embora o próprio Parks tivesse perdido a chance de garantir a classificação antecipada no minuto final, após driblar Rüştü Reçber e finalizar para fora[8].
O empate beneficiou o Brasil, que havia vencido a China por 4 a 0 e garantiu a classificação antecipada às oitavas-de-final[9]. Costa Rica e Turquia brigavam pela segunda vaga, enquanto os chineses estavam eliminados.
A eliminação para o Brasil
Confiante na classificação às oitavas (bastava um empate ou uma derrota da Turquia para a China)[10], Alexandre Guimarães manteve o time que enfrentou a Turquia, enquanto o Brasil (já classificado) escalava um time misto. O treinador declarou ainda que torcia para queo ataque da seleção superasse a dependência em Wanchope, principal jogador do elenco[11], mas o atacante mostrava-se ansioso para enfrentar os então tetracampeões mundiais[12].
Para Carlos Castro, a torcida costarriquenha seria um fator extra para motivar a seleção na briga pela vaga nas oitavas-de-final[13]
O primeiro tempo começou com 2 lances de Edílson: a primeira fo cortada pela zaga costarriquenha, e na segunda, Lonnis defendeu. Aos 10 minutos, o Capetinha tocou para Ronaldo, que se esforçou para mandar para as redes. O árbitro egípcio Gamal Al-Ghandour apontou gol contra de Luis Marín - posteriormente, o gol seria atribuído ao Fenômeno, que ampliaria 3 minutos depois. Mesmo com a vantagem, a seleção brasileira apresentou várias falhas na defesa, reconhecidas pelo lateral Júnior[14]. Aos 38 minutos, Edmílson faria o terceiro gol brasileiro, em uma meia-bicicleta. Um minuto depois, a Costa Rica descontou com Wanchope, cuja finalização desviou em Lúcio e enganou Marcos.
No segundo tempo, após várias chances perdidas, os Ticos voltariam a acreditar na classificação quando Gómez, de cabeça, fez o segundo gol após passe de Steven Bryce. Preocupado com o desempenho do Brasil, Luiz Felipe Scolari tirou Edílson e Juninho Paulista, colocando em seus lugares Kléberson e Ricardinho. As alterações deram resultado: um minuto após a entrada de Ricardinho, Rivaldo se antecipou e fez 4 a 2 para a Seleção Canarinho. Júnior faria o quinto gol 2 minutos depois, garantindo a liderança do grupo C e a eliminação dos costarriquenhos no saldo de gols (a Turquia ficou com +2 de saldo, enquanto a Costa Rica terminou a Copa com −1)[15], deixando Alexandre Guimarães decepcionado[16][17], enquanto o atacante Rolando Fonseca atribuiu a eliminação às chances desperdiçadas pelo time nos 3 jogos[18].
Pós-campanha
Após a eliminação na Copa, Medford, Lonnis e Juan José Rodríguez (que não entrou em campo) anunciaram suas despedidas da seleção.
Lester Morgan, terceiro goleiro da Costa Rica na Copa de 2002 e um dos 8 jogadores da equipe que não jogaram durante a campanha, cometeu suicídio em novembro do mesmo ano[19].
9 jogadores que disputaram a Copa de 2002 foram convocados para a edição seguinte, na Alemanha, onde a Costa Rica foi novamente eliminada na primeira fase.
Ver também
Notas
- ↑ Até o 8º lugar obtido na Copa de 2014, o 13º lugar havia sido a melhor posição final da Costa Rica em uma Copa do Mundo.
Referências