No fim do século XIX, os reinos europeus de Seráfia do Norte e Seráfia do Sul – lideradas pelos reis Augusto e Cristina (ao norte) e Teobaldo e Helena (ao sul) – encerram uma guerra secular ao fazerem um acordo em que os herdeiros de cada família, Aurora e Felipe, se casariam ao atingir a maioridade, unindo assim as monarquias. Durante uma viagem ao sertão do Brasil, a corte da Seráfia do Norte é atacada por cangaceiros a mando da ardilosa duquesa Úrsula, que vê a chance de casar sua própria filha com Felipe futuramente e se tornar mais poderosa. Em fuga, a Rainha Cristina entrega a filha recém-nascida aos camponeses Virtuosa e Eusébio, pedindo que cuidem dela, e é assassinada em seguida. Desolado, Augusto retorna à Europa após ser salvo e passa a vida amargurado. Dezoito anos depois, Aurora – agora com o nome de Açucena e que cresceu sem conhecer sua verdadeira identidade, fica noiva de Jesuíno, rapaz valente que foi criado somente pela mãe, Benvinda, e que não sabe que Herculano, seu pai, é o cangaceiro mais perigoso do sertão. Quem não gosta do romance é Timóteo, dono da fazenda onde o rapaz mora e é capaz de qualquer crueldade para ter Açucena e prejudicar Jesuíno.
Apaixonada também por Jesuíno, Doralice é uma moça bondosa e à frente de seu tempo, que se formou em direito e voltou para Brogodó para mostrar às garotas que elas podem ser mais que donas de casa. Subestimada por ser mulher, entra para a Cavalaria vestida de homem para se aproximar do amado. Tudo muda quando o rei Augusto decide voltar ao Brasil após uma profecia de que sua filha está viva, trazendo com ele toda a corte das duas Seráfias. Não tarda, porém, para que o príncipe Felipe se apaixone por Doralice, lutando contra a pressão da hierarquia para ficar com ela. Já o príncipe-infante Inácio se apaixona por Antônia, mas tem que enfrentar o irmão dela, Timóteo, que vê mais vantagem política em casá-la com o delegado Batoré. Dissimulada, Úrsula também desembarca no Brasil para não deixar ninguém interferir em seus planos, contando com a ajuda do mordomo e amante Nicolau em seus planos. Mas seu marido, o duque Petrus, dado como desaparecido há muitos anos, consegue fugir da masmorra onde ela o havia enclausurado e retorna para se vingar.
A cidade ainda guarda outras histórias, como do prefeito Patácio e da primeira-dama Ternurinha, pais de Doralice, deslumbrados com a chegada dos nobres, tentando imitar todos seus modos – mas apesar da pompa ela tem um caso com cangaceiro Zóio Furado. Já Cícero, irmão de Açucena, entra para o cangaço em busca de melhor condição de vida, contrariando a professora Rosa, o grande amor de sua vida, e que tenta o incentivar a fazer o bem. Ainda há o turco Farid, casado com três mulheres diferentes em três cidades: Bartira, Penélope e a primeira delas, Neusa, que ele corre o risco de perder para o amigo, o gagoQuiquiqui. Em meio a todas as mudanças, Açucena começa a descobrir seu passado como Aurora e tem que lidar com uma vida da qual ela jamais imaginou existir, enquanto Jesuíno conhece seu pai, que deseja que ele seja seu sucessor no cangaço.[8]
Para retratar os fictícios reinos de Seráfia do Norte e Seráfia do Sul, a equipe da novela viajou para a França e gravou cenas nos castelos de Chambord e Chantilly, para onde viajaram alguns atores como Alinne Moraes, Carmo Dalla Vecchia e Débora Bloch e que contou com uma equipe local formada por quinze atores coadjuvantes, quatrocentos figurantes, além de oitenta pessoas da parte técnica. O orçamento gasto durante os cinco dias de gravação foi de 36 000 euros.[25]
Em março de 2011, a equipe da novela viajou para a cidade de Canindé de São Francisco, em Sergipe e Olho d'Água do Casado em Alagoas para gravar cenas que retratavam o Nordeste. O cenário escolhido foi o cânion do Rio São Francisco, que passa pelas duas cidades. Trabalharam cerca de setenta profissionais do Rio de Janeiro, além de quase cem pessoas da região, incluindo os figurantes.[26] A novela foi lançada em DVD pela Globo Marcas em 2013.[27]
Escolha do elenco
Bianca Bin foi escolhida para ser protagonista da novela pelas próprias autoras. Elas usaram o mesmo critério que a fizeram escolher Paolla Oliveira mocinha de O Profeta: o fato dela ter surgido com destaque em um papel de coadjuvante numa novela de Silvio de Abreu.[28]Taís Araújo interpretaria a personagem Maria Cesária, mas teve que recusar por estar grávida e acabou sendo substituída por Lucy Ramos.[29][30]
Exibição
Inicialmente a trama era exibida com classificação Livre. Mas o Ministério da Justiça interveio e a partir de 20 de julho de 2011, foi reclassificada como "Não recomendável para menores de 10 anos".[31] A justificativa da ação se deu pelas cenas de violência. A TV Globo não recorreu da decisão, pois a mudança da classificação indicativa não alterou o horário de exibição da novela.
Em Portugal, Cordel Encantado foi exibida pelo canal a cabo Globo, na faixa das 20h, entre 27 de outubro de 2013 e 1.º de fevereiro de 2014.[40] Tradicionalmente exibidas pelo canal aberto SIC, a trama não despertou interesse e estreou praticamente dois anos após seu fim no Brasil.[41] Apesar deste fator, a trama fez o canal atingir a liderança,[37] registrando share de 3% durante o mês de novembro de 2013.[42] Em 14 de janeiro de 2014, atingiu seu recorde com 4% de share, 153 mil e 900 espectadores.[43]
Recepção
Recepção da crítica
A trama foi unanimemente considerada pela crítica especializada como inovadora, por ter como cenário o sertão brasileiro, com o romance dos protagonistas narrado como um conto de fadas, mas com influência da literatura de cordel. Cordel Encantado foi a única novela das seis a ter conquistado o troféu imprensa de melhor novela.
A jornalista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, declarou que a novela foi "a mais impressionante produção das 18h já apresentada pela Globo. Além disso, escreveu que "a novela lembra um conto de fadas, faz referências literárias, à História, a filmes famosos e neste ponto é até bem pop" e chamou o folhetim de "coerente e lógico, ao mesmo tempo fantástico", dizendo que a "improvável" ligação entre um reino fictício e o sertão brasileiro foi feita de forma "convincente". Ela continuou, "não tem apenas uma história boa, saborosa, uma fábula cativante até dizer chega. Sua realização também merece todos os elogios. O uso da câmera F35 nas sequências tanto da França quanto em Sergipe fez a diferença, atribuindo à imagem textura e qualidade especiais; Cenários, figurinos, luz, tudo é impecável. Ela também fez elogios ao elenco, apesar de criticar o retorno de atores que acabaram de finalizar uma novela no canal.[44]
Mauricio Stycer, crítico da UOL, afirmou que a novela "encheu os olhos com um conjunto de qualidades que parecia esquecido: elenco bem escalado, ótimo texto, direção de verdade e padrão de cinema". Apesar de comentar que "na mistura de literatura de cordel, misticismo religioso, cultura popular e tradição europeia que a embala, a novela ecoa, aqui e ali, Auto da Compadecida", ele concluiu que "Cordel Encantado se destina a um público interessado em algo mais leve, sem a malícia da novela das 19h nem a crueza da trama das 21h. Mas poderia muito bem ocupar tanto um horário quanto o outro".[45]
Fernando Oliveira, colunista do IG, considerou que "há tempos não se via uma novela tão bela quanto Cordel Encantado [...] Fotografia belíssima, atores inspirados – ok, o sotaque nordestino é bem forçado – e uma história afiada".[46]
Audiência
Exibição original
O primeiro capítulo de Cordel Encantado teve média de 24 pontos de audiência na Grande São Paulo.[47] A novela manteve uma média entre 21 e 24 pontos na primeira semana de exibição, até bater seu primeiro recorde no sétimo episódio, com 25 pontos, e o segundo no oitavo, com uma média de 27 pontos.[48]
Nos dias 11 de maio e 25 de maio de 2011, a telenovela alcançou sua melhor audiência em São Paulo até então desde a estreia: 28 pontos de média e 52% de share.[49][50] Em 9 de junho de 2011, alcançou os 29 pontos, com share de 48%.[51] No dia 7 de julho de 2011, a trama bateu recorde de audiência, marcando 30 pontos de média.[52] Essa mesma audiência foi alcançada novamente no dia 27 de julho de 2011.[53] No dia 26 de agosto de 2011 atingiu pela sexta vez a média de 30 pontos, com 54% de share.[54]
Em seu último capítulo, marcou 30 pontos com pico de 34 e obteve 55% de share.[55] Em Fortaleza, o último capítulo alcançou 54 pontos com 67% de share e no Recife, o último capítulo registrou 51 pontos de audiência e 78% de share.[56] Sua média final foi de 25,9 pontos.
Reprise
Em seu primeiro capítulo registrou uma média de 14 pontos, índice considerado médio para a faixa e também não alterando o público do Vale a Pena Ver de Novo.[57] O segundo capítulo manteve o mesmo índice, porém superou o público de Malhação: Vidas Brasileiras com uma diferença de cinco décimos.[58] Seu terceiro capítulo cravou 15 pontos, registrando uma elevação de 1 ponto, agora apresentando empate técnico com a novela seguinte, no caso Malhação.[59] O quinto capítulo cravou 16 pontos, sendo impulsionado pelo último capítulo de Belíssima, foi a melhor média em sua semana de estréia.[60] Seu menor índice foi registrado em 30 de janeiro de 2019, com 12 pontos.[61]
Nessa reprise a novela vinha acumulando médias estáveis entre 13 e 15 pontos, chegando em determinados momentos aos 16 e 17 pontos. Além disso, já superou as antecessoras Celebridade e Belíssima na média geral dos primeiros meses.[62]
Bateu seu primeiro recorde em 4 de fevereiro de 2019, com 17 pontos.[63] Repetiu a mesma média em 6 de fevereiro de 2019.[64] Em 28 de fevereiro de 2019, a trama bate mais um recorde de audiência, com 18 pontos.[65] Em 5 de março de 2019, em pleno feriado de carnaval registrou a mesma média.[66] Em 28 de março de 2019, atingiu a média de 19 pontos.[67] Em 8 de abril de 2019, a novela registrou 20,8 pontos, a maior audiência da faixa desde a segunda reprise de Senhora do Destino.[68]
O último capítulo registrou 16 pontos, não batendo o recorde esperado na faixa, mas fechou com a média geral de 15,9 pontos, se tornando um sucesso absoluto nas tardes da Globo e também aumentou em dois pontos a audiência do Vale a Pena Ver de Novo.[69]
A trilha sonora da trama apresenta uma novidade, nunca vista anteriormente: Das 16 músicas da trilha, 13 são interpretadas por cantores nordestinos. Isso se dá pelo fato da novela ter o Nordeste como cenário.[96]
Capa: Frame da abertura da novela
"Minha Princesa Cordel" — Gilberto Gil & Roberta Sá (tema de Abertura e tema de Jesuíno e Açucena)
"Bela Flor" — Maria Gadú (tema de Jesuíno e Açucena)
"Quando Assim" — Nuria Mallena (tema de Rei Augusto e Maria Cesária)
"Candeeiro Encantado" — Lenine (tema de Herculano)
↑Patrícia Kogut; Anna Luiza Santiago; Florença Mazza (26 de setembro de 2011). «Confira as principais audiências do fim de semana». O Globo. Consultado em 20 de outubro de 2011A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)
↑Associação Paulista dos Críticos de Artes (13 de dezembro de 2011). «Os melhores da APCA em 2011»(PDF). APCA. Consultado em 13 de dezembro de 2011. Arquivado do original(em PDF) em 12 de janeiro de 2012
↑Revista Quem (6 de dezembro de 2011). «Prêmio Quem 2011». Quem Acontece Online. Consultado em 6 de dezembro de 2011