Companhia Ensaio Aberto

[1]Companhia Ensaio Aberto é uma companhia teatral brasileira, que iniciou suas atividades em 1992.[2]

Histórico

A companhia foi fundada pelo diretor Luiz Fernando Lobo e pela atriz Tuca Moraes, estreando com a peça O Cemitério dos Vivos. O espetáculo, com texto de João Batista, se baseava na biografia do escritor Lima Barreto e nos diários que ele escreveu quando esteve internado num manicômio.[3]

Nos anos seguintes, Lobo e Moraes prosseguiram montando textos que buscavam romper a ilusão do teatro e questionar a relação entre ator e espectador.[4] Além de obras de Bertolt Brecht, o grupo adaptou clássicos de autores brasileiros como Martins Pena e João Cabral de Melo Neto.

Desde 2010 desenvolve a ocupação artística "Armazém da Utopia" no Armazém 6, Cais do Porto, Rio de Janeiro

Companhia Ensaio Aberto

Em 1993, um grupo de profissionais dos diversos ofícios teatrais reuniu-se para conversar sobre o panorama do teatro no quadro geral da sociedade brasileira contemporânea. Tomou-se como ponto de partida consensual a existência de um vazio correspondente a um Teatro assumido em sua vocação crítica e politizada, um Teatro que aceitasse ser uma arena de discussão da realidade, um Teatro onde o Mundo seria visto como prioridade, mais importante do que a própria cena. Reencontrar este caminho significa resgatar para o palco uma função social, e, para a platéia, um público atualmente afastado, formado por pessoas que recusam uma visão simplista do Teatro.

Duas ideias passaram a constituir pedras angulares do Teatro em construção:

1) o estabelecimento de uma nova relação palco-platéia, abandonando o ilusionismo e a identificação causadores da esterilidade de um espetáculo. Ao contrário, o que se busca não é mais representar a realidade ao vivo, mas a imagem de um pedaço da realidade retirado do fluxo contínuo da vida, gerando assim a reflexão;

2) estabelecido este novo padrão de relacionamento com o público, o Teatro pode alcançar sua função maior, ou seja, participar da verdadeira cidadania e do debate em torno das questões prementes e dilacerantes que atingem sociedades carentes de mudanças.

O primeiro encontro da Companhia Ensaio Aberto com o público ocorre em janeiro de 1993 com o espetáculo "O Cemitério dos Vivos". Tão importante quanto o espetáculo foi a organização do ciclo de conferências sobre o tema "A República dos Excluídos", realizado na Biblioteca Nacional e no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, com a participação de nomes expressivos do pensamento brasileiro contemporâneo. O sucesso deste projeto, manifestado na ótima recepção por parte do público e da crítica que assinalou o acerto do caminho traçado.

No biênio 1993/94 implementado o projeto inicial com a trilogia "O Cemitério dos Vivos", "Pierrô Saiu à Francesa" e "A Missão", a Companhia Ensaio Abertoamadurecida pelos acertos e dificuldades, e acima de tudo pela experiência de fazer um teatro transformador de idéias em espetáculos, de possibilidade em realidade, entendeu ser o momento oportuno para um passo há muito projetado: a ocupação de um espaço por um período maior, o Teatro da Aliança Francesa de Botafogo.

Companhia Ensaio Aberto, desde a sua fundação, defende que os grupos e as companhias de teatro devem ser subsidiados pelo poder público. No triênio 1998, 1999 e 2000 a Companhia ocupa um espaço público no coração do Rio: O Teatro Glauce Rocha. Apesar da companhia não ser subsidiada, esta ocupação possibilitou o desenvolvimento de um projeto de acesso aos espetáculos de um público carente, historicamente afastado dos teatros.

Desde então o movimento social organizado, as universidades e escolas públicas passaram a andar sempre lado a lado com a Companhia Ensaio Aberto, promovendo "um trabalho modelo de formação de platéia. Pintados, em sua maioria, com fortes tintas políticas, os espetáculos da Companhia Ensaio Aberto, do diretor Luiz Fernando Lobo, sempre atraíram a atenção dos líderes partidários de esquerda e integrantes do movimento dos Sem-Terra.

Com o espetáculo "Companheiros" essa união transforma-se na principal característica do grupo.

No ano de 2000, a convite de Helder Costa, diretor do Teatro A Barraca, de Lisboa, o espetáculo "Companheiros" faz uma temporada em Portugal. A Companhia Ensaio Aberto numa co-produção com a Câmara Municipal de Lisboa faz estreia internacional do espetáculo "Morte e Vida Severina".

Em 2002, ao completar 10 anos, monta a "Missa dos Quilombos". A companhia recebeu a indicação ao Prêmio Shell, na categoria especial, por “10 anos dedicados ao teatro social” e Luiz Fernando Lobo ganha o prêmio Golfinho de Ouro, dado pelo Conselho de Cultura do Estado, pelo conjunto de sua obra.

"Missa dos Quilombos" se torna um novo paradigma na história da Companhia Ensaio Aberto. Desde a estréia do espetáculo a Companhia percorreu diversas cidades, sempre em importantes teatros e mantendo o diferencial de levar nestes equipamentos a população que normalmente não tem acesso a bens culturais, realizando um trabalho de democratização de acesso a nível nacional.

Espetáculos

Estação Terminal, de João Batista e Luiz Fernando Lobo
Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto
  • 1999 - Companheiros, de Luiz Fernando Lobo
Mais um ano com Betinho, Ciclo de palestras e exposição fotográfica
Mãe Coragem, de Bertolt Brecht (Leitura Pública)
  • 1996 - A Mãe, de Bertolt Brecht
O Noviço, de Martins Pena
Cabaré Youkali, de Bertolt Brecht e Kurt Weill
Os Plebeus Ensaiam a Revolta, de Gunter Grass
Nem Peixe, nem Carne, de Franz Xavier
  • 1994 - O Cemitério dos Vivos, de João Batista, a partir da obra de Lima Barreto - Segunda Edição
O Homem Imortal, de Luiz Alberto Abreu
Pierrô Saiu à Francesa, de Luiz Carlos Saroldi
O Cemitério dos Vivos, de João Batista, a partir da obra de Lima Barreto.

Referências

  1. http://teatropedia.com/wiki/Companhia_Ensaio_Aberto
  2. Exposição comemorativa dos 18 anos da Companhia Ensaio Aberto, no Rio. Núcleo Piratininga de Comunicação, 10 de maio de 2011
  3. Companhia Ensaio Aberto: no palco, festa de 15 anos Estado de São Paulo, 13 de outubro de 2007
  4. Companhia Ensaio Aberto. Enciclopédia Itaú Cultural - Teatro

Ligações externas