O pichiciego-menor (Chlamyphorus truncatus) é a única espécie de tatu do gêneroChlamyphorus.[2][3] São os menores tatus do mundo e uma das mais raras espécies de mamíferos da América do Sul.[4][5]
Trata-se de um dos mamíferos mais raros do mundo, sendo encontrado no subterrâneo das planícies da Argentina.[3] Os pichiciegos-menores permanecem em suas tocas durante o dia, saindo à noite para alimentar-se. Sua dieta é composta principalmente de formigas, mas eles também comem larvas de insetos, minhocas, raízes e outras partes de plantas. Hábeis cavadores, podem enterrar-se completamente em questão de segundos.[5]
Descrição
Com comprimento do focinho ao ventre variando de 84 mm a 117 mm e uma cauda medindo entre 27 mm e 35 mm, a C. truncatus é a menor das espécies de tatu. Sua carapaça, de coloração rosa-claro, apoia-se sobre duas elevações, uma óssea, próxima aos olhos, e outra muscular, que se estende ao longo da espinha dorsal. Os membros e as regiões ventral e dorsal do corpo, sob a carapaça, tem pelagem branca, fina e macia. Todas as cintas da carapaça movimentam-se livremente.
Os pichiciegos-menores são a única espécie de tatu na qual a carapaça dorsal fica quase toda separada do corpo. A placa óssea na parte posterior da carapaça é firmemente ligada aos ossos da pelve do animal. A cauda tem forma de espátula e projeta-se através de um corte em V na placa traseira da carapaça. Por não serem capazes de levantar a própria cauda, os pichiciegos-menores a arrastam enquanto caminham. As fêmeas da espécie possuem duas mamas.[4] Os filhotes de pichiciego-menor assemelham-se a seus pais, mas suas carapaças tornam-se rígidas somente quando estes atingem a idade adulta.[5]
Sistemática
Sistemática interna dos tatus, segundo Delsuc et al. 2003[6]
O pichiciego-menor é a única espécie de tatu do gêneroChlamyphorus. No passado, os pichiciegos-maiores (Chlamyphorus retusus) estavam subordinados a este, mas têm atualmente o seu próprio gênero, o Calyptophractus (Calyptophractus retusus), sendo também a única espécie de tatu do mesmo.[7]
A característica que diferencia tanto o pichiciego-menor quanto o pichiciego-maior das outras espécies da família dos Clamiforídeos é a carapaça pélvica firmemente ligada à espinha e aos ossos da pelve. Além disso, em ambas as espécies a carapaça dorsal possui 24 segmentos, ou cintas, as quais, por serem ligadas através de tecidos flexíveis, são móveis. A extremidade posterior da carapaça dorsal termina abruptamente, como se tivesse sido truncada. No C. truncatus a parte da carapaça que protege a cabeça do animal é mais desenvolvida do que na C. retusus.[7]
Os pichiciegos-menores tem como habitat pradarias e planícies arenosas, com cactus e arbustos espinhosos. De hábitos noturnos, permanem em suas tocas durante o dia, saindo à noite em busca de alimento.[5] São animais lentos, exceto ao cavar - são capazes de enterrar-se completamente em questão de segundos, quando ameaçados. Para cavar, apoiam-se sobre a sua cauda, jogando a terra muito rapidamente por debaixo e para trás de si mesmos, enquanto usam as extremidades dos membros torácicos para amontoá-la e as dos membros pélvicos para espalhá-la.
Eles podem usar a placa posterior de sua carapaça para fechar a entrada da toca onde se encontram, de maneira semelhante a uma rolha. Preferem escavar suas tocas em regiões onde o solo é seco e quente, próximo a formigueiros, sua principal fonte de alimento.[5] Caso o solo fique demasiado úmido, esses animais abandonam as suas tocas. Os pichiciegos-menores são omnívoros, mas a sua dieta compõe-se em primeira linha de formigas. Podem, contudo, alimentar-se de larvas, minhocas, caramujos, raízes e outras partes de vegetais.[4]
Biologia e conservação
Os pichiciegos-menores não se dão bem em cativeiro, sendo que nenhum espécime sobreviveu por mais de quatro anos nestas condições. Entre 1996 e 2006 o C. truncatus era, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), uma espécie ameaçada de extinção, com estado de conservação vulnerável, devido à destruição de seu habitat e a predação conduzida por cães domésticos. Entre 2006 e 2008 o risco de extição da espécie era pouco preocupante, com estado de conservação quase-vulnerável. Desde 2008, contudo, a IUCN classifica o estado de conservação da espécie como desconhecido, devido à falta de informações sobre o seu estado populacional.[1][4]
↑Chlamyphorus truncatus(em Inglês) In: Wilson, D. E. & Reeder, D. M. (2005) Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference. 3ª edição. ISBN 0801882214
↑ abStanhope, M.J., F.; Douzery, E.J.P (agosto de 2003). «Molecular systematics of armadillos (Xenarthra, Dasypodidae): contribution of maximum likelihood and Bayesian analyses of mitochondrial and nuclear genes». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês). 28 (2): 261–275. doi:10.1016/S1055-7903(03)00111-8
↑Vizcaíno, S.F., F.; Douzery, E.J.P. (2004). «Influence of Tertiary paleoenvironmental changes on the diversification of South American mammals: a relaxed molecular clock study within xenarthrans». BMC Evolutionary Biology (em inglês). 4 (11): 1–13