Chironex fleckeri

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Chironex fleckeri, também conhecida como vespa-do-mar (sea wasp).
Chironex fleckeri, também conhecida como vespa-do-mar (sea wasp).
Estado de conservação
Espécie não avaliada
Espécie não avaliada
Não avaliada
(IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Cnidaria
Classe: Cubozoa
Werner, 1975
Ordem: Chirodropida
Família: Chirodropidae
Género: Chironex
Espécie: C. fleckeri
Nome binomial
Chironex fleckeri
Southcott, 1956
Distribuição geográfica
Faixa tradicionalmente atribuída como habitat da Chironex fleckeri.
Faixa tradicionalmente atribuída como habitat da Chironex fleckeri.

Chironex fleckeri é a maior das Cubozoa, uma classe pouco estudada dos cnidários. Os cubozoários são chamados popularmente de vespas-marinhas. C. fleckeri é encontrada nas águas dos Oceanos Pacífico e Índico, confinada à área de distribuição de suas presas, principalmente na costa norte da Austrália e sudeste asiático, em clima tropical e sub-tropical.[2][3] C. fleckeri , como outras Cubozoa, é uma das responsáveis pela Síndrome de Irukandji. Considerada como a água-viva mais letal do mundo, a quantidade de veneno em um espécime adulto é suficiente para matar 60 humanos adultos.[4][5] A notória vespa-marinha C. fleckeri tem tentáculos de até 3 metros de comprimento cobertos com milhões de nematocitos, organelas urticantes que ao serem tocadas liberam dardos microscópicos que inoculam um veneno extremamente poderoso. Embora a maior parte dos incidentes com C. flickeri não exigirem a hospitalização, dependendo da área afetada (número de picadas), podem resultar em dores excruciantes, sensação de pânico, bradi e taquicardia e até em morte em poucos minutos.[6][7] São encontradas em seu tamanho adulto principalmente no oceano, mas também habitam as águas salinas rasas e turvas e são encontrados no interior, em rios de água doce e canais de mangue. Durante as tempestades fortes, eles se movem para águas mais profundas, onde a água é calma para evitar danos aos tentáculos. Habita rios rasos durante a estação reprodutiva e durante o desenvolvimento de pólipo até uma medusa adulta. Uma vez que as jovens medusas amadurecem, elas seguem o rio até o mar.[8][9]

Etimologia

O nome da espécie Chironex fleckeri foi dado em homenagem ao toxicologista e radiologista de North Queensland, Dr. Hugo Flecker[10] — Em 20 de janeiro de 1955, quando um menino de 5 anos morreu após ser picado em águas rasas em Cardwell, North Queensland, Flecker encontrou três tipos de águas-vivas. Uma era uma água-viva não identificada em forma de cubo com grupos de tentáculos. Flecker enviou-a para o Dr. Ronald Southcott, em Adelaide. — Em 29 de dezembro de 1955, Southcott publicou seu artigo descrevendo um novo gênero e espécie de cubozoário, chamada Chironex fleckeri, sendo o nome derivado de "kheirós", mão em grego; do latim "nex", que significa morte ou assassino; e de "fleckeri", em homenagem ao seu descobridor.[11]

Ecologia

Habita diferentes regiões costeiras durante fases alternadas da vida: pólipos sésseis e pequenas medusas permanecem em sistemas de riachos, enquanto formas adultas sexualmente maduras e de grande mobilidade[12] ficam próximas da costa a profundidades inferiores a 5 m.[13][14] É uma nadadora forte.[15] Para ingerir suas presas, geralmente para de nadar e orienta a seção dorsal do sino para baixo. Forrageia nos manguezais alimentando-se predominantemente de camarões, enquanto o animal maior também captura peixes.[16] Evita habitats onde existe o risco de emaranhamento de seus tentáculos.[9]

Descrição

Nematocitos de Chironex fleckeri (400x)

O sino de C. fleckeri é transparente e, geralmente, tem entre 16 e 24 cm, embora alguns alcancem um diâmetro de 35 cm. Chironex fleckeri possui órgãos sensoriais, incluindo múltiplos olhos, mas não tem um cérebro ou SNC.[17] A função do sistema nervoso é detectar o ambiente e reagir de forma adequada a ele. Na simetria bilateral presume-se que um sistema nervoso centralizado é necessário para qualquer função integrativa do sistema nervoso. No entanto, isso pode ser não apenas desnecessário, mas também prejudicial em um animal de simetria radial, onde as entradas sensoriais vem de várias direções. Cubomedusas têm os nervos agrupados em "anéis nervosos", um sistema sensorial distribuído radialmente. Possuem ainda órgãos sensoriais marginais que pendem do sino em seus talos, chamados (ropálios), lastrados por um estatocisto. Cada ropálio contém uma concentração de neurônios epidérmicos, quimioreceptores e dois olhos com lentes (olho complexo grande e olho complexo pequeno), um par idêntico de ocelos em forma de cova e um par idêntico de ocelos em forma de fenda. Há um ropálio em cada lado do sino em forma de cubo, quatro ao todo, com seis olhos cada, 24 ao todo, separados em três tipos distintos: olhos tipo câmera, ocelos em forma de fenda e ocelos em forma de poço. Os olhos complexos possuem uma verdadeira córnea epidérmica, células de cristalino esféricas e retina. A retina está composta por varias camadas, uma camada de fibras sensoriais, uma camada de pigmento, uma camada nuclear e uma região de fibras nervosas.[18][19][20]

Os tentáculos de Chironex fleckeri pendem dos pedálios, massas musculares nos cantos do sino. Pode haver de 10 a 15 tentáculos pendurados em cada um dos quatro pedálios. Os tentáculos tem um ligeiro tom azul-acinzentado e podem ter até 3 m de comprimento. Em repouso, os tentáculos da medusa são mais espessos e mais curtos, quando está caçando, os tentáculos se alongam e se tornam mais finos. Os tentáculos estão cobertos com milhões de nematocitos (organelas urticantes), que liberam ganchos microscópicos que transportam o veneno para suas presas.

Referências

  1. . Chinorex fleckeri (em inglês). IUCN {{{anoIUCN1}}}. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. {{{anoIUCN1}}}. Página visitada em 11 de dezembro de 2012..
  2. Fenner, P. J. (2000). Chironex fleckeri – the north Australian box-jellyfish. marine-medic.com
  3. Bentlage, B.; Peterson, A.T. & Cartwright, P. (2009). «Inferring distributions of chirodropid box-jellyfishes (Cnidaria: Cubozoa) in geographic and ecological space using ecological niche modeling». Mar Ecol Prog Ser. 384: 121–133. doi:10.3354/meps08012 
  4. Seymour, B.; Andreosso, A. & Seymour, J. (2015). «Cardiovascular Toxicity from Marine Envenomation». In: Meenakshisundaram Ramachandran (ed.). The Heart and Toxins. United Kingdom: Elsevier Inc. p. 203-223. ISBN 978-0-12-416595-3. doi:10.1016/B978-0-12-416595-3.00007-4 
  5. Fenner, P.J. & Williamson, J.A. (1996). «Worldwide deaths and severe envenomation from jellyfish stings». Medical Journal of Australia. 165 (11-12): 658-661. doi:10.5694/j.1326-5377.1996.tb138679.x 
  6. Currie, B.J. & Jacups, S.P. (2005). «Prospective study of Chironex fleckeri and other box jellyfish stings in the "Top End" of Australia's Northern Territory». Med J Aust. 183 (11): 631-636. doi:10.5694/j.1326-5377.2005.tb00062.x 
  7. Tibballs, J. (2006). «Australian venomous jellyfish, envenomation syndromes, toxins and therapy».  Toxicon. 48 (7): 830-859. PMID 16928389. doi:10.1016/j.toxicon.2006.07.020 
  8. Hartwick, R.F. (1991). «Distributional ecology and behaviour of the early life stages of the box-jellyfish Chironex fleckeri». Hydrobiologia. 216 (1): 181–188 
  9. a b Hamner, W.M.; Jones, M.S. & Hamner, P.P. (1995). «Swimming, feeding, circulation and vision in the Australian box jellyfish, Chironex fleckeri (Cnidaria:Cubozoa)». Marine and Freshwater Research. 6 (7): 985-990. doi:10.1071/MF9950985 
  10. «Flecker, Hugo (1884–1957)». Australian Dictionary of Biography. [S.l.]: National Centre of Biography, Australian National University 
  11. Southcott, R.V. (1956). «Studies on Australian Cubomedusae, Including a New Genus and Species Apparently Harmful to Man». Australian Journal of Marine and Freshwater Research. 7 (2): 254-280. doi:10.1071/MF9560254 
  12. Seymour, J.; Sutherland, P.A. & Carrette, T.J. (2004). «Do box jellyfish sleep at night?».  The Medical journal of Australia. 181 (11-12). 707 páginas. PMID 15588217. doi:10.5694/j.1326-5377.2004.tb06529.x 
  13. Kingsford, M.; Seymour, J. & O'Callaghan, M.D. (2012). «Abundance patterns of cubozoans on and near the Great Barrier Reef».  Hydrobiologia. 690 (1): 257–268. ISSN 0018-8158. doi:10.1007/s10750-012-1041-0 
  14. Gordon, M. & Seymour, J. (2012). «Growth, Development and Temporal Variation in the Onset of Six Chironex fleckeri/ Medusae Seasons: A Contribution to Understanding Jellyfish Ecology». PLOS ONE. 7 (2): e31277. doi:10.1371/journal.pone.0031277 
  15. Colin, S.P.; Costello, J.H.; Katija, K.; Seymour, J. & Kiefer, K. (2013). «Propulsion in Cubomedusae: Mechanisms and Utility». PLOS ONE. 8 (2): e56393. doi:10.1371/journal.pone.0056393 
  16. Carrette, T.J.; Alderslade, P. & Seymour, J. (2002). «Nematocyst ratio and prey in two Australian cubomedusans, Chironex fleckeri and Chiropsalmus sp.». Toxicon. 40 (11): 1547–1551. PMID 12419505 
  17. Pearse, J.S. & Pearse, V.B (1978). «Vision in cubomedusan jellyfishes». Science. 199 (4327): 458. doi:10.1126/science.22934 
  18. Satterlie, R.A. (1979). «Central control of swimming in the cubomedusan jellyfish Carybdea rastonii». Journal of comparative physiology. 33 (4): 357–367. doi:10.1007/BF00661138 
  19. Passano, L.M. (1973). «Behavioral control systems in medusae: A comparison between hydro- and scyphomedusae» (PDF). Pub. Seto Mar. Bio. Lab. 20: 615-645. doi:10.5134/175754 
  20. Coates, M.M. (2003). «Visual Ecology and Functional Morphology of Cubozoa (Cnidaria)». Integrative and Comparative Biology. 43 (4): 542-548. doi:10.1093/icb/43.4.542