Chelicerata (neo-latim, do francês chélicère, derivado do grego: khēlē "garra, quela" + kéras "corno") é um subfilo do filoArthropoda (artrópodes),[1] dos quais constitui uma das principais subdivisões, que inclui as classes Arachnida (aranhas, escorpiões, carrapatos, ácaros, entre outros), Pycnogonida e Merostomata (o límulo), bem como extintas classes Eurypterida (os escorpiões marinhos) e Chasmataspida.
Descrição
Todos estes animais têm o corpo dividido em duas partes ou tagmas:[1]
prossoma, anterior, composto do ácron pré-segmentar mais seis segmentos, e é frequentemente coberto por um escudo dorsal em forma de carapaça.
opistossoma, posterior, com até 12 segmentos, e um télson pós-anal. Em alguns grupos o opistossoma pode estar subdividido em duas partes (mesossoma e metassoma).
No prossoma, os quelicerados possuem seis pares de apêndices multiarticulados e unirremes:[1]
Um par de quelíceras;
Um par de pedipalpos;
Quatro pares de pernas locomotoras, (alguns grupos utilizam as pernas anteriores como função sensorial, por exemplo: As Ordens Amblypygi, Palpigradi, Schizomida e Uropygi).
Ao contrário dos restantes artrópodes, os quelicerados não têm mandíbulas nem antenas, possuindo apenas olhos simples (ocelos). A sua respiração é realizada por traqueias, pulmão foliáceo ou brânquias foliáceas (nas espécies aquáticas).[1]
Filogenia e classificação científica
Estudos recentes de fósseis mostram que os quelicerados já foram muito mais diversificados do que atualmente. Os Pycnogonida (as aranhas-do-mar) são atualmente considerados uma linhagem independente de artrópodes, por apresentarem características únicas (probóscide, um par de pernas ovígeras e redução considerável do opistossoma), embora por vezes estejam classificados como grupo irmão dos Chelicerata num clado denominado Cheliceriforme. Apesar de serem considerados Cheliceriformes, a relação filogenética desses indivíduos ainda não é bem resolvida.
[2]
Por outro lado, os Merostomata, que tradicionalmente agrupavam-se em uma subclasse (límulos e os extintos escorpiões marinhos), mostram ser um grupo parafilético e o uso desse táxon vem sendo abandonado.[1]
Existe uma tendência recente de reunir os Chelicerata, Trilobita e artrópodes do Paleozóico que se assemelham a Xiphosura em um grupo denominado Arachnomorpha. Porém é difícil encontrar boas características que definam Arachnomorpha além da forma geral do corpo.
Os Cheliceriformes formam um táxon bem diverso que agrega duas classes bem distintas : os Chelicerata incluem as aranhas e os escorpiões que são representantes terrestres e os límulos que compreendem os ambientes marinhos e os Pycnogonida ("aranhas-do-mar").[1]
↑ abcdefRichard C. Brusca, Gary J.Brusca (2011). Invertebrados. [S.l.]: Guanabara Koogan
↑Adilson Fransozo, Maria Lucia Negreiros Fransozo (2016). Zoologia dos Invertebrados. [S.l.]: Roca
↑Schultz, J.W. «A phylogenetic analysis of the arachnid orders based on morphological characters». Zoological Journal of the Linnean Society 2007; 150: 221–265. doi 10.1111/j.1096-3642.2007.00284.x
Bibliografia
Briggs, D.E.G. & Collins, D.A., 1988. A Middle Cambrian chelicerate from Mount Stephen, British Columbia. Paleontology, 31:779-798
Dunlop, J.A., 1999. Pasando a la revista a la evolución de los Quelicerados (A review of Chelicerate evolution). In: Melic, A., De Haro, J.J., Mendez, M. & Ribera, I. (Eds). Evolución y Filogenia de Arthropoda (Evolution and Phylogeny of Arthropoda). Volumen Monográfico. 806 pp.
Brusca, Richard C., Gary J. Brusca, 2011 - Invertebrados 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Fransozo, A.& M.L. Negreiros-Fransozo (eds.), 2016. Zoologia dos Invertebrados. 1a edição, Rio de Janeiro, Roca, ISBN 978-85-277-2806-5