A sonda foi lançada por um foguete Longa Marcha 5 em 3 de maio de 2024, do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, em Ainão,[9].[10] No dia 1 de junho de 2024, Chang'e 6 pousou com sucesso no lado oculto da lua.[11][12][13] Como parte da segunda missão de retorno de amostras, o módulo de pouso coletou amostras da superfície lunar e as colocou no módulo de ascensão da missão, que foi então lançado em órbita lunar em 3 de junho de 2024. [2] O módulo de ascensão atracou com o módulo orbital em 6 de junho de 2024 e transferiu as amostras, que retornaram a Terra no dia 25 de Junho 2024, completando 53 dias de missão. [2][5]
Com o retorno da Chang'e 6 à Terra, a China se tornou o primeiro país a recuperar com sucesso amostras de rochas lunares do lado oculto da Lua.[14]
O objetivo da primeira fase é alcançar a órbita lunar. Isso foi completado pela Chang'e 1 em 2007 e pela Chang'e 2 em 2010.
A segunda fase busca pousar e percorrer a Lua, uma proeza que foi realizada pela Chang'e 3 em 2013 e pela Chang'e 4 em 2019.
A terceira fase envolve a coleta de amostras lunares e enviá-las para a Terra, primeiro concluído pela Chang'e 5 em 2020 e planejado para a Chang'e 6.
A quarta fase consiste no desenvolvimento de uma estação de pesquisa robótica perto do polo sul da Lua.[15][16][17]O programa visa facilitar pousos tripulados na Lua na década de 2030 e possivelmente construir um posto avançado tripulado perto do polo sul da Lua.[18]
A missão precedente Chang'e 5 retornou 1,73 quilogramas (3,8 lb) de material do hemisfério norte do lado próximo lunar. A missão Chang'e 6, por sua vez, pousou e coletou material do hemisfério sul do lado oculto da Lua. O módulo de pouso Chang'e 6 pousou às 22:23 UTC de 1º de junho de 2024 no mar sul da Bacia Apollo (coordenadas lunares: 41.63839 S,153.98545 W).[19][20]
O módulo de pouso da missão coletou aproximadamente 2 quilogramas (4,4 lb) de material do lado oculto da lua, incluindo amostras de solo e rochas da superfície (usando uma pá) e amostras subsuperficiais (usando uma broca).[3] Ao realizar a amostragem, o buraco deixado pela broca no solo lunar aparentava o caracter chinês 中 (chinês simplificado: 中, pinyin: zhōng), que é o caracter inicial do nome da China em mandarim 中国(chinês simplificado: 中国, pinyin: Zhōngguó). Esse simbolismo se tornou viral no Weibo. [21]
Após a conclusão da coleta da amostra e a colocação da amostra no veículo ascensor pela broca robótica e pelo braço robótico da sonda, o módulo de ascensão decolou com sucesso às 23h38 UTC do dia 3 de junho de 2024. [22][23]O módulo de ascensão atracou com o módulo de serviço Chang'e 6 (o orbitador) na órbita lunar às 06:48 UTC do dia 6 de junho de 2024 e posteriormente completou a transferência do contêiner de amostra para o módulo de retorno à Terra às 07:24 UTC do mesmo dia.[24] Em 25 de junho de 2024 a cápsula de retorno pousou com sucesso no deserto da Mongólia Interior.[5]
Com o sucesso da missão, a China foi a primeira nação a retornar amostras do lado oculto sul da Lua [25][14], e a segunda nação após a Índia a pousar com sucesso nas proximidades do polo sul da Lua.[26] Espera-se que as amostras coletadas da área alvo incluem material do manto lunar ejetado pelo impacto original que criou a bacia SPA.
Arquitetura da missão
Chang'e 6 foi construída como uma cópia e backup da Chang'e 5.[27] A missão é relatada como consistindo em quatro módulos:
Módulo de Pouso: após se separar do orbitador o módulo de pouso realizou a alunissagem na superfície lunar. O módulo é equipado com uma broca e uma pá. O módulo de pouso coletou cerca de 2 kg (4,4 lb) de amostras de 2 metros (6,6 pé) abaixo da superfície[28] e colocou as amostras em um veículo de ascensão anexado na parte superior que foi lançado em órbita lunar.
Veículo de Ascensão: O veículo de ascensão realizou um encontro totalmente autônomo e robótico e se acoplou ao orbitador onde as amostras serão transferidas roboticamente para uma cápsula de retorno de amostra para sua entrega à Terra.[29][30]
Orbitador: depois que as amostras forem transportadas para o Orbitador, o Orbitador deixará a órbita lunar e passará aproximadamente 4-5 dias voando de volta à órbita da Terra e deve liberar a cápsula de reentrada pouco antes da chegada na atmosfera.[31]
Capsula de Reentrada: O veículo retornador executa uma reentrada saltada para ricochetear na atmosfera uma vez antes da reentrada principal.[31]
A massa de lançamento estimada da missão é de 8200 kg (18 100 lb)—o módulo de pouso está previsto para ser de 3200 kg (7 100 lb) e o veículo de ascensão é cerca de 700 kg (1 500 lb).[32][29][33]
Cargas científicas
Em outubro de 2018, autoridades chinesas anunciaram que iriam solicitar parceiros internacionais para propor uma carga adicional de até 10 kg (22 lb) a ser incluída nesta missão.[34] Em novembro de 2022, foi anunciado que a missão transportaria cargas úteis de quatro parceiros internacionais:[35][36]
Módulo de Pouso
Um instrumento francês chamado DORN (Detection of Outgassing Radon) para estudar o transporte de poeira lunar e outros voláteis entre o regolito lunar e a exosfera lunar, incluindo o ciclo da água[37]
Um instrumento italiano chamado INRRI (INstrument for landing-Roving laser Retroreflector Investigations) consistindo de um retrorefletor para medir as distâncias a laser do módulo de pouso ao orbitador, semelhante aos usados nas missões Schiaparelli e InSight.
O NILS sueco (Negative Ions on Lunar Surface), um instrumento para detectar e medir íons negativos refletidos pela superfície lunar.[38]
Chang'e-6 transportou um mini-rover de 5kg chamado "Jinchan" (chinês simplificado: 金蟾, pinyin: Jīn chán, lit: "Sapo Dourado"), devido ao seu exterior isolante revestido de ouro. Ele é descrito como um "mini-robô inteligente autônomo" por seu desenvolvedor, CASC.[41][42] Equipado com seus próprios micro painéis solares, o rover foi projetado para ajudar a realizar pesquisas sobre a composição da superfície lunar e a presença de água em estado sólido no solo lunar por meio de um espectrômetro infravermelho de imagem. [43] Além disso, Jinchan foi encarregado de capturar imagens do módulo de pouso Chang'e 6 na superfície lunar e foi equipado com câmeras em ambos os lados para fins de redundância. Após o processo de coleta de amostras, "o mini rover se separou autonomamente do módulo de pouso, moveu-se para uma posição adequada, selecionou um ângulo ideal para a fotografia e então capturou a imagem". [42]
O rover não havia sido divulgado antes do lançamento da Chang'e 6. [43] O rover foi inicialmente detectado em fotos divulgadas pela Agência Espacial Chinesa, mas não havia sido oficialmente confirmado. O nome do rover, Jinchan, finalmente apareceu em notícias no início de Julho de 2024.[44][42]
Histórico da missão
A missão Chang'e-6 teve uma duração de 53 dias, desde o lançamento do foguete Longa Marcha 5, a transferência Terra-Lua, a entrada na órbita lunar, a alunissagem, o trabalho de superfície, ascensão a órbita lunar, encontro com o orbitador. Consiste em 11 estágios de voo, incluindo a transferência de amostras, espera lunar, transferência lunar para a Terra e a reentrada.[45]
Às 02:12 UTC do dia 8 de maio de 2024, a sonda Chang'e-6 entrou com sucesso em uma órbita de 12 horas ao redor da lua.[4][48] No mesmo dia, às 16:14, Chang'e 6 liberou com sucesso o cubsat paquistanês ICUBE-Q na órbita da lua.[49]
Pouso
Às 22h23 UTC, no dia 1 de junho de 2024, o módulo de pouso da Chang'e 6, com o apoio do satélite retransmissor Queqiao-2, pousou com sucesso na área pré-selecionada na Bacia do Pólo Sul-Aitken, no lado oculto da lua.[11][12][13]
O módulo de pouso Chang'e-6 usou um motor de 7500 newtons de empuxo para iniciar sua descida. A programação do módulo fez ajustes rápidos para manter uma altitude de cerca de 2,5 quilômetros acima da superfície lunar antes de continuar sua descida. A espaçonave pairou a aproximadamente 100 metros acima da superfície e usou um sistema automático para evitar obstáculos com LiDAR e câmeras ópticas para encontrar um local de pouso seguro. Quando estava próximo a atingir o terreno lunar, o motor foi cortado e um sistema de amortecimento foi usado para o pouso em queda livre.
[12][51]
Retorno
A Chang'e 6 completou a coleta de amostras da superfície lunar e às 23:38 UTC, em 3 de junho de 2024, o módulo de ascensão da Chang'e 6 carregando amostras lunares decolou da superfície lunar da Lua e então entrou com sucesso na órbita circumlunar predeterminada. [52][53]
Às 06:48 UTC de 6 de junho de 2024, o módulo de ascensão da Chang'e 6 se encontrou e atracou com o orbitador na órbita lunar. Às 07:24 UTC, o recipiente de amostra lunar foi transferido com segurança para o módulo de retorno.[54]
Em 21 de junho, o módulo de serviço do Chang'e 6 provavelmente acionou seus motores para retornar à Terra a partir da órbita lunar. A CNSA não forneceu atualizações sobre a missão, mas alguns observadores rádio amador reportaram uma provável queima de motores. [55]
A reentrada na Terra ocorreu em 25 de junho de 2024. Um módulo de reentrada de cerca de 300 quilos separou-se do módulo de serviço, que então desacelerou ao saltar da atmosfera sobre o Atlântico antes de sua descida final.[56] Às 06:07 UTC do mesmo dia, a cápsula de retorno pousou na área pré-designada em Dorbod Banner, Mongólia Interior.[5]
As amostras serão estudadas por cientistas chineses em colaboração com especialistas internacionais. [57] Os cientistas chineses esperam que as amostras de rochas vulcânicas com 2,5 milhões de anos, recolhidas na missão com duração de quase dois meses, consigam responder a algumas dúvidas sobre as diferenças geográficas entre os dois lados da Lua.[58]
↑Canu-Blot, Romain; Wieser, Martin; Barabash, Stash (23 de setembro de 2022). «The Negative Ions at the Lunar Surface (NILS): first dedicated negative ion instrument on the Chang'E-6 mission to the Moon.». 16th Europlanet Science Congress 2022. Bibcode:2022EPSC...16..992C. doi:10.5194/epsc2022-992