O caso Conrado Niemeyer refere-se à morte de um comerciante brasileiro detido em 24 de julho de 1925 pela 4.ª Delegacia Auxiliar da polícia do Distrito Federal.[1]Conrado Borlido Maia de Niemeyer, nascido no Rio de Janeiro em 5 de abril de 1871,[2] era oriundo de uma família de engenheiros, industriais e militares e dono da Casa Borlido Maia e Cia.[3] A polícia acusava-o de fornecer dinamite a conspiradores tenentistas que operavam clandestinos na capital.[4][5] Em 24 de julho, Niemeyer aceitou a intimação do delegado titular Francisco Chagas, da 4.ª Delegacia, para depor no Prédio da Polícia Central.[5]
O Distrito Federal vivia sob estado de sítio e o governo Artur Bernardes, temeroso das conspirações tenentistas, usava a 4.ª Delegacia como polícia política.[6] Duas testemunhas do caso, o industrial Viriato da Cunha Bastos Schomacker e o fabricante de fogos de artifício Narciso Ramalheda, também estavam na 4.ª Delegacia por acusações de colaboração com os conspiradores.[3] A polícia identificou Niemeyer como o proprietário de uma casa na rua Flack onde, dias antes, três investigadores haviam sido feridos num tiroteio com oficiais tenentistas.[4]
Niemeyer morreu caído de uma janela da Polícia Central; segundo a versão oficial divulgada à imprensa e confirmada por um primeiro inquérito policial, tratava-se de um suicídio. A pedido da viúva, um novo inquérito foi aberto pelo procurador-geral da Justiça do Distrito Federal em 16 de março de 1927, passado o estado de sítio. Novos depoimentos trouxeram evidências de que Niemeyer havia entrado em luta corporal com os policiais, que o espancaram violentamente e atiraram do prédio. O Chefe de Polícia quando ocorreu o evento, marechal Carneiro da Fontoura, negou responsabilidade. Quatro policiais foram indiciados pelo inquérito: Francisco Chagas, Pedro Mandovani, Alfredo Moreira Machado e Manuel da Costa Lima (o "26"). Os depoimentos tiveram enorme repercussão.[5][3]
Em 5 de abril de 1930 o dr. Oliveira Figueiredo, juiz da 1.ª Vara Criminal, proferiu a sentença de absolvição dos réus.[1] Historiadores como Domingos Meirelles,[5] Isabel Lopez Aragão[3] e o Atlas Histórico do Brasil, do CPDOC,[7] rejeitam a versão do suicídio e consideram que Niemeyer foi atirado do prédio. O mesmo edifício, onde mais tarde operou o DOPS, foi palco de outros supostos suicídios de opositores políticos, tais como o comunista americano Victor Allen Barron após a Intentona Comunista de 1935 e o sindicalista José de Souza após o golpe de Estado de 1964.[8]