A Casa Índigo, “Fundação Para A Formação Consciencial E Cultural De Crianças Indigo, Jovens E Educadores”,[1] foi criada por Tereza Guerra e Alain Aubry e tem sede na freguesia de Paço de Arcos, concelho de Oeiras, Portugal. A instituição diz promover atividades e prestar esclarecimentos a pais, educadores e professores, que partilham da crença de que existem crianças alegadamente dotadas de inteligência e espiritualidade superior, “um novo tipo de evolução humana”, denominadas de Crianças Índigo.[1][1][2]
O termo Criança Índigo refere-se a um conceito esotérico, de evidência científica nula, que se enquadra nas áreas da parapsicologia e das pseudociências.[3][4][5]
Em 2009 a Fundação Casa Índigo terá conseguido a acreditação de um curso de formação para “educadores e professores do ensino básico e secundário”, que valeria créditos para a progressão nas respetivas carreiras. Esta acreditação terá sido suspensa depois de um pedido de esclarecimentos enviado ao Ministério da Educação por uma deputada da Assembleia da República.[4][5]
A deputada contestava esta acreditação lembrando de que "o conceito de crianças Índigo é criticado por especialistas em educação e psicologia infantil que identificam este movimento como sendo uma fraude, “uma forma de pressionar os pais de crianças com dificuldades de integração escolar a comprar produtos vendidos por esta organização – sessões de terapia, curso, livros, etc.”[4][5]
Muitas destas crianças correm o risco de estarem a atrasar diagnósticos adequados que podem realmente ajudá-las, tais como hiperatividade, dislexia e autismo.[4][5][6][7]
Origens
O termo "Criança Índigo" foi introduzido por Nancy Ann Tappe, uma médium que se dizia ser cinestética e alegava conseguir ver as cores das auras. Nancy Tappe decidiu classificar a personalidade das pessoas partindo do pressuposto de que as auras existem e de que podem ter as diferentes cores que esta afirmava ver.[4][6][7]
Para Nancy Tappe as crianças com a aura índigo são aquelas que evidenciam dificuldades na adaptação à organização escolar e pedagógica e por isso também devem ser consideradas como dotadas de inteligência e espiritualidade superior.[4][5][6][7]
Objetivos
Na escritura da fundação foram definidos como objetivos “o estudo, esclarecimento, desenvolvimento de atividades e formação ‘conscencial’ e cultural de crianças índigo, jovens e educadores, assim como a pesquisa e expansão científica de temas relacionados com a educação do novo tempo, abrangente e evolutivo, apoiada em novas técnicas e tecnologias”.
No seu sítio de Internet, assume-se como um projeto para desenvolver atividades para "crianças com energias índigo, cristal, crianças dotadas, sobredotadas, super psíquicas" e "jovens que se identifiquem com todas estas vibrações do Novo Tempo".
Atuação
Tereza Guerra, num artigo para o Jornal I,[8] refere que estas crianças não estão doentes, “o objetivo não é ‘curar’ as crianças”, pois, na sua opinião, apenas precisam de ser integradas na sociedade. Contudo, fala de “outro tipo de tratamentos” que a fundação fornece como alternativa à psicologia e à psiquiatria, fazendo referência a sessões terapêuticas esotéricas e a disciplinas na área das pseudociências, enumera: “Temos homeopatas, ioga, Chi Kung, Reiki, seminários de cura galáctica, harmonização de hemisférios...”[4][5]
Controvérsia com o Ministério da Educação
A 31 de março de 2009, Ana Drago, deputada na Assembleia da Républica pelo Bloco de Esquerda, contestou a certificação atribuída ao curso “Educação, Inclusão e Crianças Índigo” destinado a “educadores de infância e professores do ensino básico e secundário”, no que considerava ser “o embuste das ‘crianças Indigo’”.[4][5]
O curso teria o valor de 100 euros, cerca de 270 reais, e contaria para “efeitos de progressão em carreira de educadores de infância e professores do ensino básico e secundário”. Terá sido realizado “ao abrigo de um protocolo com o Centro de Formação Contínua de Cascais”.
Ana Drago destacava o facto de os docentes pagarem 100 euros pela formação com a “Mestre Tereza Guerra” que tinha como base livros como “Crianças Índigo e Cristal” “Poder índigo e Evolução Cristal”, dos quais Tereza Guerra é a autora. Também terá feito uma referência ao livro para crianças, “Spaltron: o Mistério dos Maias”, que tem a pretensão de ser “O Calendário Maia contado para crianças dos 9 aos 99 anos.”[4]
Drago, intensificava a crítica ao dizer que considerava preocupante que “educadores e professores do ensino básico e secundário façam formação numa instituição que advoga uma doutrina esotérica e vende cursos e ações baseados nessa mesma crença”.[4][5]
Considera que a “doutrina das crianças índigo” é uma “fraude” de “evidência científica nula”, “um embuste para pais que estão desesperados com situações complicadas”:
“A doutrina das crianças índigo foi já criticada por numerosos especialistas em educação e psicologia infantil como uma fraude e uma forma de pressionar os pais de crianças com dificuldades de integração escolar a comprar os produtos vendidos por esta organização -sessões de terapia, cursos, livros, etc.
(…)
Estamos, assim, como muitos têm afirmado perante um embuste a pais que estão desesperados com situações complicadas, práticas de ética duvidosa, além de evidência científica nula. Acresce que a Fundação Casa índigo indica também ter sido registada como IPSS pelo Ministério da Educação em 11 de Outubro de 2008.“
Esclarecimento
Na resposta dada pelo Gabinete da Ministra da Educação com a data de 4 de maio de 2009, esclarece-se que o pedido de acreditação foi proposto pelo Centro de Formação Contínua de Professores de Cascais, este é um Centro de Formação de Associação de Escolas (CFAE) acreditado pelo Concelho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC).[9]
O CCPFC analisou o pedido de acreditação acabando por aceitá-lo depois de constatar que a “formadora era detentora de formação académica adequada”. Clarificou ainda que a acreditação terá sido enquadrada no terço de formação contínua de escolha livre que, segundo o Gabinete da Ministra, teria uma maior amplitude de critérios.[9]
Na conclusão, ficou a indicação que o Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC) teria deliberado “suspender a acreditação da acção” a fim de “solicitar esclarecimentos, (…) ao Centro de Formação Contínua de Professores de Cascais, sobre todo o processo”.[9]
Historial
- Em 22 de Junho de 2006, por escritura pública lavrada no Cartório Notarial de Oeiras, foi instituída a fundação denominada de “Casa Índigo — Fundação para a Formação Conscencial e Cultural de Crianças Índigo, Jovens e Educadores”, com sede na Rua do Dr. Coutinho Pais, 21, 1.°C, na freguesia de Paço de Arcos, concelho de Oeiras.[1]
- Em 28 de julho de 2006, publicado no Diário da República nº145/2006.[1]
- Restituído, a 13 de janeiro de 2012, o reconhecimento de personalidade jurídica de Fundação de Solidariedade Social na área da educação, "em estrito cumprimento" de uma sentença judicial.[10]
Referências