A iniciação de Calvin à cultura underground se deu em 1977 quando se tornou voluntário numa estação de rádio comunitária de Olympia, a KAOS-FM, com a idade de quinze anos. A política peculiarmente progressista de programação da rádio estabelecia o foco em músicas disponibilizadas por gravadoras independentes e comandadas por artistas, ao invés de material vindo da mídia corporativa centralizadora. Essa ética independente, do "faça você mesmo" (do-it-yourself), tem tido uma influência importante na carreira de Johnson. Calvin começava a escrever para fanzines como o Sub/Pop (que mais tarde se tornaria a Sub Pop Records) e Op, e também organizava eventos de cinema e música. Johnson freqüentou a The Evergreen State College em Olympia, onde sua efêmera banda Cool Rays fez suas primeiras gravações com Steve Fisk em 1981. Calvin fundou a K Records no verão de 1982.
Em um dado momento, seu pai lhe presenteou um violão Martin. Mais tarde, ele comenta, em uma entrevista, que seu pai tinha "recebido o violão como presente de casamento de sua noiva".[3]
Beat Happening
Johnson formou o Beat Happening em 1982 com seus colegas de faculdade Heather Lewis e Bret Lunsford. O Beat Happening foi um dos pioneiros dos movimentos indie rock e lo-fi dos Estados Unidos, caracterizados pelo uso de técnicas primitivas de gravação, pelo desprezo por aspectos técnicos de musicalidade e por canções sobre temas ingênuos e recatados. Os únicos instrumentos usados eram guitarra e bateria e os membros freqüentemente trocavam de instrumentos, com Calvin e Heather se revezando nos vocais. As turnês da banda com grupos como Fugazi contribuíam para confundir e alienar a platéia ao articular uma atitude punk rock desafiadora que era mais sensível do que machista. A banda está em hiato desde 1992, voltando brevemente à atividade em 2001 para o lançamento de um compacto.
Go Team
O The Go Team era um projeto colaborativo iniciado em 1985 e que se baseava no duo Johnson e Tobi Vail, que posteriormente faria parte do Bikini Kill e da gravadora Kill Rock Stars. Eles fizeram uma turnê pela costa oeste dos Estados Unidos como uma dupla. Billy Karren se juntou a eles em duas turnês norte-americanas. O grupo lançou vários cassetes e 9 compactos na K Records, contando em seu rol de colaboradores com artistas como Kurt Cobain, Rich Jensen, David Nichols e Donna Dresch. Todos os materiais lançados pela banda não são mais prensados.
Dub Narcotic Sound System
O Dub Narcotic Sound System, cujo nome foi emprestado do famoso estúdio de gravação analógica de Calvin, foi um projeto que explorava uma sonoridade mais dançante, orientada ao funk, seguindo a tradição das bandas de house Stax/Volt. Johnson era o único membro a aparecer em todos os discos, contando com a colaboração de eventual de músicos como Larry Butler, Todd Ranslow, e Brian Weber (todos membros do grupo de hip-hop Dead Presidents). Vários compactos e álbuns foram lançados. A característica marcante do grupo levou a algumas parcerias com o Jon Spencer Blues Explosion, Lois Maffeo e a diretora/escritora/intérprete Miranda July. A formação da banda se consolidaria mais tarde como um trio: Johnson, o baixista Chris Sutton (C.O.C.O, Hornet Leg, The Gossip) e a baterista Heather Dunn (Tiger Trap). Um trágico acidente com a van do grupo em Montana, no ano de 2003, quase põe um fim à carreira da banda. Johnson sofreu uma fratura nas costelas e ficou com graves sequelas em sua fala; problemas dos quais ele tem se recuperado bem. A banda não tem se apresentado e nem lançado nenhum material depois de Degenerate Introduction, de 2004.
Halo Benders
O Halo Benders foi um projeto de Johnson com Doug Martsch do Built To Spill. De 1994 a 1998, eles lançaram três álbuns. O barítono grave de Calvin e as melodias agudas de Doug podem ser escutadas simultaneamente, por vezes se harmonizando, mas frequentemente operando uma independente da outra. Apesar do sucesso comercial e de crítica do Halo Benders, os compromissos de turnê de Martsch com o seu Built To Spill não permitiam à banda fazer turnês ou gravar mais material. O grupo se reuniu em 2008 para uma apresentação em Boise e pode estar trabalhando em um novo material.
Carreira solo
Em paralelo às suas atividades com o Dub Narcotic Sound System, Johnson começou a fazer apresentações solo, usando seu próprio nome. O material solo de Calvin se caracteriza por um contraste marcante comparado com o rock animado do Halo Benders e o funk-soul do DNSS, permitindo-o experimentar com elementos do blues, folk e da música gospel.
Seu primeiro álbum solo, What Was Me, é um disco introspectivo sobre amor, perda e morte. Enquanto algumas canções se ouve um simples acompanhamento de violão, em outras o que se escuta é apenas a voz de Calvin. O trabalho apresenta também alguns duetos com Beth Ditto do The Gossip e Mirah.
Seu segundo álbum, Before the Dream Faded..., é mais variado, incluindo parcerias com várias personalidades da música indie do noroeste norte-americano. As canções cobrem uma variedade incomum de temas, desde o tamanho e cor dos corações, Lúcifer e paixão.
Seu mais recente álbum Calvin Johnson & The Sons of the Soil é uma coletânea de re-gravações com uma banda formada por Kyle Field, Adam Forkner e Jason Anderson, os quais estiveram em turnê pela costa oeste com Calvin em 2003.
O mais novo projeto de Calvin é o Hive Dwellers, cuja canção de estréia foi um cover de "My Noise" do Superchunk, lançado na compilação SCORE! 20 Years of Merge Records: The Covers! Em 2012, o grupo lançou seu primeiro álbum, "Hewn From the Wilderness", contando em sua formação com, além de Calvin, Gabriel Will e Evan Hashi.[4]
Calvin também relançou sua série de vinis Dub Narcotic Disco Plate, em colaboração com artistas como Atlas Sound, Mahjongg e Joey Casio no estúdio Dub Narcotic para gravar o lado A, e criando uma versão especial Selector Dub Narcotic para o lado B.
Relacionamento com outros músicos
Após ser apresentado a Ian MacKaye em 1980, Johnson se tornaria amigo dos membros do Fugazi e o Beat Happening foi a banda de abertura em uma das turnês do Fugazi.
Alguns amigos de Kurt Cobain como Ian Dickson do Earth, Mark Arm do Mudhoney, Bruce Pavitt e Slim Moon reconhecem a influência que Johnson teve na vida do músico. Cobain mencionou Jamboree do Beat Happening como um de seus discos prediletos[5] e até tatuou o logo da K Records (um pequeno "K" dentro de um escudo) em seu braço para "tentar lembrar[-lhe] de permanecer criança".[6] Eles ficaram amigos entre o final dos anos 1980 e o começo dos anos 1990 quando Cobain vivia em Olympia; este foi convidado a tocar com Calvin no The Go Team, e no dia 25 de setembro de 1990, Cobain participou do programa de rádio de Calvin na KAOS (FM), tocando algumas músicas em versão acústica, incluindo um dueto com Johnson em "D-7", música do The Wipers. Mais tarde, Cobain ficaria ressentido com a "arrogância" de Calvin, detalhando seus sentimentos em seu diário.[7]
A banda Hole também fez referência a Johnson, em sua canção "Olympia" (mudada para "Rock Star" no álbum Live Through This), durante uma performance gravada por John Peel. A vocalista da banda, Courtney Love, canta: "Fui à escola com Calvin" ('I went to school with Calvin'), em referência à influência que Johnson tinha na então florescente cena indie de Olympia.