A Freguesia de Calhandriz foi extinta (agregada) em 2013, tendo o seu território sido agregado ao das freguesias de Alhandra e São João dos Montes, originando a União das Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, com sede na vila de Alhandra. A antiga Junta de Freguesia de Calhandriz funciona atualmente como delegação da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz.
A Freguesia de Calhandriz era constituída pelas aldeias de Adanaia, Calhandriz, Loureiro, Lugar da Igreja, Lugar do Mato, Mato da Cruz e Pardieiro.
Etimologia
O nome da freguesia (Calhandriz) é de origem sueva.
Heráldica
Foi elaborada com base no parecer emitido pela Comissão de Heráldica e Genealogia da Associação dos Arqueólogos Portugueses e a aprovação em sessão da Assembleia de Freguesia, efectuada em 26 de Dezembro de 1997.[1]
Brasão
O brasão é constituído por um escudo em prata, duas espigas de trigo em ouro (folhadas de verda, a da dextra posta em banda e a da sinistra em barra), um cacho de uvas púrpura (folhado de verde em chefe) e um ramo de cerejeira (folhado de verde e frutado de vermelho), em ponta. Possuí uma coroa mural de prata de três torres e um Listel branco, com a legenda (a negro): «CALHANDRIZ».
Bandeira
De cor púrpura, possui um cordão e borlas de prata e púrpura, e ainda uma haste e lança de ouro.
História
Período Romano
O povoamento da Freguesia de Calhandriz iniciou-se muito antes da fundação de Portugal, provavelmente durante o Império Romano, visto encontrar-se uma lápide trabalhada (originária de um edifício do período romano) à direita da entrada da Igreja de S. Marcos.[2]
Invasões Francesas
Calhandriz é a freguesia, de Vila Franca de Xira, que inclui o maior número de estruturas fortificadas pertencentes às Linhas de Torres Vedras (ao todo 7), que defenderam Lisboa das Invasões Francesas. Estas estruturas foram edificadas entre 1809 e 1812, e terão sido palco de diversas batalhas, como o demonstram os vestígios presentes nos fortes, bem como o Episódio do Vale da Calhandriz.[3]
Episódio do Vale da Calhandriz
No dia 16 de Outubro de 1810, o marechal André Masséna deslocou-se ao Vale da Calhandriz, num reconhecimento, onde quase foi atingido por um tiro disparado do forte militar do Reduto Novo da Serra do Formoso. Masséna terá tirado o chapéu e feito uma vénia em sinal de respeito e consideração pela qualidade do atirador, retirando-se de seguida.[4]
Século XX
Aluimento de Terras de 1979
Em consequência do inverno chuvoso de 1978/1979, que provocou a saturação dos solos[5] e várias inundações por todo o país, deu-se um movimento em massa[6] (nos dias 9, 10 e 11 de Fevereiro de 1979) na freguesia de Calhandriz, que subterrou dezenas de casas nas aldeias da freguesia Calhandriz.
Várias casas desapareceram (levadas pelas terras) e outras ficaram subterradas, deixando apenas as chaminés e o telhado a descoberto. Houve ainda casas que sofreram apenas danos ligeiros (fendas, deslocação e/ou inclinação da casa). Para além de casas, foram também destruídos/danificados poços, muros, postes de electricidade e telefone, e estradas (algumas abriram fendas com cerca de 1 metro de diâmetro).
Quanto aos danos ambientais, várias toneladas de solo foram arrastadas, bem como árvores e culturas agrícolas. Na aldeia de Adanaia, formaram-se escarpas, em consequência do deslocamento das terras. Por toda a freguesia foram recolhidas toneladas de terra, para desenterrar terrenos, casas e reconstruir estradas.
Ao longo da primeira década do século XXI, foram feitas vários trabalhos de requalificação e valorização dos mais diversos espaços e serviços da freguesia de Calhandriz: desde a construção e reabilitação de estradas, à reabilitação da Igreja Matriz de São Marcos.
2003-2005
Entre os anos de 2003 e 2005 deu-se a construção (e posterior abertura em 2005) do troço Bucelas-Arruda dos Vinhos da A10, a autoestrada que atravessa parte da freguesia de Calhandriz, servindo-a através do nó de Arruda dos Vinhos, a cerca de 5km da aldeia de Calhandriz.
Também neste ano, foi construida uma linha de muito-alta tensão, que atravessa a freguesia de Calhandriz.
Religião
Calhandriz foi uma freguesia fortemente ligada à Igreja Católica, tendo por oragoSão Marcos. A freguesia possuí uma igreja com o mesmo nome do orago.
Nos Jardins da Junta de Freguesia, encontra-se a estátua do Bispo do Algarve (Bispo D. Francisco Gomes do Avelar), a personalidade mais ilustre da freguesia.
Património
Apesar da escassez de vestígios arqueológicos, a freguesia de Calhandriz possuí algum património edificado.
Fazem ainda parte do património vários jardins e parques, bem como tanques e lavadouros públicos.
Fortes Militares das Linhas de Torres Vedras
Existem, na antiga freguesia, sete fortes militares das Linhas de Torres Vedras, tendo sido edificados entre 1809 e 1812, com o objectivo de defender a cidade de Lisboa das Invasões Francesas .
Os fortes militares existentes são os seguintes [3]:
Forte 1.º da Calhandriz ou dos Brogados (Obra Militar n.º 121) [7];
Forte 2.º da Calhandriz ou do Cabeço (Obra Militar n.º 122) [8];
Forte 3.º da Calhandriz (Obra Militar n.º 123) [9];
Forte da Calhandriz ou do Chão da Oliveira (Obra Militar n.º 7) [10];
Forte/Reduto Novo da Costa da Freira (Obra Militar n.º 117) [11];
Forte/Reduto Novo da Serra do Formoso (Obra Militar n.º 120) [12];
Forte da Serra do Formoso (Obra Militar n.º 5) [13].
Os fortes militares Reduto Novo da Costa da Freira, Reduto Novo da Serra do Formoso, Forte da Serra do Formoso e os Fortes 1.º e 2.º da Calhandriz encontram-se todos em bom estado de conservação. Os fortes militares podem ser facilmente visitados através das estradas municipais e militares existentes, existindo alguns caminhos pedestres que passam perto dos mesmos.
Gastronomia
A gastronomia é um dos principais cartões de visita da freguesia, na qual existem vários restaurantes excelentes na confecção de pratos regionais. Na Calhandriz podemos encontrar dos melhores restaurantes e pratos gastronómicos da região de Lisboa e Vale do Tejo. Todos os anos a freguesia recebe imensos turistas que a visitam para saborear uma simples refeição.
Turismo
A beleza natural e a paisagem verdejante da Calhandriz são um cartaz apelativo à sua contemplação e ao desenvolvimento de actividades de lazer, desporto ou convívio ao ar livre. Devido a esta sua paisagem campestre e rural (onde abunda o ar "puro", a vegetação e o sossego), a freguesia tem um excelente potencial nas áreas do turismo rural e do turismo de natureza.
Calhandriz é um excelente local para passear a pé ou de bicicleta, existindo diversos percursos pedestres pela freguesia, bem como um percurso natural do concelho de Vila Franca de Xira (que atravessa a freguesia de Calhandriz), que pode ser percorrido a pé ou de bicicleta.
Desporto
A Freguesia possuí uma piscina municipal e um ringue desportivo (a descoberto) para a prática de desporto por parte da população.
Os jardins da Junta de Freguesia possuem equipamentos para a prática de exercício físico por parte dos seus visitantes.
Transportes e Rede de Estradas
Autocarro
A freguesia de Calhandriz é servida por duas carreiras efectuadas pela empresa Boa Viagem[14]:
57: Alverca (Estação) ↔ Sobral de Monte Agraço (via Calhandriz);
58: Alverca (Estação) ↔ A-de-Mourão.
Ambas as carreiras estão incluídas nos passes "Navegante Municipal Vila Franca de Xira" e "Navegante Metropolitano", sendo que a 58 está incluída na totalidade do percurso, enquanto a 57 apenas está incluída até aos limites do concelho de Vila Franca de Xira (cruzamento do Bulhaco).[15]
Em conjunto, as duas carreiras servem as localidades de Adanaia, Calhandriz, Loureiro, Lugar do Mato e Pardieiro.
Rede de Estradas
A Freguesia é servida pela Estrada Nacional 10-6 (também conhecida por "Estrada da Arruda"), por diversas estradas municipais, caminhos públicos e estradas militares, bem como pela autoestrada A10.