Conciliava diversas funções, como era de costume na época. Residiu no Uruguai de 1843 a 1851, onde atuou na política.[2] Esteve temporariamente em Rio Grande por volta de 1847 prestando serviços de retratista a óleo, e na mesma época criou o pano de boca do Teatro Sete de Abril, em Pelotas. Mudou-se para o Brasil em 1852 e no ano seguinte fixou-se em Porto Alegre.[1]
Sua primeira obra documentada na capital foi o pano de boca do Teatro D. Pedro II. Em 1855 decorou o salão do Café da Fama, um trabalho muito elogiado na imprensa, e por esta altura criou o pano de boca da Sociedade Dramática União Porto-Alegrense. Segundo Athos Damasceno, "orientado em boa escola e dotado de evidente espontaneidade", passa a aceitar a encomenda de retratos. "E nessa difícil especialidade, aliás muito apreciada à época, se impõe logo sem nenhuma dificuldade", destacando-se o de David Canabarro, hoje preservado no Museu Júlio de Castilhos. Em 1856 foi convidado pela revista O Guaíba para desenhar um retrato em litografia de Gaspar Menna Barreto, impresso pela gráfica de Emílio Wiedmann e distribuído como uma folha avulsa da revista. A obra foi muito bem aceita e firmou sua reputação na cidade.[1][3]
Em 1861 fez um novo pano de boca para o Teatro Sete de Abril. Esteve de volta a Rio Grande em 1864, realizando retratos a óleo e ambrótipo,[2] e em 1867 recebeu a encomenda de dois panos de boca para o suntuoso Theatro São Pedro da capital, um representando a cidade de Porto Alegre ao nascer do Sol e outro as divindades Netuno e Anfitrite em um carro triunfal.[1]
Na década de 1870 passou a expor telas a óleo em vários gêneros em vitrines de casas comerciais, como era o costume, uma vez que não existiam galerias de arte. As quatro telas apresentadas na seção de artes da Exposição Comercial e Industrial de 1875 consolidaram seu renome, sendo considerado pelos seus contemporâneos no mesmo nível que Antônio Cândido de Menezes, o mais afamado pintor da cidade. No mesmo ano criou um painel alegórico para a comemoração do sétimo aniversário da Sociedade Partenon Literário, executado "com o maior brilhantismo", como registrou A Reforma, exposto no salão da Sociedade Bailante, representando o Brasil abraçado pela deusa Minerva.[1] Pintou uma tela representando Santa Cecília para a Igreja das Dores.[3] Passou seus últimos anos atuando como professor de desenho do curso artístico de Apolinário Porto Alegre no Instituto Brasileiro.[2]
Grasselli deixou obra consistente em todas as especialidades a que se dedicou, sendo muito estimado, e sua morte causou grande consternação em Porto Alegre, mas sua produção pictórica está em grande parte em paradeiro ignorado e não sobreviveu nenhum dos seus cenários. Hoje está bastante esquecido, mas sua atividade foi importante para dinamizar o circuito artístico da capital e do estado em um período em que estava apenas iniciando a formação de um mercado de arte.[1]
Referências
↑ abcdefFerreira, Athos Damasceno. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, pp. 85-90