Bernardete Angelina Gatti (Matão, 1941) é uma pesquisadora brasileira na área de educação.[1][2] Ela coordenou estudos da área de formação de professores, e é uma das principais pesquisadoras desta área no Brasil.[1]
Biografia
Bernardete fez ensino médio na Escola Normal Estadual de Matão, no interior de São Paulo. Graduou-se no bacharelado e licenciatura em pedagogia pela Universidade de São Paulo (1959-1962), onde foi aluna de Carolina Bori.[3]
Após a graduação, atuou em colégios públicos na alfabetização de crianças e lecionando para crianças e adolescentes.
Em 1964, começou a lecionar em tempo parcial como professora de estatística no Instituto de Matemática e Estatística na USP.
Ingressou no curso de matemática na USP, e aprofundou seu conhecimento em estatística aplicada, mas abandonou o curso antes da sua conclusão para fazer um doutorado em Psicologia na Universidade Paris VII – Denis Diderot (1968-1972), orientada por Paul Arbousse-Bastide.[4] Em 1971 iniciou sua carreira como pesquisadora na Fundação Carlos Chagas, e se tornou vice-presidente da fundação em 2014. Em 2017, deixou a instituição, mas continuou atuando como consultora.[3]
É membra da Academia Paulista de Educação desde 2007, ocupando a cadeira que já havia sido de Egon Schaden, Benedito Castrucci e Teodoro Augusto Ramos.[5]
Em 2016, tornou-se presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.[3] Já atuou como consultora da UNESCO e de outros organismos internacionais.[6]
Produção científica e acadêmica
Bernardete já escreveu cerca de 120 artigos científicos, e já escreveu ou organizou 19 livros.[3] Seu livro publicado em 2013, "O trabalho Docente – Avaliação, valorização, controvérsias", foi considerado um dos 10 livros essenciais para a formação do professor, de acordo com a Revista Nova Escola.[7]
Em um estudo de 2008, Gatti analisou o currículo de 94 cursos de licenciatura em pedagogia, língua portuguesa, matemática e ciências biológicas, e concluiu que disciplinas voltadas para a área da educação, como didática e psicologia da educação, compunham até 10% do currículo desses cursos.[8] Em entrevista, afirmou que o que caracteriza a crise na formação de professores é "a ideia de que o conteúdo prevalece sobre as metodologias de ensino e na dissociação dessas metodologias dos conteúdos curriculares", e portanto as licenciaturas no Brasil não estavam formando professores, mas sim biólogos, físicos, matemáticos, profissionais sem formação pedagógica.[3]
Referências
- ↑ a b Cenpec, Cadernos (22 de junho de 2015). «Entrevista com Bernardete Gatti: "O que se percebe é que a questão da docência é sempre relegada como se fosse algo menor"». Cadernos Cenpec | Nova série (2). ISSN 2237-9983. doi:10.18676/cadernoscenpec.v4i2.297. Consultado em 13 de fevereiro de 2021
- ↑ Novikoff, Cristina; Kauss, Vera Lucia Teixeira (2011). «Afrânio Coutinho e Bernadete Angelina Gatti: a luta pela educação brasileira». Revista Magistro. 2 (4): 34-49. ISSN 2178-7956. Consultado em 22 de março de 2021
- ↑ a b c d e de Pierro, Bruno (maio de 2018). «Bernardete Angelina Gatti: Por uma política de formação de professores». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2021
- ↑ «Especialista afirma que universidades brasileiras não estão realmente "formando" professores». Revista Educação. Editora Segmento. 3 de agosto de 2016. Consultado em 22 de março de 2021
- ↑ «Cadeira nº 27 – Bernadete Agelina Gatti.». Academia Paulista de Educação. 11 de novembro de 2010. Consultado em 22 de março de 2021
- ↑ «UNESCO e FCC lançam publicação sobre desafios da formação de docentes no país». FCC - Fundação Carlos Chagas. 9 de maio de 2019. Consultado em 22 de março de 2021
- ↑ Ferreira, Anna Rachel (5 de novembro de 2015). «10 livros essenciais para a formação do professor». Nova Escola. Consultado em 22 de março de 2021
- ↑ Gatti, Bernardete A.; Nunes, Marina Muniz R., eds. (2009). Formação de professores para o ensino fundamental: estudo de currículos das licenciaturas em pedagogia, língua portuguesa, matemática e ciências biológicas (PDF). São Paulo: Fundação Carlos Chagas, Departamento de Pesquisas Educacionais. 158 páginas
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