O pontificado de Bento XVI foi marcado por manter um esforço por incrementar o diálogo inter-religioso iniciado por seus antecessores, principalmente por João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, para isto tem envidado esforços para manter encontros com personalidades de todas as religiões do mundo e explorado os pontos em comum existentes entre elas e a Igreja Católica.
Em 20 de agosto de 2005 teve um encontro com os muçulmanos por ocasião da "XX Jornada Mundial da Juventude", onde teve a oportunidade de lamentar as antigas lutas entre cristãos e muçulmanos e sugerir que as lições do passado deveriam servir para evitar a repetição dos mesmos erros. Mais tarde pronunciou um discurso na Universidade de Ratisbona que sofreu fortes críticas de parcela importante do mundo islâmico. A diplomacia vaticana mobilizou-se para desfazer o que, segundo a Santa Sé, teria sido fruto de incorreta interpretação. Aos poucos as relações entre o Vaticano e os principais líderes islâmicos voltou à normalidade.
Sobre a passagem o Papa comentou: "Infelizmente, esta citação foi tomada, no mundo muçulmano, como expressão da minha posição pessoal, suscitando assim uma indignação compreensível. Espero que o leitor do meu texto possa depreender imediatamente que esta frase não exprime a minha apreciação pessoal face ao Alcorão, pelo qual nutro o respeito que se deve ao livro sagrado duma grande religião. Eu, ao citar o texto do imperador Manuel II, pretendia unicamente evidenciar a relação essencial entre fé e razão. Neste ponto, estou de acordo com Manuel II, sem contudo fazer minha a sua polémica."[1]
Em 12 de setembro de 2008 na Nunciatura Apostólica da França recebeu um grupo de representantes da Comunidade Hebraica francesa - a maior da Europa - que foram apresentados pelo Arcebispo de Paris, Cardeal Vingt-Trois. Na ocasião Bento XVI repetiu as palavras de Pio XI afirmando que "espiritualmente os católicos são todos semitas" [2] e acrescentou: Portanto, a Igreja opõe-se a qualquer forma de antissemitismo, do qual não há justificação alguma teológica aceitável. Na ocasião recordou o teólogo Henri de Lubac que compreendeu que ser antissemita também significava ser anticristão.[3][4] Anteriormente o Papa já havia feito duas visitas históricas às sinagogas de Colônia, na Alemanha e à de Manhattan, nos Estados Unidos. Anteriormente só se tinha notícia de fato recente semelhante praticado por João Paulo II[5] Em 4 de janeiro de 2010 foi confirmada a visita do papa à sinagoga judaica da cidade de Roma com o objetivo de aprofundar as relações entre o Judaísmo e o Catolicismo.[6]
Paz entre judeus e palestinos
Ao receber o presidente de Israel, Shimon Peres, em 2 de setembro de 2010, o Papa manifestou o desejo de que se chegue à paz entre judeus e palestinos. Ambos desejaram que as negociações em Washington entre israelenses e palestinos tragam, finalmente, uma paz estável à Terra Santa. Outro dos temas tratados durante o encontro foram os Acordos entre a Santa Sé e Israel, atualmente em fase de negociação, fizeram votos para que o encontro "ajude a alcançar um acordo respeitoso das legítimas aspirações de ambos os povos e seja capaz de levar uma paz estável à Terra Santa e a toda a região".
Foi reafirmada na ocasião "a condenação de toda forma de violência e a necessidade de garantir a todas as populações da área melhores condições de vida". Não faltou "uma referência ao diálogo inter-religioso e um olhar de conjunto à situação internacional". Foi realçado "o significado totalmente particular da presença das comunidades católicas na Terra Santa e a contribuição que estas oferecem ao bem comum da sociedade, também por meio das escolas católicas".[7]
Após seis anos de inatividade, em outubro de 2007, voltou a se reunir a "Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre católicos e ortodoxos" em Ravena (Itália), para discutir o tema "o exercício da autoridade e a colegialidade na Igreja". O documento final da Assembléia plenária recebeu o título de "Consequências eclesiológicas e canônicas da natureza sacramental da Igreja. Comunhão eclesial, conciliaridade e autoridade". A próxima sessão plenária será em 2009 e tratará de um aspecto fundamental nas relações entre ambas as confissões: "O papel do bispo de Roma na comunhão da Igreja no primeiro milênio".
Tempo de degelo
O metropolita russo Cirilo de Smolensk, segunda autoridade do patriarcado ortodoxo de Moscou, em entrevista publicada no jornal L’Osservatore Romano (2.nov.2007) declarou que o momento é um "tempo de degelo". "É de todo evidente - declarou " que a Igreja católica e a Igreja ortodoxa são cada vez mais conscientes de ser aliadas em muitíssimos problemas que interpelam atualmente a humanidade". Por isto se estabelece "uma certa solidariedade nas relações recíprocas, tanto no nível de organizações como no diálogo com o mundo secularizado."
Em 6 de dezembro de 2007 recebeu os membros da Comissão Internacional de Diálogo do Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos em conjunto com os integrantes da Aliança Mundial Batista por ocasião da participação destes em um encontro em Roma sobre o tema:"A Palavra de Deus na vida da Igreja: Escritura, Tradição e Koinonia." No encontro disse que "hoje o mundo necessita mais que nunca nosso testemunho comum de Cristo e da esperança trazida pelo Evangelho. A obediência à vontade do Senhor nos estimula constantemente a alcançar aquela unidade tão emotivamente expressada em sua oração sacerdotal: "Que todos sejam um… para que o mundo creia.""
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