Baile do Sarongue

Baile do Sarongue
Data(s) Quinta-feira pré-carnaval
Local Rio de Janeiro
Primeira edição 2008
Idealizado por Marcus Wagner
Página oficial https://sarongue.com

Baile do Sarongue é um baile de carnaval que combina experimentação artística, tradição e inovação. A partir de um tema escolhido, sempre associado ao devir do momento, artistas contemporâneos são convidados a criar as instalações que integram o Baile: Ernesto Neto, Franklin Cassaro[1], Janaina Tschäpe[2], João Modé[3], José Damasceno, Lawrence Malstaf[4], Maria Lynch[5], Maria Nepomuceno[6], Ricardo Becker[7], Siri[8], Paulo Paes[9], Yoann Saura[10], Tatiana Bond[11], Laura Lima e a dupla de arquitetos Israel Nunes[12] e Pedro Évora[13], participaram das últimas edições.

Acompanhando o tema do ano, o Baile do Sarongue já aconteceu em diferentes locais do Rio de Janeiro: Maracanãzinho, Museu do Amanhã, Parque Lage, Botafogo de Futebol e Regatas, Clube Monte Líbano, entre outros.

Entre instalações artísticas, arquiteturas e temáticas diversas, a cada ano se reinventa. Sem perder a essência do carnaval de salão. Carnaval arte total.

O Baile, que teve início em 2008 como uma ação entre amigos, no Clube de Regatas Guanabara, acontece toda quinta-feira pré-carnaval. Nômade, não possui endereço fixo. O local é divulgado somente na véspera. A partir de 2013, o ingresso é a Chave da Cidade-Sarongue[1].

A busca da Chave do Baile inicia os preparativos para a grande festa, promovendo pontos de encontro em locais inesperados, anunciados na véspera, durante o mês de janeiro. Em paralelo, são desenvolvidas a concepção e a elaboração das fantasia, individuais e coletivas. Na semana da montagem das instalações artísticas que compõem a cenografia do Baile, muitos voluntários integram-se ao processo. Estes encontros transferem e catalisam a energia e o envolvimento de foliões e voluntários para o Salão, finalizando o processo com a catarse da grande noite anual. A festa reinventou o ritual carnavalesco de salão.

Uma orquestra organizada especialmente para o Baile dá o tom da festa e faz folionas e foliões dançarem ao redor de um palco central onde, no clímax da noite, a Chave da Cidade-Sarongue é entregue à sua Rainha Momo.

Segundo o criador e diretor do Baile, Marcus Wagner, que se interessa pela festa enquanto expressão cultural, vestir uma fantasia, é vestir costumes[2]. Assim, através do Sarongue, os mais diversos temas são postos à discussão.

Últimas Edições

Com 17 anos de existência e 15 edições no total, o Baile do Sarongue apresenta, anualmente, uma festa-instalação, trazendo artistas contemporâneos e obras inéditas que dialogam com o tema da vez.

Sarongue Ai, Ai, Ai (2024: XV edição)

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Sarongue Ai,Ai,Ai

Inspirado no tema Inteligência Artificial[3], o décimo quinto Baile do Sarongue se auto-descreveu como uma sátira real à Inteligência Artificial. Com o objetivo de provocar reflexão sobre o tema, pela primeira vez, este foi anunciado com maior antecedência. Imagens geradas a partir da Inteligência Artificial foram apresentadas ao público de forma a compartilhar o processo criativo do Baile.

Para criar a instalação que ocupou o hall de entrada do salão, o Sarongue Ai, Ai, Ai utilizou AI. Baseada nas imagens geradas, a dupla convidada, Pirilampos do Planeta[4], as materializou a seu modo, reutilizando vasta gama de resíduos eletrônicos descartados. Para alcançar o resultado esperado, contou-se com cerca de 70 voluntários na confecção da obra, que aconteceu nos três dias que antecederam o Baile.

No Salão, cortinas móveis recebiam projeções do coletivo SuperUber, produzindo uma arquitetura mutante, efêmera.

Sarongue Quintaessência (2023: XIV edição)

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Sarongue Quintaessência

Em 2023, a Quintaessência foi eleita tema, trazendo para o salão o carnaval-ciência. Descoberta por Aristóteles, configura o elemento etéreo que compõe as esferas celestes, distinto em sua quase imaterialidade das quatro propriedades naturais (terra, água, fogo e ar)[5].

Inspiradas na arte de José Damasceno, moléculas em busca da quinta essência da folia foram espalhadas pelo Baile. Para compor a cenografia da noite, cerca de 50 mil balões foram instalados ocupando e transformando a arquitetura do Salão.

Sarongue Jardim das Delícias Terrenas (2022: XIII edição)

O Baile pós-pandemia COVID-19 e pós-confinamento aconteceu, excepcionalmente, no mês de abril. O tema buscou inspiração numa obra prima que marcou o final da Idade Média. Muitas são as interpretações levantadas pelo Jardim das Delícias Terrenas desde que foi concebido por Hieronymus Bosch por volta de 1500. A versão escolhida pelo  Baile do Sarongue para inspirar o tema de sua décima terceira edição trata o painel central como utopia paradisíaca. Bosch partiu de um premissa colocada por muitos teólogos de seu tempo: o que seria do ser humano se não tivesse cometido o pecado original?

O local escolhido para a realização desta edição é uma arena de esportes que muito significou para a cultura nacional. O Maracanãzinho foi palco de eventos inesquecíveis, como o Festival da Canção, celeiro da MPB[6]. A orquestra do Sarongue preparou um repertório com versões carnavalescas dedicado às canções populares determinantes que foram lançadas no Festival.

Sarongue Retrofuturista (2020: XII edição)

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Sarongue Retrofuturista

A sensação de chegar ao futuro se faz mais presente nas viradas de milênios, séculos e décadas. O ano de 2020 apresentou especial força simbólica nesse sentido. O futuro sonhado pela geração que viveu a space age dos anos 50, 60 e 70 se encontrava em um cenário sociocultural distópico. O Baile daquele ano buscou levantar questões do seu tempo: o futuro utópico desembocou no passado alegórico?

Para a edição especial do Baile do Sarongue no ano em que o Rio seria a Capital Mundial da Arquitetura, o evento escolheu, pela primeira vez, um cenário que representava o tema do ano, Retrofuturista, o Museu do Amanhã[7], do arquiteto espanhol Santiago Calatrava.

À entrada do Baile, folionas e foliões atravessaram a instalação Réu Hell, de Laura Lima. Enquanto caminhava, o público se deparava com fragmentos de corpos humanos, parcialmente ocultados em um túnel de 60 metros construído na entrada do Museu[8].

Outros

Outros temas já tiveram no centro do Sarongue: do fundo do mar, no Sarongue Abissal em sua oitava edição, à ventania do Sarongue Turbilhão, em sua nona edição. A figura Xamânica, em sua décima edição, e metamorphoses, em sua décima primeira.

Saturnália

Paralelamente e antecedendo o grande evento, o Baile do Sarongue pontualmente promove também o Festival Saturnália, dedicado à fantasia e à arte[9].

Em 2019, o Festival organizou uma feira de produtos carnavalescos e reuniu exposição de máscaras de carnaval, desfile de fantasias e festas no mês que precedeu a grande noite[10].

Referências

  1. «Home». baile-do-sarongue. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  2. O Globo (13 de setembro de 2015). «Com eventos todo fim de semana, carnaval carioca mostra que não tem fim». O Globo. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  3. Metrópoles (9 de fevereiro de 2024). «Inspirado no tema Inteligência Artificial, Baile do Sarongue agita RJ | Metrópoles». www.metropoles.com. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  4. O Globo (18 de julho de 2023). «Conheça a Pirilampos do Planeta, que já transformou mais de 1 milhão de resíduos plásticos em arte». O Globo. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  5. Oxford Languages. «quinta-essência». www.google.com. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  6. Memória Globo (29 de outubro de 2021). «Edições». memoriaglobo. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  7. O Globo (20 de fevereiro de 2020). «Bailes embalam foliões com marchinhas, funk e sertanejo; veja 10 lugares para pular carnaval». O Globo. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  8. Metrópoles (22 de fevereiro de 2020). «Baile do Sarongue reúne público seleto no Museu do Amanhã | Metrópoles». www.metropoles.com. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  9. O Globo (11 de fevereiro de 2019). «A terceira edição do Saturnalia, festival dedicado à fantasia-arte, cresce, ganha desfile e exposição». O Globo. Consultado em 18 de novembro de 2024 
  10. O Globo (15 de fevereiro de 2019). «Festival Saturnalia: mostra, arte, design e música na Lapa». O Globo. Consultado em 18 de novembro de 2024