A ausência congênita dos vasos deferentes (CAVD, do inglês congenital absence of vas deferens) é uma condição na qual os ductos deferentes não se formam adequadamente, durante a vida embrionária. Pode ser unilateral (CUAVD) ou bilateral (CBAVD).
Sinais e sintomas
Os ductos deferentes conectam os testículos (que produzem esperma) ao pénis. Assim, indivíduos que não possuem nenhum ducto deferente normal são capazes de produzir esperma, mas não de transportá-lo. O seu sémen não possui esperma, uma condição conhecida por azoospermia. A ausência unilateral de um ducto deferente pode não levar a anormalidades na análise seminal.
Não é comum a palpação dos vasos deferentes durante um exame físico de rotina, então a sua ausência pode passar despercebida. Além disso, é comum serem causadas lesões ao canal deferente durante cirurgias.[1] Os vasos deferentes podem estar ausentes em um ou ambos os lados, completa ou parcialmente. Quando apenas uma parte do canal deferente está ausente, pode não conseguir estabelecer comunicação com o epidídimo.[2]
Causas
Existem duas causas principais de CAVD. A primeira (mais comum) está associada à fibrose cística e ocorre devido a uma mutação no gene CFTR.[3][4] A segunda (estima-se que afete entre 10 e 40% dos indivíduos com CAVD) está associada à agenesia renal unilateral (URA). O espectro de mutações do CFTR na primeira causa difere daquele observado na fibrose cística clássica, com variantes missense ou de splicing mais leves presentes em pelo menos um dos cromossomas.[5][6] A base genética da segunda causa ainda não é bem compreendida. Em indivíduos com CBAVD e URA, foi demonstrado que a mutação CFTR ocorre a uma taxa apenas ligeiramente superior à da população geral, pelo que foi sugerido que outro gene pode ser responsável por esta condição.[6][7]
Mutações do gene CFTR resultam em azoospermia obstrutiva em homens com fibrose cística. A CAVD é uma das características mais comuns da fibrose cística, uma vez que afeta 98-99% dos indivíduos com esta doença. Em comparação, sintomas respiratórios agudos ou persistentes estão presentes em apenas 51% de pacientes com fibrose cística.[8]
Diagnóstico
O diagnóstico de CAVD uni ou bilateral pode ser feito por ultrassonografia escrotal ou transretal, visto que pode estar associado a anormalidades visíveis ou agenesia do epidídimo, vesículas seminais ou rins.[9]
Tratamento
Indivíduos com CAVD podem ter filhos com o auxílio de tecnologias de reprodução assistida, nomeadamente a extração de espermatozoides por biopsia do testículo ou epidídimo, e consequente ICSI. No entanto, como o risco de fibrose cística e agenesia renal tende a ser mais elevado em crianças, é recomendado o aconselhamento genético.
Referências