Arquivo Histórico Wanda Svevo

FUNDOS E COLEÇÕES

A tabela a seguir fornece uma visão detalhada dos fundos documentais relacionados ao Arquivo Bienal, abrangendo três principais fontes de acervo. Cada fundo reflete um período e origem específicos, bem como o tipo de documentação que compõe seu conteúdo. A análise destes fundos oferece uma compreensão abrangente da evolução e das atividades da Fundação Bienal de São Paulo e das instituições associadas.

FUNDOS
Francisco Matarazzo Sobrinho MAM Fundação Bienal de São Paulo
Período 1880-1981 1948-1965 1962- Atualmente
Origem Documentação proveniente do antigo Centro Cultural Francisco Matarazzo Sobrinho
Conteúdo
  • Documentos Pessoais;
  • Documentos administrativos relacionados às suas atividades no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Fundação Bienal e outras instituições culturais.
  • Criação de atividades iniciais do MAM-SP
  • Desenvolvimento das primeiras Bienais (1951-1961)
  • Formação da Fundação Bienal de São Paulo
* Documentação das Bienais de São Paulo e outros eventos promovidos pela Fundação
* Fichas de inscrição de artistas
* Fotografias
* Plantas
* Cartazes
* Documentação administrativa

A seguir, apresentamos uma tabela detalhada que descreve as principais categorias de documentação e acervo disponíveis para consulta. Este material é resultado de um esforço contínuo para preservar e disponibilizar informações valiosas sobre o mundo da arte e da cultura. A tabela abrange três categorias distintas, cada uma com um foco específico, refletindo a diversidade e a profundidade dos recursos documentais que possuímos.

Coleções presentes no Arquivo Histórico Wanda Svevo
Dossiês de artistas Documentação originária do extinto Centro Cultural Francisco Matarazzo Sobrinho, englobando registros pessoais e administrativos relativos às atividades dos artistas no MAM-SP, na Fundação Bienal e em outras instituições culturais.
Dossiês de Temas de Arte Documentação pertinente a temas gerais sobre arte, incluindo informações sobre instituições culturais, galerias e outros assuntos correlatos
Biblioteca Coleção constituída a partir de pesquisas curatoriais realizadas nas Bienais de Arte e Arquitetura, bem como por permutas e doações de diversas instituições. A coleção compreende obras sobre história e crítica de arte, arte-educação, além de catálogos de artistas, bienais de arte, exposições e mostras de relevância nacional e internacional.

SETOR TEXTUAL

O tratamento técnico da documentação textual, refere-se ao processo sistemático de organização, armazenamento e controle de documentos e informações dentro de um arquivo. Este campo é crucial para garantir que a documentação textual seja tratada de forma eficiente e acessível ao longo de seu ciclo de vida.

Função da Gestão Arquivística da Informação

No contexto da gestão arquivística, uma das funções primordiais é a classificação e o tratamento de documentos textuais. Isso envolve a organização de documentos de acordo com um sistema estruturado, facilitando o acesso e a preservação de informações essenciais. Essa prática é fundamental para manter a integridade e a eficiência na recuperação dos documentos quando necessário.

Etapas da Notação e Classificação de Documentos

A etapa de notação e classificação de documentos é um componente vital na gestão arquivística. Essa etapa assegura que todos os documentos sejam devidamente identificados e categorizados. As principais atividades envolvidas incluem:

  1. Análise e Avaliação
    • Identificação dos Documentos: Determinação do tipo e da natureza dos documentos a serem classificados.
    • Avaliação da Relevância: Análise da importância dos documentos para a instituição e para futuros usos.
  2. Desenvolvimento do Sistema de Classificação
    • Criação de Categorias e Subcategorias: Definição de categorias amplas e subcategorias específicas com base no conteúdo dos documentos.
    • Estabelecimento de Regras de Classificação: Definição de diretrizes para garantir consistência na classificação.
  3. Notação e Rotulagem
    • Atribuição de Códigos e Números: Utilização de códigos alfanuméricos ou numéricos para identificar documentos e suas categorias.
    • Rotulagem Física e Digital: Marcação de documentos com informações relevantes, como data, tipo e categoria.
  4. Registro e Indexação
    • Criação de Índices: Desenvolvimento de índices para facilitar a pesquisa e a recuperação de documentos.
    • Registro em Sistemas Digitais: Inserção de informações de classificação em sistemas de gerenciamento eletrônico de documentos.
  5. Revisão e Atualização
    • Revisão Periódica: Realização de revisões regulares para garantir que o sistema de classificação permaneça eficiente e atualizado.
    • Ajustes Necessários: Modificação das categorias e processos conforme necessário para acomodar novos tipos de documentos ou mudanças organizacionais.

A implementação eficaz dessas etapas assegura que a informação textual seja armazenada de forma organizada e acessível, permitindo que as instituições gerenciem suas informações de maneira eficaz e que respondam rapidamente a consultas e necessidades futuras.

SETOR DO ICONOGRÁFICO/ MIDIÁTICO

O Departamento Iconográfico, também denominado Departamento Midiático, desempenha um papel crucial na administração e conservação de documentação audiovisual, incluindo fotografias e gravações de áudio e vídeo. Este departamento é responsável pela gestão de um acervo diversificado que abrange não apenas imagens estáticas, mas também registros sonoros e audiovisuais. A importância da catalogação e da conservação dessas mídias é fundamental para assegurar a integridade e a longevidade dos documentos, que frequentemente constituem fontes valiosas de informação histórica e cultural.

Importância da Catalogação de Imagens

A catalogação é uma etapa essencial no gerenciamento de documentação audiovisual. Ela envolve a organização sistemática e a descrição detalhada de cada item do acervo. A catalogação de imagens, por exemplo, não se limita apenas à identificação e ao arquivamento, mas também à criação de metadados que fornecem informações contextuais sobre cada fotografia ou vídeo. Esses metadados podem incluir:

  • Informações de Identificação: Título, data, localização e descrição do conteúdo.
  • Dados Técnicos: Tipo de mídia, formato, resolução e características técnicas.
  • Contexto Histórico e Cultural: Informações sobre o evento, pessoas, e o significado histórico das imagens.

A catalogação eficiente facilita a recuperação de informações e permite que pesquisadores e profissionais acessem rapidamente os dados necessários para estudos e análises. Além disso, uma catalogação bem feita garante que as imagens e gravações sejam preservadas no contexto adequado, respeitando seu valor documental.

Processo de Conservação de Imagens

O processo de conservação é igualmente crucial para a preservação a longo prazo da documentação audiovisual. As técnicas de conservação visam proteger as mídias contra degradação e danos, assegurando que permaneçam em condições adequadas para uso futuro. Entre as práticas comuns de conservação, destaca-se o congelamento de negativos, um método que se revela particularmente importante para a preservação de fotografias em filmes e negativos.

Congelamento de Negativos

O congelamento de negativos é uma técnica utilizada para retardar o processo de deterioração dos filmes fotográficos. Este processo envolve armazenar negativos em temperaturas extremamente baixas, geralmente em freezers especializados. Abaixo estão os principais aspectos deste método:

  1. Objetivo do Congelamento
    • Preservação da Qualidade: O congelamento reduz a taxa de deterioração dos negativos, preservando a qualidade da imagem e evitando a perda de detalhes e cores.
    • Prevenção de Danos: Ajuda a prevenir danos causados por fatores ambientais, como umidade e luz, que podem comprometer a integridade dos negativos.
  2. Procedimento
    • Preparação dos Negativos: Os negativos devem ser limpos e secos antes do congelamento para evitar o desenvolvimento de mofo ou outros tipos de degradação.
    • Armazenamento: Os negativos são armazenados em embalagens herméticas para protegê-los da umidade e dos contaminantes durante o armazenamento no congelador.
  3. Descongelamento e Manipulação
    • Descongelamento Gradual: Quando for necessário acessar os negativos, é crucial descongelá-los gradualmente para evitar condensação e danos.
    • Manuseio Cuidadoso: Após o descongelamento, os negativos devem ser manuseados com extremo cuidado para evitar arranhões ou outros danos físicos.

SETOR DA CONSERVAÇÃO

O departamento de conservação de arquivos desempenha um papel crucial na preservação do patrimônio documental de uma instituição. Sua principal missão é garantir que documentos e registros históricos sejam mantidos em condições adequadas para resistir ao tempo e ao uso, garantindo que informações valiosas possam ser acessadas e estudadas pelas gerações futuras.

Conservação Preventiva é uma abordagem fundamental dentro desse departamento. Ao contrário das ações corretivas que se concentram em restaurar documentos danificados, a conservação preventiva visa evitar o dano antes que ele ocorra. Isso envolve uma série de práticas e estratégias para manter os arquivos em boas condições e minimizar os riscos de deterioração. Algumas das principais atividades incluem:

  1. Controle Ambiental: Monitoramento e regulação de fatores como temperatura, umidade, luz e poluição, que podem afetar negativamente os documentos. Manter condições ambientais estáveis ajuda a prevenir o desgaste e a degradação dos materiais.
  2. Armazenamento adequado: Utilização de materiais de armazenamento apropriados, como caixas e pastas livres de ácido, e o manejo correto dos arquivos para evitar estresses físicos e químicos.
  3. Manutenção e Cuidados Regulares: Inspeções periódicas e limpezas para identificar problemas potenciais antes que se tornem graves. Isso também inclui a educação e o treinamento dos funcionários sobre as melhores práticas de manuseio.
  4. Controle de Pestes e Contaminação: Implementação de medidas para prevenir infestações de insetos e ataques de fungos, bem como para evitar a contaminação por produtos químicos ou outros poluentes.

Diferença entre Conservação e Restauro

Embora conservação e restauro estejam inter-relacionados, eles têm enfoques e objetivos distintos:

  • Conservação refere-se a um conjunto de práticas que visam manter e preservar os documentos em seu estado atual, prevenindo danos futuros. É uma abordagem proativa e contínua que busca estabilizar os arquivos e prolongar sua vida útil através de métodos preventivos e cuidados regulares.
  • Restauro, por outro lado, é um processo mais interventivo e corretivo. Envolve a recuperação e a reconstituição de documentos que já foram danificados. O objetivo do restauro é reparar ou reconstruir o estado original do documento, muitas vezes com o uso de técnicas e materiais especializados para restaurar a integridade física e estética dos itens. O restauro é geralmente realizado quando a conservação preventiva não foi suficiente para evitar danos significativos.

SISTEMA DE GESTÃO (Collective Access)

O Collective Access é um sistema de código aberto que tem se destacado como uma ferramenta versátil e robusta para a gestão de coleções culturais em instituições como museus, bibliotecas e arquivos. Desenvolvido a partir de uma colaboração internacional, esse software apresenta uma proposta diferenciada que visa não apenas a catalogação e organização de acervos, mas também a difusão de informações culturais de forma acessível e interativa.

Difusão do Collective Access no Ambiente Cultural

O Collective Access tem sido amplamente adotado por instituições culturais ao redor do mundo devido à sua capacidade de se adaptar às diversas necessidades desses ambientes. Sua estrutura modular e altamente configurável permite que cada instituição personalize o sistema de acordo com as especificidades de suas coleções e práticas de gestão. Essa adaptabilidade é um dos principais fatores que explicam a difusão do Collective Access, pois facilita a integração do software em diferentes contextos institucionais, desde pequenos museus locais até grandes bibliotecas nacionais.

A difusão do Collective Access também é impulsionada pela crescente demanda por soluções tecnológicas que permitam a preservação digital e o acesso remoto a acervos culturais. Nesse contexto, a plataforma se destaca por sua capacidade de gerenciar uma ampla variedade de tipos de coleções, incluindo artefatos físicos, documentos digitais e registros multimídia. Além disso, o software permite a integração com outras ferramentas e plataformas, ampliando as possibilidades de disseminação e uso dos acervos gerenciados.

Diferenciais do Collective Access

O principal diferencial do Collective Access reside em sua flexibilidade. Ao contrário de muitos sistemas proprietários, que impõem um modelo rígido de catalogação e organização, o Collective Access oferece uma estrutura aberta e personalizável. Isso permite que as instituições adaptem o sistema às suas necessidades específicas, sem comprometer a integridade ou a coerência dos dados. Essa flexibilidade é particularmente importante em um campo tão diversificado quanto o das coleções culturais, onde as práticas de catalogação e as necessidades de gestão podem variar significativamente.

Outro aspecto diferencial do Collective Access é seu modelo de código aberto. Esse modelo não só garante a transparência e a sustentabilidade do software, mas também incentiva a participação da comunidade global na sua evolução. Instituições e desenvolvedores de todo o mundo podem contribuir com melhorias, novos módulos e integrações, enriquecendo o ecossistema da plataforma e garantindo que ela permaneça relevante e atualizada diante das constantes mudanças no campo da gestão de coleções.

Além disso, o Collective Access oferece uma ampla gama de funcionalidades avançadas, incluindo a capacidade de gerenciar metadados complexos, visualizar dados em diferentes formatos (como mapas e gráficos), e criar interfaces de usuário personalizadas para o acesso público. Essas funcionalidades não apenas melhoram a eficiência da gestão de coleções, mas também facilitam a difusão do conhecimento cultural, permitindo que instituições compartilhem seus acervos com um público mais amplo e de forma mais engajante.

SETOR DE PESQUISA

O departamento de pesquisa desempenha um papel crucial na dinâmica de qualquer instituição de arquivo, funcionando como a ponte entre o vasto acervo documental e a comunidade acadêmica e pública. Sua função vai além do simples atendimento aos pesquisadores; envolve um compromisso ativo com a revivência e a difusão da memória preservada nos arquivos, traduzindo o patrimônio documental em conhecimento acessível e relevante.

Atendimento aos Pesquisadores

O departamento de pesquisa é o ponto de contato direto entre os usuários e o acervo. Este setor não apenas facilita o acesso físico aos documentos, mas também oferece suporte especializado para a exploração e a interpretação dos materiais. Ao compreender as necessidades e os objetivos de pesquisa dos usuários, os profissionais do departamento auxiliam na localização e na utilização eficiente dos documentos, garantindo que o processo de pesquisa seja o mais produtivo e esclarecedor possível.

Reviver a Memória do Arquivo

A função de reviver a memória do arquivo é um aspecto essencial do trabalho deste departamento. Ao tornar os arquivos acessíveis e compreensíveis, o departamento permite que o valor histórico e cultural dos documentos seja reconhecido e apreciado. Através de exposições, publicações e eventos educativos, o departamento traz à luz histórias e informações que, de outra forma, poderiam permanecer ocultas ou subestimadas. Esse esforço não só preserva a memória institucional e cultural, mas também enriquece o entendimento coletivo sobre períodos históricos e contextos específicos.

Difusão do Acervo

A difusão do acervo é um componente estratégico da missão do departamento de pesquisa. O acesso aos documentos e a promoção do conhecimento gerado a partir deles são fundamentais para garantir que o acervo não permaneça restrito a um público limitado. O departamento utiliza diversas ferramentas e métodos para alcançar um público mais amplo, incluindo a digitalização de documentos e a criação de bancos de dados acessíveis online. Essas iniciativas promovem a visibilidade dos materiais arquivísticos e incentivam a utilização deles por um espectro mais diversificado de pesquisadores e interessados.

Em suma, o departamento de pesquisa não é apenas um facilitador do acesso aos arquivos, mas também um catalisador para a valorização e a disseminação do patrimônio documental. Ao oferecer suporte contínuo aos pesquisadores e ao promover ativamente o conhecimento derivado dos acervos, o departamento cumpre uma função essencial na preservação da memória histórica e na ampliação do impacto do acervo. O sucesso desse departamento, portanto, não se mede apenas pela quantidade de documentos acessados, mas pela profundidade e abrangência do conhecimento que ele ajuda a gerar e a compartilhar. Através de suas atividades, o departamento não só preserva o passado, mas também enriquece o presente e o futuro do saber.

CONCLUSÃO

Em síntese, o Arquivo Bienal, instituído em 1955 por Wanda Svevo e oficialmente tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1993, constitui um pilar fundamental na preservação e sistematização da arte contemporânea e das Bienais de São Paulo. Este acervo não só salvaguarda a memória institucional e cultural da Fundação Bienal, mas também serve como um recurso indispensável para a pesquisa acadêmica e para a compreensão crítica da evolução dos eventos bienais ao longo do século XX. A meticulosa organização dos documentos, abrangendo desde arquivos administrativos e pessoais até registros iconográficos e textuais, permite uma análise aprofundada e um acesso facilitado à informação. Assim, o Arquivo Bienal transcende sua função de preservação, atuando como um valioso instrumento de estudo e reflexão sobre a arte contemporânea e a influência das Bienais no cenário artístico global. A dedicação à conservação e à pesquisa garante que o legado de Wanda Svevo e o impacto das Bienais de São Paulo continuem a enriquecer o conhecimento e a inspirar futuras gerações de estudiosos e profissionais da arte.

REFERÊNCIAS

BIENAL. Um arquivo chamado Wanda. Disponível em: https://bienal.org.br/um-arquivo-chamado-wanda/. Acesso em: 18 ago. 2024.

BIENAL. Arquivo Histórico. Disponível em: https://bienal.org.br/arquivo-historico/. Acesso em: 18 ago. 2024.

CARRETTA, Antonio Paulo. Sistema de gestão de acervos documentais do Arquivo Bienal: Como produzir significado e narrativas de memória com metadados. In: GOETHE-INSTITUT. Abre-te código: Transformação digital e patrimônio cultural. São Paulo: Goethe-Institut, 2020. p. 171-187

MATTOS, Ana Luiza de Oliveira. O arquivo histórico Wanda Svevo e o acesso online às informações de seus acervos: Um patrimônio da Fundação Bienal de São Paulo. In: GOETHE-INSTITUT. Abre-te código: Transformação digital e patrimônio cultural. São Paulo: Goethe-Institut, 2020. p. 119-136