Era filho de Lisímaco, da tribo Antíoco, do demo Alópece.[1] Sua família era extremamente pobre, e suas duas filhas permaneceram um longo tempo solteiras pela sua pobreza,[1] mas existem versões que dizem que a sua família tinha posses.[2]
Aristides era amigo íntimo de Clístenes, e favorecia um regime aristocrático de governo.[3] Segundo Plutarco, citando Ariston de Ceos, a rivalidade de Aristides com Temístocles teve origem porque os dois eram apaixonados pelo mesmo rapaz[4]
Aristides destaca-se pela primeira vez na vida política ateniense durante a batalha de Maratona, em que comandou a tribo Antíoco.[5] Finda a batalha, é eleito arconte para o período de 490 – 489 a.C., como sucessor de Fênipo.[6] De acordo com Demétrio de Falero, citado e contestado por Plutarco, Aristides só se tornou arconte pouco antes de morrer.[6]
Seguindo uma política conservadora, que visava manter Atenas como potência terrestre, Aristides acabou por conflitar-se com a política naval de Temístocles. O conflito entre os dois líderes resultou no ostracismo de Aristides, ocorrido, não se sabe ao certo, em 485 ou 482 a.C.[7]
Em 480 a.C., em vista da anistia para os exilados pós-Maratona, Aristides volta para Atenas e ajuda na defesa da cidade contra os persas e foi eleito estratego.[7]
Na batalha de Salamina, Aristides apoiou lealmente Temístocles e coroou a vitória ateniense aniquilando a guarnição persa da ilha de Psitaleia.[7]
Em 479 a.C., Aristides foi reeleito estratego e investido de poderes extraordinários para comandar o contingente ateniense na batalha de Plateias.[7]
No ano de 478 a.C., comandou a frota de Atenas ao largo de Bizâncio. Quando os aliados jônicos se revoltaram contra o espartano Pausânias, foi-lhe oferecido o comando-geral, com poderes para decidir o montante das contribuições que cada Estado deveria à recém-formada Liga de Delos. As cotas estabelecidas por Aristides foram universalmente aceitas e continuaram a vigorar durante a maior parte da existência da Liga.[7]
Apesar de sua grande influência em Atenas, morreu em pobreza extrema, não deixando nem mesmo o suficiente para custear seu próprio funeral. Seus descendentes, até o século IV a.C. foram mantidos como pensionistas do Estado ateniense.[7]
Antes de morrer, ele havia deixado suas filhas como noivas de gregos eminentes, mas, após sua morte, quando estes viram que ele era extremamente pobre, quebraram o contrato, abandonando as noivas virgens.[8]
Conta-se de Aristides que, quando estava sendo decidido seu ostracismo, numa assembleia popular, dele se acercou um cidadão, pedindo-lhe que escrevesse ‘Aristides’ no óstraco. “Que mal te fez esse homem?”, indagou, atendendo ao pedido. “Nem sequer o conheço, mas meus ouvidos já se cansam de ouvir chamarem-lhe Justo”.[7]
Fontes
Heródoto não é o único autor antigo a avaliar a vida de Aristides. Ele também é o tema de uma das Vidas Paralelas de Plutarco, embora Plutarco, escrevendo durante o Império Romano, tenha sido removido por vários séculos. Aristides é elogiado por Sócrates nos diálogos de Platão Górgias e Meno como um exemplo excepcional de boa liderança.[9][10]
No diálogo de Platão, Teeteto, Sócrates refere-se a Aristides, neto do famoso Aristides, de forma menos positiva, trazendo-o como exemplo de estudante que deixa seus cuidados cedo demais e percebe depois que é um tolo.[11]
↑Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Aristides, 1.2-9; Plutarco apresenta as teorias que sugeriam que Aristide tinha posses para, sem seguida, derrubá-las