Annona cherimola é uma espécie arbórea de pequeno porte (até 7 m de altura) pertencente à famíliaAnnonaceae, originária das regiões andinas do Equador, da Bolívia e do Peru, mas na actualidade cultivada como fruteira nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. O fruto é conhecido por vários nomes, entre os quais chirimoia (do espanholchirimoya, e este do quéchuachiri muya, "semente do frio"),[3]anona,[4]nona[4], tamarinoia[4] ou ainda coração-de-negro (nos Açores), é na verdade, como nas demais anonáceas, um agrupamento sincárpico de frutos. Na América do Sul, onde o fruto é conhecido por chirimoyo, o suco é muito apreciado, sendo comercializado em bares e restaurantes.[5]
Descrição
A anoneira é uma árvore caducifólia de crescimento lento, que adquire na maturidade uma altura de 7 a 8 m, com folhagem exuberante, porte erecto, frequentemente ramificada irregularmente.[6]
O caule é cilíndrico, de ritidoma grosseiro. Apresenta sistema radicular superficial e ramificado, originando dois ou três estratos radiculares localizados a diferentes profundidades, mas sempre pouco profundos.
As folhas, com pecíolos de 6–12 mm de comprimento, são simples, inteiras, muito finas, de filotaxia alterna e forma ovalada ou ovada-lanceolada com o dorso tomentoso e acinzentado. As gemas são compostas e podem originar rebentos mistos (vegetativos e florais).
As flores são muito aromáticas, embora pouco chamativas, apresentando seis pétalas amarelentas, jaspeadas de púrpura. São hermafroditas, solitárias ou em ramalhetes de duas ou três, sobre um curto e inclinado pedúnculo inserto nas axilas das folhas. O cálice consta de 3 sépalas de coloração verde escura, pequenas (2–4 mm) e de forma triangular. A corola é formada por seis pétalas dispostas em dois verticilos. As três pétalas exteriores são desenvolvidas e ligeiramente carnudas, com 2,5 a 4 cm de comprimento, com a parte superior aguçada ou triangular. As três pétalas internas são rudimentares, em forma de escama, ovaladas ou triangulares, por vezes ausentes.[6]
A parte masculina da flor consta de numerosos estames (150-200), dispostos helicoidalmente num denso arranjo sobre um receptáculo, formando uma massa branca compacta comprimida pelas pétalas. A parte feminina apresenta também elevado número de carpelos (de 100 a 200), cada um com apenas um óvulo, dispostos em espiral, formando um cone compacto em cujos extremos se encontram os estilos e estigmas.[6]
Quando fecundados, os óvulos desenvolvem-se num fruto composto, sincárpico, como consequência da fusão dos carpelos em torno de um receptáculo carnudo, de forma alongada e cónica. Quando a polinização é inadequada, e apenas são fecundados alguns óvulos de maneira irregular, os frutos que se formam são assimétricos e disformes.
A pele dos frutos é fina e delicada, com a superfície do fruto com marcas em forma de U que correspondem à zona de união dos carpelos, podendo ser lisa ou com pequenas protuberâncias. O peso do fruto pode oscilar entre 200 e 800 g. A coloração do fruto varia segundo a variedade, podendo ir de verde claro a verde escuro ou violáceo quando maduro. A polpa é branca, cremosa e moderadamente suculenta, com numerosas sementes, com 1 cm de comprimento e coloração que varia desde o castanho muito escuro ao negro, adquirindo cor de chocolate após umas poucas horas de exposição ao ar e à luz. As sementes são obovoidas, ligeiramente aplanadas, de superfície brilhante, com pequenas protuberâncias e com uma estria equatorial periférica mais ou menos contínuo, apenas interrompida no ápice. O ápice é obliquamente truncado ao nível do hilo.[6]
O endosperma é de textura ruminada, envolto num tegumento fibroso intimamente ligado ao endosperma e ao endocarpo, penetrando nas profundas fissuras e irregularidades (ruminações laminiformes) existentes na sua superfície.[6]
Origem
A espécie é considerada originária do norte do Peru[7][8][9][10][11] em áreas compreendidas entre os 1 500 e 2 200 m acima do nível médio do mar, região onde é cultivada pelo menos desde o ano 200 d.C.,[12] e do sul do Equador, na província de Loja no chamado Vale Sagrado de Vilcabamba e nas localidades de Cariamanga, Gonzanamá e Amaluza.[13]
Ao norte da latitude 6° 40' de latitude sul no Peru, as cherimoias em estado silvestre crescem em uma faixa de altitude que vai de 1 000 a 2 000 m na vertente do Pacífico e que varia de 1 500 a 2 500 m nos vales interandinos. As cherimoias não prosperam nas vertentes orientais dos Andes, por que a chuva ocorre em todas as estações do ano, impedindo a detenção do crescimento e a iniciação floral. No Distrito de Assunção (Cajamarca), observaram-se cherimoias em locais de precipitação média anual inferior a 668 mm, em vales cujos solos profundos permitem que as raízes das plantas busquem as águas subterrâneas.[14]
Devido a falta de estudos complementares não permite descartar que o centro de diversidade também se estenda à América Central e ao México, considerados como um centro de origem secundário.[17]
Encontram-se variedade aparentemente nativas desde o México até ao Chile, percorrendo toda a porção ocidental da América Central e do Sul, mas não ocorre no Brasil. No Brasil é uma espécie introduzida, mas seu cultivo em anos recentes tem ganhado relevância em resultado da popularidade crescente do fruto no país, sobretudo para uso em sucos e coquetéis.
A etimologia do epíteto específicocherimola assenta nos vocábulos da língua quechuachiri, "frio", e muya, "horto", aparentemente porque germina a elevadas altitudes com temperaturas baixas. A palavra em quechua é grafada como chirimuya.[20]
Está descrito um hibrido entre A. cherimola e A. squamosa, conhecido pelo nome comum de atemoya, produzido na Flórida por Pj. Westery E. Simmonds, presentemente objeto de cultivo comercial tanto na Flórida como na Austrália e Israel.
Requerimentos edafoclimáticos
No sul do Equador, na Província de Loja, as cherimoias nativas ocorrem em áreas de temperaturas médias anuais, de 18 a 20 °C, temperaturas mínimas medias variando de 10 a 12 °C e temperaturas médias máximas variando de 26,5 a 30 °C. A precipitação anual varia entre 800 - 1.000 mm (concentrada em 8 meses do ano). Os valores de umidade são elevados e variam entre 75 e 85%. Os solos nas quais elas são encontradas têm alto teor de areia e são ligeiramente ácidos com pH entre 5 e 6,5 [13]
Características climáticas e classes de aptidão para o cultivo de cherimoia
↑LTDA-EPP, Lexikon Editora Digital. «Significado de chirimoia». auleteuol.w20.com.br. Consultado em 22 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2016
↑ abc«anona». infopédia. Consultado em 9 de junho de 2016
↑Popenoe H, King SR, León J, Kalinowski LS, Vietmeyer ND, et al. (1989) Cherimoya. Lost crops of the Incas: Little-known plants of the Andes with promise for worldwide cultivation. pp. 228–239. National Academy Press, Washington, D.C.
↑Popenoe W (1921) The native home of the cherimoya. Journal of Heredity 12: 331–336
↑Guzman VL (1951) Informe del viaje de exploración sobre la cherimoya y otros frutales tropicales. 25 p. Ministerio de Agricultura, Centro Nacional de Investigación y Experimentación Agrícola La Molina, Lima, Peru.
↑Bonavia D, Ochoa CM, Tovar SO, Palomino RC (2004) Archaeological evidence of cherimoya (Annona cherimolia Mill.) and guanabana (Annona muricata L.) in ancient Peru. Economic Botany 58: 509–522. doi: 10.1663/0013-0001(2004)058[0509:aeocac]2.0.co;2.
↑ abHermoso González, J.M.; Pérez de Oteyza, M.A.; Ruiz Nieto, A.; Farré Massip, J.M. (1999). El banco español de germoplasma de chirimoya (Annona cherimola Mill.). Leuven, Belgium: International Society for Horticultural Science. p. 214
↑Bydekerke, L.; Van Rast, E.; Van Damme, P.; Scheldeman, X. (1999). «Estudio edafoclimatológico de chirimoya (Annona cherimola Mill.) en la provincia de Loja, sur del Ecuador.». In: Van Damme, Veerle. Proceedings of the First International Symposium on Cherimoya. Acta Horticulturae nº 497 (em espanhol). Leuven, Bélgica: International Society for Horticultural Science. pp. 81–90. ISBN90 6605 961 3