Anderson Cotrim da Cunha (Bom Jesus da Lapa, 28 de agosto de 1972) é um músico, produtor cultural e compositor brasileiro, membro da banda Sertanília e autor, entre outras, da canção "Festa", sucesso na voz da cantora Ivete Sangalo.[1] Já em 2003 o jornal O Estado de S. Paulo registrava: "Na Bahia não há cantor que não conheça Anderson Cunha".[2]
"Festa" foi escolhida pela Billboard Brasil como tendo "o melhor refrão do século" e, para Sangalo, foi "um divisor de águas de sua carreira"; segundo o produtor Rick Bonadio, que participou da escolha, "O Brasil canta e em qualquer festa ou comemoração vai sempre rolar a festa".[3]
Biografia
Seus pais eram funcionários públicos.[2] Primo do baterista Robinson Cunha, o talento musical manifestou-se desde bem novo, quando pediu aos pais um violão que aprendeu a tocar sozinho; já aos oito anos de idade se apresentou num programa de auditório, cantando "Pavão Misterioso"; passou a infância entre as cidades de Caetité e Guanambi, até se mudar para Salvador com doze anos de idade e onde mais tarde, através do primo, sua composição "Setembro" foi apresentada ao grupo Ara Ketu, que a gravou.[1] Como músico, atuou inicialmente em banda de axé, passando a viver da exclusivamente da profissão.[2]
Depois desse primeiro sucesso teve suas composições gravadas por artistas e conjuntos como Netinho, Ricardo Chaves, Cheiro de Amor, Asa de Águia, Alexandre Peixe e Jeremias;[1] mas foi enorme repercussão de "Festa", transformado em hino da Seleção Brasileira de Futebol durante a Copa do Mundo da Coreia e Japão, onde foi campeã, que alçou a cantora Ivete Sangalo ao topo das paradas,[4] e Cunha ganhou reconhecimento; em 2003 tinha um total de mais de trezentas canções compostas, das quais apenas vinte e cinco haviam sido gravadas; apesar disto, o sucesso de "Festa" lhe rendeu direitos autorais e ainda a venda do hit como jingle para uma rede de supermercados; “as gravadoras vão pelo que julgam que será mania de verão” – afirmou, na época – “Isso é negativo. Os artistas deixam de cantar muito material de qualidade que os compositores fazem e escolhem aquilo que pensam que as gravadoras irão gostar”, concluiu.[2]
Em 2005 idealizou em Guanambi, junto ao artista Gegê Bakana, o projeto "Aldeia dos Artistas", com a realização de noite de shows de artistas locais para a arrecadação em favor de instituições assistenciais.[5] Em Caetité Cunha incentivou no ano de 2010 o registro da folia de Reis, que resultou no documentário longa-metragem Tudo tem um tempo, lançado inicialmente no dia 12 de janeiro de 2018 na Casa Anísio Teixeira daquela cidade, e no livro Reiseiros.[6]
No grupo Sertanília as composições de Cunha são, entretanto, trabalhadas por todo o grupo: "O processo é muito natural, eu começo a compor, a maioria das músicas parte de mim. Eu levo as músicas, a gente desenvolve no estúdio, cada um vai dando opinião e vamos fazendo. A parte da composição da elaboração gira em torno de mim", como declarou o compositor.[7]
Crítica musical
Para o maestro Tom Tavares (músico e pesquisador da Universidade Federal da Bahia), a composição "Festa" apresenta características de dois grandes sucessos mundiais: "A sequência harmônica de 'Festa' é exatamente a mesma de 'Twist and Shout'. Essa não é uma música dos Beatles, mas eles que a popularizaram quando lançaram no disco Please Please Me (o primeiro deles, 1963). 'Vai Rolar a Festa' consegue reproduzir essa mesma sequência harmônica. É um plágio? Claro que não. Mas é uma inspiração direta, sem dúvidas" e ainda “A música Festa também tem, em um de seus trechos, uma sequência harmônica de 'La Bamba', grande sucesso do fim dos anos 1950. É também uma outra grande inspiração de Anderson Cunha”.[8]
Com base na análise de Tavares, o jornalista André Uzêda alçou sua composição à condição de "mais importante música baiana feita na história do Carnaval", em 35 anos de axé e de 70 anos do trio elétrico; saindo dos elementos da composição, ele afirma que "debruçando sobre a letra, podemos perceber como 'Festa' é uma saudação à história do Carnaval de Salvador, embora, por genialidade do compositor, em nenhum momento deixe isso tão explícito", e que "Anderson Cunha sabia exatamente o que estava fazendo quando escreveu a letra. Ele já tinha pego a melodia dos Beatles e usado como base para sua nova composição. Daí em diante, mostrou enorme conhecimento da história do Carnaval da Bahia".[8]
Referências
Ver também