As origens de Anadia remontam ao período romano[8]. Registos históricos datados de por volta de 943, indicam Anadia como confinante com a Villa agrária de Arcos.[9]
Já no final do seu reinado, em 1180, D. Afonso Henriques doou três casais de Anadia ao nobre Nuno Guterres[10].
Mais tarde, por volta do século XIII, os mesmos casais foram doados ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.[8] As propriedades e casais afetos ao território que hoje corresponde a Anadia passarão, nos séculos seguintes, de mão em mão, constituindo objeto de diversas doações régias.[8]
Em 1466, D. Afonso V doou a Pedro de Albuquerque outros casais de Anadia, incluídos no então chamado «Julgado de Sangalhos».[8]
O concelho recebeu foral de couto de D. Manuel I, em 21 de agosto de 1514, sendo que, nessa altura, o concelho apenas compreendia a povoação de Anadia, uma parte da paróquia de Arcos e as suas cercanias, cingindo-se à parte agrária em torno da Vila.[8][12] Em todo o caso, este foral de couto concedido por D. Manuel I teve por base um foral mais antigo, outorgado originalmente pelo Cabido do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra aos então moradores de Anadia, em 16 de março de 1371.[12]
No advento do século XIX, por força do decreto de 28 de abril de 1833, a área administrativa de Anadia, incluindo o povoado da freguesia de Arcos, passou a pertencer ao Concelho de Avelãs de Cima, sob a alçada jurisdicional da Provedoria e da Diocese de Aveiro.[12] Destarte, a vila de Anadia, assumiu o papel de Julgado, sob a alçada da Comarca de Aveiro.[12]
Poucos anos mais tarde, em 6 de novembro de 1836, foi decretada por Passos Manuel a criação do Concelho de Anadia, tendo àquele ficado a pertencer as freguesias de Arcos, Moita, Mogofores, Avelãs de Caminho e Avelãs de Cima.[12]
A vila de Anadia foi elevada à categoria de cidade em 9 de dezembro de 2004.[13]
Toponímia
De acordo com o linguista José Pedro Machado, o topónimo «Anadia» provém do étimo latino aqua nativa, que significa «fonte natural».[14] Existe documentação histórica de 1082 que se refere à localidade sob o nome illa Nadia, que José Pedro Machado reputa como um estado evolutivo intermédio entre o étimo aqua nativa e a denominação hodierna «Anadia».[14]
No século XIX, por erro historiográfico, atribuiu-se a possível origem do nome «Anadia» a uma corruptela de «Anadaria»[15], isto é, a posição de anadel[16], o antigo nome dos capitães dos esquadrões medievais de besteiros.[14]
Na carta de couto de Aguim, datada de 1140, consta a primeira abonação escrita conhecida da grafia definitiva e atual «Anadia».[9]
Freguesias
O município de Anadia está dividido em 10 freguesias:
(Obs: De 1900 a 1950, os dados referem-se à população presente no município à data em que eles se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Clima
Anadia possui um clima mediterrânico do tipo Csb, ou seja, com verões amenos. Dias com mais de 30 °C acontecem com alguma frequência, chegando a cerca de 30 por ano em média, mas os verões são secos e as noites podem ser frescas. Os invernos são amenos e chuvosos, sendo que dias abaixo de 0 °C ocorrem mais raramente, cerca de 15 por ano. As primaveras e os outonos também se caracterizam por serem, em geral, chuvosos.
Situado na Região Demarcada dos Vinhos da Bairrada, o município de Anadia está muito ligado à produção de vinho, possuindo a Estação Vitivinícola da Bairrada e o Museu do Vinho.
Infraestruturas
Anadia dispõe de um vasto conjunto de equipamentos sociais, sobretudo na área desportiva, onde se destaca o complexo desportivo de Anadia e Velódromo Nacional — Centro de Alto Rendimento de Sangalhos. O complexo desportivo de Anadia é composto por piscinas, 3 courts de ténis, campo sintético de futebol de 7, campo sintético de futebol de 11, e um multi-desportivo onde já se realizou a final da taça de Portugal de basquetebol. Dispõe, também, de uma biblioteca e Cine-Teatro.
Presidentes da Câmara Municipal de Anadia
Manuel Joaquim Pires, 1935–1937, Presidente de Comissão Administrativa.
Luciano Correia, 1937–1937.
Luciano Correia, 1937–1949.
Manuel de Oliveira Silvestre, 1949–1951.
Arnaldo da Conceição Quina Domingues, 1952–1953.
Joaquim José Bento Lopes, 1953–1963.
Adelino Ferreira da Silva, 1963–1974.
José Rodrigues Pereira Rosmaninho, 1974–1976, Presidente de Comissão Administrativa.
Sílvio Henriques Cerveira, 1976–1997.
Litério Augusto Marques, 1997–2013.
Maria Teresa Belém Correia Cardoso, 2013–presente.
Rui Pereira de Miranda, século XV, alegado filho de D. João III. Senhor de Ílhavo, Verdemilho, Carvalhais, Ferreiros e Avelãs de Cima, casou com D. Catarina de Ataíde, a Natércia do poeta Luís Vaz de Camões.
Francisco Pereira de Miranda, século XV, filho de Rui Pereira de Miranda, Embaixador em Roma, e militar na batalha de Alcácer Quibir, onde ficou cativo. Viveu na Casa da Graciosa (primitiva). Jaz sepultado na Igreja da Moita.
Padre Sebastião Pereira de Miranda, século XVI, nasceu em Avelãs de Cima. Foi Capelão da Casa Real, e depois Pároco de Avelãs de Cima até 1742. Promoveu um grande restauro da Igreja de São Pedro, em Avelãs de Cima.
Frei Lourenço de Santa Maria nasceu em 1704 na Casa da Graciosa (primitiva). Formou-se em Coimbra, entrou no Seminário Francisco do Varatojo e foi grande pregador. Foi nomeado Arcebispo de Goa e Primaz do Oriente por D. João V. Mais tarde, tornou-se Arcebispo Bispo do Algarve. Foi um grande opositor à política regalista do Marquês de Pombal.
João Rodrigues de Sá e Melo nasceu em Aveiro a 11 de novembro de 1755, e faleceu no Rio de Janeiro em 30 de dezembro de 1809. Foi Diplomata, Secretário de Estado e Secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos. Proprietário em Anadia, recebeu o título de 1º Visconde de Anadia e 1° Conde de Anadia.
António Xavier Machado e Cerveira nasceu em Tamengos em 1 de setembro de 1756, e faleceu em Caxias em 14 de setembro de 1828. Foi um famoso construtor de órgãos de tubos, sendo considerado um dos mais notáveis organeiros portugueses do período Barroco.
António Luís de Seabra, 1.° Visconde de Seabra, nasceu num barco a caminho do Brasil em 2 de dezembro de 1798, e faleceu em Anadia a 19 de janeiro de 1895. Foi Jurisconsulto e Magistrado Judicial, Ministro de Estado, Deputado, Par do Reino e Autor do 1º Código Civil.
António Feliciano de Castilho, 1.º Visconde de Castilho, nasceu em Lisboa em 28 de janeiro de 1800, e faleceu em Lisboa em 18 de junho de 1875. Escritor romântico, polemista e pedagogo, e inventor do Método Castilho de leitura. A sua família paterna era de Aguim, onde esteve inúmeras vezes.
Alexandre Ferreira de Seabra nasceu em Anadia em 12 de março de 1818, e faleceu em Anadia em 1891. Foi Jurisconsulto e Advogado, Presidente da Câmara Municipal de Anadia e autor do primeiro Código de Processo Civil que vigorou em Portugal.
José Luciano de Castro Pereira Corte-Real nasceu em Oliveirinha, Aveiro, em 14 de dezembro de 1834, e faleceu em Anadia em 9 de março de 1914. Foi advogado, jornalista e político fundador do Partido Progressista, ao qual presidiu a partir 1885. Deputado, Ministro e Presidente do Conselho de Ministros em diversas ocasiões, Par do Reino e Conselheiro de Estado.
Mário Ferreira Duarte nasceu em Anadia em 7 de abril de 1869, e faleceu em 9 de dezembro de 1939. Desportista de várias modalidades, alcançou numerosas e honrosas classificações em provas de natação, remo, hipismo, tiro, ciclismo, ténis, entre outras modalidades.
Fausto Sampaio nasceu em Alféloas em 4 de abril de 1893, e faleceu em 1956. Pintor impressionista e paisagista português.
Mário de Faria e Melo Ferreira Duarte, conhecido como Mário Duarte, nasceu em Esgueira em 25 de dezembro de 1900, e faleceu em Lisboa em 24 de maio de 1982. Diplomata de carreira e futebolista famoso, Sócio Fundador do Clube de Futebol Os Belenenses, foi um dos promotores da introdução do futebol em Portugal.
Afonso Rodrigues Queiró nasceu em Tamengos em 9 de julho de 1914, e faleceu em Coimbra em 25 de dezembro de 1995. Professor Universitário, Advogado, Publicista, Político, Jurisconsulto.
Manuel Rodrigues Lapa nasceu em Anadia em 22 de abril de 1897, e faleceu em 28 de março de 1989. Filólogo, Professor Catedrático da Universidade de Lisboa.
Manuel Ribeiro nasceu em 15 de dezembro de 1879, e faleceu em Anadia a 21 de março de 1936. Soldado do Exército nas campanhas do Bailundo, recebeu o Grau de Cavaleiro da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito.
Abel de Matos Abreu nasceu na Pala, em Mortágua, em 4 de junho de 1849, e faleceu em Lisboa em 29 de outubro de 1931. Magistrado judicial, foi colocado em Anadia, onde casou e viveu. Foi deputado às Cortes, Governador Civil do Distrito de Viseu e Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.
Augusto Cancela de Abreu nasceu em Arcos em 14 de agosto de 1895, e faleceu em Lisboa em 6 de abril de 1965. Foi Ministro das Obras Públicas e Comunicações (1944 a 1947), Ministro do Interior (1947 a 1950) e presidente da Comissão Executiva da União Nacional (1957 a 1961).
Alexandre de Almeida nasceu na Lameira de S. Pedro, Luso, em 5 de janeiro de 1885, e faleceu em 21 de julho de 1972. Grande empreendedor e empresário da indústria hoteleira, a quem se deve a criação do Palace Hotel da Curia.
D. Manuel de Almeida Trindade nasceu em Monsanto em 1 de abril de 1918, e faleceu em Coimbra em 5 de agosto de 2008. Muito novo veio com os pais viver para Famalicão, Anadia. Foi Bispo de Aveiro.
José Albano Cid Ferreira Tavares (José Cid) nasceu na Chamusca em 4 de fevereiro de 1942. Cantor, compositor, músico instrumentista e produtor musical português. Vive em Mogofores, terra da sua família paterna.
Manuel Firmino da Costa nasceu na freguesia de Sangalhos em 1887, e morreu no concelho de Odemira, em 1929. Foi médico municipal em Odemira, tendo-se destacado pelos seus esforços pelo desenvolvimento social e económico no concelho, e pela promoção dos ideais republicanos na região do Alentejo.[24]
↑INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia»(XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_CENTRO". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013