Ana Luísa Amaral
Ana Luísa Amaral (Lisboa, 5 de abril de 1956 – Porto, 5 de agosto de 2022) foi uma poetisa portuguesa, tradutora e professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Biografia
Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa no dia 5 de Abril de 1956 e vivia, desde os nove anos, em Leça da Palmeira. Tinha um doutoramento sobre a poesia de Emily Dickinson e as suas áreas de investigação eram Poéticas Comparadas, Estudos Feministas e Estudos Queer.[1] Era Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde integrava também a direcção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa.[2] Tinha publicações académicas várias em Portugal e no estrangeiro.
Foi autora, com Ana Gabriela Macedo, do Dicionário de Crítica Feminista (Porto: Afrontamento, 2005) e preparou a edição anotada de Novas Cartas Portuguesas (1972), de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (Lisboa: Dom Quixote, 2010).[3][4][5]
Organizou, com Marinela Freitas, os livros Novas Cartas Portuguesas 40 Anos Depois (Dom Quixote, 2014) e New Portuguese Letters to the World (Peter Lang, 2015). Coordenou o projecto internacional financiado pela FCT Novas Cartas Portuguesas 40 anos depois, que envolveu 13 equipas internacionais e mais de 15 países.[6]
Tinha feito leituras dos seus poemas em vários países, como Brasil, França, Estados Unidos da América, Alemanha, Irlanda, Espanha, Rússia, Roménia, Polónia, Suécia, Holanda, China, México, Itália, Colômbia e Argentina.
Em torno dos seus livros de poesia e infantis foram levados à cena espectáculos de teatro e leituras encenadas (como O olhar diagonal das coisas, A história da Aranha Leopoldina, Próspero morreu ou Amor aos Pedaços).
Obteve diversas distinções, como a Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Matosinhos e a Medalha de Ouro da Câmara Municipal do Porto, por serviços à Literatura, ou a Medaille de la Ville de Paris, e diversos prémios, entre os quais o Prémio Literário Correntes d’Escritas, o Premio di Poesia Giuseppe Acerbi, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio António Gedeão, o Prémio Internazionale Fondazione Roma, Ritratti di Poesia, o Prémio PEN, de Ficção, o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa de Críticos Literários, o Prémio Literário Guerra Juntqueiro, o Prémio Leteo (Espanha), o Prémio de Melhor Livro do Ano dos Livreiros de Madrid, o Prémio Vergílio Ferreira, o Prémio Literário Francisco Sá de Miranda, ou o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana.
Os seus livros de poesia estão editados em vários países como Estados Unidos da América, França, Brasil, Suécia, Holanda, Venezuela, Itália, Colômbia, México, Reino Unido e na Alemanha.
Em 2021, saiu no Reino Unido um livro de ensaios sobre a sua obra, pela Peter Lang Publishing, com o título The Most Perfect Excess: The Works of Ana Luísa Amaral (org. Claire Williams).
Tinha um programa de rádio, com Luís Caetano, na Antena 2, chamado O Som que os Versos Fazem ao Abrir.[7]
A 1 de abril de 2022, foi agraciada com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[8] As insígnias foram apenas entregues a 6 de agosto de 2022, a título póstumo, à filha de Ana Luísa Amaral.[9]
Morreu em 5 de agosto de 2022, aos 66 anos.[10]
Obras
Foi autora dos livros:[1][11][12]
Livros de poesia
- Minha senhora de quê, Fora do Texto, 1990; reed., Quetzal, 1999
- Coisas de partir, Fora do Texto, 1993; reed., Gótica, 2001
- Epopeias, Fora do Texto, 1994
- E muitos os caminhos, Poetas de Letras, 1995
- Às vezes o paraíso, Quetzal, 1998; reed. 2000.
- Imagens, Campo das Letras, 2000
- Imagias, Gótica, 2002
- A arte de ser tigre, Gótica, 2003
- Poesia Reunida 1990-2005, Quasi, 2005
- A génese do amor, Campo das Letras, 2005; 2ª edição, 2006
- Entre dois rios e outras noites, Campo das Letras, 2008
- Se fosse um intervalo, Dom Quixote, 2009
- Inversos, Poesia 1990-2010, Dom Quixote, 2010
- Vozes, Dom Quixote, 2011; 2ª edição, 2012; 3ª edição, 2015
- Escuro, Assírio & Alvim, 2014
- E Todavia, Assírio & Alvim, 2015
- What's in a name, Assírio & Alvim, 2017
- Ágora, Assírio & Alvim, 2019
- Mundo, Assírio & Alvim, 2021 (no prelo)
Ensaio
Teatro
- Próspero Morreu (poema em acto), Caminho, 2011
Ficção
- Ara, Sextante, 2013; 2ª edição, 2014
Literatura Infantil
- Gaspar, o Dedo Diferente e Outras Histórias, (ilust. Elsa Navarro), Campo das Letras, 1999
- A História da Aranha Leopoldina, (ilust. Elsa Navarro), Campo das Letras, 2000
- A Relíquia, a partir do romance de Eça de Queirós, Quasi, 2008
- Auto de Mofina Mendes, a partir da peça de Gil Vicente, (ilust. Helena Simas), Quasi, 2008
- A História da Aranha Leopoldina, (ilust. Raquel Pinheiro), Civilização, Porto, 2010 (ed. revista e aumentada, com CD. Música de Clara Ghimel, arranjos de Nuno Aragão, Cantado por Rosa Quiroga, Nuno Aragão e Sissa Afonso)
- Gaspar, o Dedo Diferente, (ilust. Abigail Ascenso), Civilização, 2011 (ed. revista)
- A Tempestade, (ilust. Marta Madureira), Quidnovi 2011 - Plano Nacional de Leitura
- Como Tu, (ilust. Elsa Navarro), Quidnovi, 2012 (música de António Pinho Vargas, piano por Álvaro Teixeira Lopes, vozes de Pedro Lamares, Rute Pimenta e Ana Luísa Amaral - Plano Nacional de Leitura
- Lengalenga de Lena, a Hiena, (ilust. Jaime Ferraz), Zero a Oito, 2019
- A História da Aranha Leopoldina, (ilust. Jaime Ferraz), Zero a Oito, 2019
- Gaspar, o Dedo Diferente, (ilust. Chico Bolila), Zero a Oito, 2019
- Como Tu, (ilust. Alberto Faria), Zero a Oito, 2020
- Xanana Gusmão, Mar Meu/My Sea of Timor, co-trad. Kristy Sword (Granito, 1998)
- Eunice de Souza, Poemas Escolhidos (Cotovia, 2001)
- John Updike, Ponto Último e Outros Poemas (Civilização, 2009)
- Emily Dickinson, Cem Poemas (Relógio D'Água, 2010)
- Emily Dickinson, Duzentos Poemas (Relógio d’Água, 2015)
- Patricia Highsmith, Carol (Relógio d'Água, 2015)
- William Shakespeare, 31 Sonetos (Relógio d'Água, 2015)
- Mário de Sá-Carneiro, Seven Songs of Decline and Other Poems, co-trad. Margaret Jull Costa, ed. Ricardo Vasconcelos (Francis Boutle Publishers, 2020)
- Louise Glück, A Íris Selvagem (Relógio d'Água, 2020)
- Arnold Wesker, Primavera Selvagem (Edições Humus, 2020)
- Louise Glück, Vita Nova (Relógio d'Água, 2021)
- Emily Dickinson, Herbarium (Relógio d'Água, no prelo)
- Margaret Atwood, Políticas de Poder (Relógio d'Água, no prelo)
Livros de Ana Luísa Amaral traduzidos no estrangeiro
Estados Unidos da América
Alemanha
- Was ist ein Name, trad. Michael Kegler & Piero Salabe, Hanser Verlag, Munchen, 2021
Brasil
- A gênese do amor, Gryphus, Rio de Janeiro, 2008
- Vozes, Iluminuras, São Paulo, 2013
- Escuro, Iluminuras, São Paulo, 2015
- Ara, Iluminuras, São Paulo, 2016
- Luzes, Iluminuras, São Paulo, 2021 (no prelo)
Colômbia
- Entre otras noches, Antologia Poética, trad. Lauren Mendinueta, Taller de Edición-Rocca, Bogotá, 2013
- Como Tu, trad. Lauren Mendinueta, Taller de Edición-Rocca, Bogotá, 2014
- Qué Hay en un Nombre, trad. Pedro Rapoula, Puro Pássaro, Bogotá, 2020
Eslovénia
- What’s in a Name, trad. Barbara Juršič, Beletrina, Lubiana, 2021 (no prelo).
Espanha
- Oscuro, trad. Luis Maria Marino, Olifante, Aragon, 2015
- What's in a Name, trad. Paula Abramo, Sexto Piso, Madrid, 2020
- Mundo, trad. Paula Abramo, Sexto Piso, Madrid, 2021 (no prelo)
França
- Images, trad. Catherine Dumas, Vallongues Éditions, 2000
- Comme Toi, trad. Catherine Dumas, Editions Theatrales, Paris, 2013
- L’Art d’être tigre, trad. Catherine Dumas, Phare du Cousseixo, Paris, 2015
Holanda
- Wachten op Odysseus: Gedichten 1990-2011, trad. Arie Pos, uitgeverij IJZER, Utrecht, 2011
Itália
- Poesie, trad. Livia Apa, Poesie, XVª Edizione – Portogallo, Lisbona, Instituto Camões, 2008
- La Genesi dell’Amore, trad. Piero Ceccucci, Fiorenza mia…!:, Florença, Firenze University Press, 2009
- La Scala di Giacobbe: Poesia di Ana Luísa Amaral, trad. Livia Apa, Manni Editori, Milão, 2010
- Voci, trad. Chiara diLucca, Kolibris Edizioni, Ferrara, 2018
- What's in a Name e altri versi, trad. Livia Apa, Crocetti Editore, Milano, 2019
México
- Oscuro, Universidad Autónoma de Nuevo Léon, Monterrey, trad. Blanca Luz Pulido, 2017
Reino Unido
- The Art of Being a Tiger, Oxbow Press, Oxford, trad. Margaret Jull Costa, intr. Paulo de Medeiros, 2016
Suécia
- Mellan tva floder och andra natter, trad. Ulla Gabrielson, Diadorim, Gotemburgo, 2009
- Mitt Klärobskyra, En Antologi Poesi av Ana Luísa Amaral, trad. Ulla Gabrielson, Diadorim, Gotemburgo, 2021 (no prelo)
Venezuela
- Ana Luisa Amaral, Antología Poética, trad. Nidia Hernandez, Monte Ávila Editores, Caracas, 2012
Hong Kong
- Nude: a Study in Poignancy, The Chinese University of Hong Kong Press, Hong Kong, 2019
Prémios
- Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d’Escritas, com o livro A génese do amor (2007) [13]
- Prémio de Poesia Giuseppe Acerbi, Mantua, Itália, com o livro A génese do amor (2008)[14]
- Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, com o livro Entre Dois Rios e Outras Noites (2008)[15]
- Prémio Rómulo de Carvalho/António Gedeão, 1ª edição, com o livro Vozes (2012)[16]
- Prémio PEN de Narrativa da Associação Portuguesa de Escritores, com o romance Ara (2014)[17]
- Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal de Matosinhos (2015)[18]
- Medalha de Mérito - Grau Ouro da Câmara Municipal do Porto (2016)[19]
- Premio Internazionale Fondazione Roma: Ritratti di Poesia (2018)[20]
- Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa de Críticos Literários (2018), com o livro Arder a palavra e outros incêndios (2018)[21]
- Prémio Literário Guerra Junqueiro (2020)[22]
- Prémio Livro do Ano de Poesia do Grémio de Librerias de Madrid, com o livro What's in a Name (2020)[23]
- Prémio Leteo (2020) [24]
- Prémio Literário Francisco Sá de Miranda, com o livro Ágora (2021)[25]
- Prémio Virgílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora (2021)[26]
- XXX Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana (2021).[27][28][29]
- Prémio Literário Francisco de Sá de Miranda (2021) atribuído pela Câmara Municipal de Amares (Centro de Estudos Mirandinos da Biblioteca Municipal de Amares).[30]
- A Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega nomeou Ana Luísa Amaral como Escritora Galega Universal (2022).[31]
- Considerada "A Figura Eminente da Universidade do Porto" no ano lectivo 2022/2023.[32]
Nomeações
- Finalista do Prémio Portugal Telecom, com o livro A génese do amor (2009)
- Proposta para o Prémio Reina Sofia (2013)
- Finalista do Prémio Portugal Telecom, com o livro Vozes (2014)[33]
- Finalista do Prémio Literário Casino da Povoa/Correntes d'Escritas, com o livro Ágora (2021)[34]
- Nomeada para o prémio literário em línguas românicas da Feira Internacional do Livro de Guadalajara (2021)[35]
Referências
Ligações externas
|
|