Amade ibne Caigalague (Ahmad ibn Kaigalag) foi um oficial militar do Califado Abássida de origem turca que serviu como governador na Síria e Egito. Aparece em 904, quando participou duma expedição bem-sucedida contra os carmatas. Em 904-905, após a reconquista abássida da Síria e Egito dos tulúnidas, Amade foi nomeado como governador de Damasco e Jordão e logo teve de enfrentar uma rebelião mal-sucedida pró-tulúnida liderada por Maomé ibne Ali. Em 906, liderou ao lado do comandante de TarsoRustã ibne Baradu o raide anual contra o Império Bizantino, conseguindo milhares de cativos e muitos animais como butim.
Amade desaparece das fontes até os anos 920, quando é nomeado governador do Egito em 923, mas foi substituído no ano seguinte por Taquim, o Cazar devido à revolta da guarnição do país. Desaparece das fontes até 933, quando é renomeado ao posto de governador devido a morte de Taquim. Nesta posição, foi ordenado que exigisse a rendição de Maomé ibne Tugueje(r. 935–946), que fora deposto do governo de Damasco e recusava-se a acatar as ordens califais. Um acordo foi alcançado entre Amade e Maomé, porém, aproveitando-se da turbulência no Egito e de sua renomeação para o posto de governador do país, o último conseguiu depor Amade através de uma invasão terrestre e naval. Ele fugiu para os fatímidas e não foi mais mencionado, exceto brevemente em 936.
Vida
Em 904, Amade participou na batalha vitoriosa contra os carmatas ao lado de seu irmão Ibraim, sob o comando de Maomé ibne Solimão,[1] pelo que os dois irmãos, bem como outros oficiais do exército, receberam roupões de honra do califaAlmoctafi(r. 902–908) em 22 de maio.[2] Após os abássidas recuperarem a Síria e Egito dos tulúnidas em 904-905, Amade foi nomeado governador das províncias de Junde de Damasco Damasco e Jordão.[3][4] Logo, contudo, Amade foi enviado para confrontar a rebelião pró-tulúnida de Maomé ibne Ali. O último conseguiu capturar Fostate e proclamar a restauração dos tulúnidas, enquanto o comandante abássida local, Issa de Nuxar, retirou-se para Alexandria. Maomé mostrou-se vitorioso no primeiro encontro com Amade em Alarixe em dezembro de 905, mas no fim foi derrotado e capturado em maio de 906 e levado para Bagdá.[5][6][7] Na ausência de Amade, os carmatas atacaram a Jordânia e derrotaram e mataram seu subcomandante Iúçufe, retirando-se apenas com a aproximação de reforços de Bagdá sob Huceine.[4][8]
Em 22 de outubro de 906, ele liderou o raide anual contra o Império Bizantino de Tarso ao lado do governador local, Rustã ibne Baradu. Segundo Atabari, eles derrotaram os bizantinos em "Salandu" e alcançaram tão longe quanto o rio Hális, fazendo 4 000 ou 5 000 cativos e levando muitos cavalos e gado como butim. Além disso, um dos comandantes locais relatadamente rendeu-se e converteu-se ao islamismo.[9]
Em julho de 923, Amade foi nomeado governador do Egito, mas logo enfrentou uma revolta das tropas da guarnição, que tinham sido deixadas sem pagamento, e foi substituído por Taquim, o Cazar em abril de 924.[7] Taquim morreu em março de 933, mas seu filho e sucessor designado, Maomé ibne Taquim, falhou em estabelecer sua autoridade na província. O governador de Damasco, Maomé ibne Tugueje, foi nomeado como o novo governador em agosto, mas a nomeação foi revogada um mês depois, antes que pudesse alcançar o Egito. Amade foi renomeado em seu lugar, enquanto um eunuco chamado Buxri foi enviado para substituí-lo em Damasco. Maomé resistiu sua substituição, derrotando e levando Buxri prisioneiro. O califa então ordenou que Amade forçasse Maomé a render-se, e embora o primeiro marchou contra Maomé, ambos evitaram um confronto direto. Em vez disso, ambos encontraram-se e alcançaram um acordo de apoio mútuo, confirmando o status quo.[10]
Amade logo provou-se incapaz de restaurar a ordem no Egito cada vez mais turbulento. Por 935, as tropas estavam se revoltando pela falta de pagamento, e raides beduínos haviam recomeçado. Ao mesmo tempo, Maomé ibne Taquim e o administrador fiscal Abu Becre Maomé minaram Amade e cobiçaram sua posição.[11] Lutas internas eclodiram no interior das tropas entre os orientais (Maxarica), principalmente soldados turcos, que apoiaram o ibne Taquim, e os ocidentais (Magariba), provavelmente berberes e africanos negros, que apoiaram Amade.[12] Apoiado por poderosas facções em Bagdá, o ibne Tugueje foi novamente nomeado governador do Egito. Correndo risco, ele organizou uma invasão ao país por terra e mar. Embora Amade era incapaz de atrasar o avanço do exército inimigo, a frota do último tomou Ténis e o delta do Nilo e moveu-se para a capital Fostate. Superado e vendido em batalha, Amade fugiu para os fatímidas. O vitorioso Maomé entrou em Fostate em 26 de agosto de 935.[13] Nada mais se sabe sobre Amade depois disso, exceto uma breve menção em 936.[14]
Bacharach, Jere L. (1975). «The Career of Muḥammad Ibn Ṭughj Al-Ikhshīd, a Tenth-Century Governor of Egypt». Speculum (Academia Medieval da América. 50 (4): 586–612. ISSN0038-7134. doi:10.2307/2855469
Bianquis, Thierry (1998). «Autonomous Egypt from Ibn Ṭūlūn to Kāfūr, 868–969». In: Petry, Carl F. Cambridge History of Egypt, Volume One: Islamic Egypt, 640–1517. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN0-521-47137-0
Brett, Michael (2001). The Rise of the Fatimids: The World of the Mediterranean and the Middle East in the Fourth Century of the Hijra, Tenth Century CE. The Medieval Mediterranean 30. Leida: BRILL. ISBN9004117415
Tabari (1985). Rosenthal, Franz, ed. The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVIII: The Return of the Caliphate to Baghdad: The Caliphates of al-Muʿtaḍid, al-Muktafī and al-Muqtadir, A.D. 892–915/A.H. 279–302. SUNY Series in Near Eastern Studies. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN978-0-87395-876-9