Abu Ubaide Abedalá ibne Abdalazize ibne Maomé Albacri (Abū ʿUbayd ʿAbd Allāh ibn ʿAbd al-ʿAzīz ibn Muḥammad al-Bakrī; Huelva, 1014–1094) foi um geógrafo e historiador hispano-muçulmano. Filho de um governador de província, Albacri passou sua vida no Alandalus, vivendo em Córdova, e nunca viajou para outros locais sobre os quais escreveu.
Albacri escreveu sobre a Europa, Norte da África, e península da Arábia. Suas primeiras obras foram Kitāb al-Masālik wa-al-Mamālik ("Livro de Estradas e Reis") e Mu'jam. A primeira foi escrita em 1068, baseada na literatura e relatos de mercadores e viajantes, incluindo Iúçufe Aluarraque e Abraão bem Jacó. Seus trabalhos são notáveis pela objetividade com que ele escreve. Para cada área que ele apresenta, são descritas as pessoas e seus costumes, além da geografia, o clima e as principais cidades, além de inúmeras anedotas. Infelizmente, parte de seu trabalho foi perdido. A cratera Albacri na Lua foi nomeada assim em sua homenagem.
Vida
Albacri nasceu em Huelva, filho do emir da taifade Huelva e Saltes.[1] Quando seu pai foi deposto por Almutadide mudou-se para Córdova onde estudou com o geógrafo Aludri e com o historiador ibne Haiane. Passou toda sua vida no Alandalus, sobretudo em Sevilha e Almeria. Nunca viajou para os locais que descreveu.[2]
Obra
Albacri escreveu sobre a Europa, o Norte de África, e a península Arábica. Duas de suas obras sobreviveram. O texto Mu'jam mā ista'jam contém uma lista de topônimos, principalmente na península Arábica, com uma introdução que dá informações geográficas gerais. Sua obra mais importante é Kitāb al-Masālik wa-al-Mamālik ("Livro das Estradas e dos Reinos"). Escrito em 1068, baseia-se na literatura e em relatos de mercadores e de viajantes, incluindo Maomé ibne Iúçufe Aluarraque (904-973) e Abraão ben Jacó.[2][3]
É uma das fontes mais importantes para a história do Ocidente Africano, e contém informações cruciais sobre o Império do Gana a dinastia dos Almorávidas e o comércio transaariano. Embora o material proveniente de Iúçufe Aluarraque date do século X, ele também inclui informação sobre acontecimentos mais próximos ao tempo em que escreve.[3]
Albacri menciona os primeiros centros no comércio transaariano a aderir ao Islão. No final do século XGao era um dos poucos locais ao longo do Rio Níger com habitantes nativos Muçulmanos, seguido pouco depois por outros reinos às margens do grande rio: Tacrur (Senegal); Songai (Mali); Canem (Chade); e os territórios Hauçá (Nigéria). No século XI, ele descreve em Livro das Estradas e dos Reinos como informações sobre estas e outras cidades Islâmicas florescentes chegam ao Alandalus no Sul da Espanha:
“
A capital de Gana consiste em duas cidades situadas em uma planície", "Uma dessas cidades, que é habitada por Muçulmanos, é grande e tem doze Mesquitas em uma das quais se reúnem para a oração da sexta feira. Há imames e almuadens pagos, bem como Jurisconsultos e Sábios.[4]
”
Sua obra é notável pela objetividade na apresentação. Para cada região ele descreve o povo e seus costumes, bem como a geografia, o clima e as cidades principais. Esta informação também aparece na sua geografia da península Arábica e na enciclopédia do mundo escrita por ele. Além disso ele apresenta informação anedótica sobre cada local. Infelizmente, partes da sua obra principal foram perdidas e muitas das porções que sobreviveram
nunca foram publicadas.[3]
Ver também
Dreses, geógrafo andalusino do século XII, que viveu na Sicília
Lévi-Provençal, E. (1960), «Abū ʿUbayd al-Bakrī», Encyclopaedia of Islam 2nd Ed. Vol. 1, Leiden: Brill, pp. 155–157
Levtzion, Nehemia; Hopkins, John F.P., eds. (2000), Corpus of Early Arabic Sources for West Africa, ISBN1-55876-241-8, New York, NY: Marcus Weiner Press. Publicado em 1981. As páginas 62–87 contém um extrato do "Livro das Estradas e dos Reinos" que descreve o Ocidente Africano.
Vernet, J. (1970), «Bakrī, Abū ʿUbayd ʿAbdallāh Ibn ʿAbd al-ʿAzīz Ibn Muḥammad al-», in: Gillispie, Charles C., Dictionary of Scientific Biography Vol. 1, New York: Charles Scribner's Sons, pp. 413–414